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Bala na Cesta

Jovem Augusto Lima brilha no Murcia e projeta próximos passos da carreira

Fábio Balassiano

24/10/2014 09h00

augusto1Aos 23 anos, o carioca Augusto Lima tem uma história que chama a atenção no basquete. Com passagem pelo Complexo Miécimo da Silva, em Campo Grande (Rio de Janeiro), Fluminense e Franca nas divisões de base, ele se mudou para a Europa com 18 anos ao ser contratado pelo Málaga credenciado por inúmeras passagens pelas categorias de base da seleção. Tornou-se jogador do time principal e foi alçado a condição de "joia", sendo olhado com carinho por todos os olheiros da Europa e NBA. O Draft parecia algo tão natural quanto seu talento para pegar rebotes e enterrar. Mas um problema nas costas fez com que seus planos mudassem um pouco de rumo. Em 2011, pouco depois de ter sido eleito o MVP do Camp de Treviso (Itália), o ala-pivô de 2,06m foi diagnosticado com uma lesão na coluna. O Draft dos dois últimos anos vieram, e nada. Em 2013 ele manteve-se firme até o final, só que suas posições foram caindo nas projeções até que seu nome não foi chamado em Nova Iorque.

Mas Augusto não desistiu. Mudou de clube, passou a jogar pelo Murcia e desde a temporada passada é um dos principais jogadores do time e da Liga ACB. Dono de 10,1 pontos e 7,6 rebotes em 2013/2014, ele foi um dos destaques dos vermelhos. Em 2014/2015, começou despejando 22 pontos e 7 rebotes na estreia da liga contra o forte Valencia. Neste fim de semana ele entra em quadra contra o Sevilla pela quarta rodada disposto a continuar brilhando na equipe que também conta com o brasileiro Raulzinho. Confira a entrevista exclusiva que fiz com Augusto esta semana. No papo ele fala sobre seu momento atual, NBA, seleção brasileira e Jogos Olímpicos de 2016.

augusto2BALA NA CESTA: O começo de sua temporada aí no Murcia tem chamado a atenção de todos. São duas boas atuações, e todos olhando muito para você. O que você, pessoalmente, traçou como metas pessoais na temporada 2014/2015 jogando na Liga ACB?
AUGUSTO LIMA: Bom, acho que em primeiro lugar as pessoas me olham aqui como um jogador de defesa, alguém responsável pela marcação no garrafão principalmente desde sempre. Para esta temporada tenho tentado ser mais agressivo no ataque sem perder meu lado defensivo. Tem dado certo.

BNC: Você começou a sua carreira espanhola no Málaga, mas desde que chegou ao Murcia parece ter ganho muito mais confiança. Como tem sido a sua adaptação a cidade e ao clube? É o seu melhor momento na carreira?
AUGUSTO: Minha adaptação foi maravilhosa. A cidade e as pessoas são incríveis comigo e eu só devolvo o carinho dos fãs e das pessoas que trabalham comigo. Sobre ser o meu melhor momento da carreira, não, não acho que seja. É, sim, um momento doce que tenho que aproveitar bastante! O melhor está sempre por vir.

augusto3BNC: Na temporada passada você já tinha ido muitíssimo bem jogando pelo próprio Murcia. E seu desempenho veio depois de uma frustração, podemos dizer assim, quando seu nome não foi chamado no Draft da NBA de 2013. O que aquele momento mudou na sua forma de pensar e enxergar o basquete? A NBA ainda faz parte de seus sonhos profissionais, ou você deixou um pouco de lado?
AUGUSTO: Na vida creio que temos que saber lidar com altos e baixos, essa é a realidade. Em todos os momentos você aprende um pouco, seja nos bons ou nos não tão bons. De tudo se aprende. Amo basquete, o que eu faço e vai ser sempre assim comigo. Sobre a NBA, não tem razão para esconder ou mentir. É claro que ainda faz parte dos meus sonhos e lutarei muito pra chegar lá da melhor maneira possível.

BNC: Você sempre fez parte dos sonhos dourados de 9 entre 10 franquias da NBA que o monitoravam na Europa há anos. Quanto da sua lesão nas costas influenciou para que seu nome não tivesse sido chamado pelas franquias da NBA no Draft de 2013? Como está a sua coluna agora, 100%?
AUGUSTO: Não sei te falar esse percentual. Isso não cabe a mim. Mas posso te dizer que minha coluna esta ótima, perfeita, 100% mesmo. Sinto-me muito bem fisicamente. Tanto é assim que joguei a temporada passada inteira sem problema físico algum.

dupla1BNC: Pra fechar o assunto NBA. Seu novo companheiro no Murcia, Raulzinho, vive uma situação diferente da sua, mas ao mesmo tempo parecida. Ele foi escolhido pelo Utah Jazz, mas até agora não foi chamado para jogar lá. Como tem sido os primeiros dias com ele por aí? Vocês chegam a conversar sobre as trajetórias e os próximos passos de vocês?
AUGUSTO: Raulzinho é como um irmão pra mim, cara, mas a respeito da NBA a gente não fala muito para ser bem honesto com você. Temos que estar centrados na Liga ACB e em como ajudar o Murcia a ir bem na competição, que é muito disputada. Temos que focar em nosso clube sem preocupações ou distrações externas.

BNC: Você foi um dos reboteiros da edição passada da Liga ACB, mas acabou não tendo muito espaço na seleção que foi ao Sul-Americano e tampouco foi chamado para a que treinou para o Mundial da Espanha. Foi difícil para você, depois de ter feito a temporada que fez, ver uma oportunidade como a de jogar uma Copa do Mundo passar sem ao menos ter tido a chance de mostrar realmente o que você poderia fazer com a camisa da seleção?
AUGUSTO: Para todos os atletas é um orgulho muito grande vestir a camisa de sua seleção. Amo meu país e farei o que estiver ao meu alcance para ajudar a seleção brasileira de basquete em qualquer competição. Sobre o Sul-Americano e o Mundial, talvez não tenha sido a hora. Quem escolhe o elenco é o técnico e os 12 que foram ao Mundial da Espanha são realmente craques em suas equipes e mereceram estar lá. Não há mágoa em relação a isso.

guto1BNC: Você é carioca, e a próxima Olimpíada será praticamente no quintal de sua casa, no Rio de Janeiro. Jogar os próximos Jogos Olímpicos é a principal meta profissional que você se colocou para os próximos anos?
AUGUSTO: É uma das principais metas, sim, sem dúvida alguma. Jogar as Olimpíadas no Rio de Janeiro seria a melhor coisa e é uma meta que tenho. Mas está um pouco longe ainda. Há etapas importantes que eu preciso cumprir antes de 2016, e isso está muito claro para mim. Mas, claro, meu sonho é jogar em 2016 e espero estar representando meu país.

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