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Bala na Cesta

Sobre o fim das atividades do time feminino de Ourinhos

Fábio Balassiano

11/07/2014 01h40

ourinho1Acabou que não comentei por aqui, mas creio que mereça algumas linhas a respeito do tema. No começo de junho Ourinhos, pentacampeão brasileiro (2004 a 2008), anunciou o fim das atividades do seu basquete feminino. Poucos dias antes, Seu Chico, antigo patrono da equipe, falecera.

E dissociar os dois fatos é impossível e fala muito sobre a gestão (ou falta dela) que existe não só na Confederação, mas nos times de basquete do país também.

Ourinhos viveu seu auge no começo do século com um investimento pesado, fortíssimo, forjado na tríade patrocínio municipal, mecenato (Seu Chico) e empresas privadas. O problema todo, quando pensamos na sustentabilidade de qualquer negócio, é que a parte "privada" da coisa era a menor de todas. E isso também fala muito sobre a passividade, ou permissividade, da gestão da equipe neste tempo.

antonio1Ourinhos, infelizmente, não se preparou para viver sem a grana (que não era pouca) de Seu Chico. Não fez um planejamento de longo prazo para um projeto de basquete que tinha no adulto o seu principal chamariz. Não investiu na base, não conseguiu colher o que obviamente não havia plantado. O presidente Antonio Passos (foto à direita) confirmou isso em todas as recentes entrevistas, o que é uma pena.

Quais foram as grandes atletas que surgiram nas categorias da cidade nos últimos anos? Vai ser difícil achar algum nome. E as contratações de peso? Por aqui é fácil encontrar as atletas. Que tipo de ações foram pensadas para o caso de o investidor maior (o mecenas Seu Chico, tão doce quanto apaixonado por basquete) sair da modalidade? Como o time reagiria sem ele, algo que mais dia, menos dia, iria acontecer?

ourinhos2A culpa, evidentemente, é de quem apitou na diretoria do clube por todo esse tempo, mas é importante abrir um pouco o olhar, pois este tipo de estratagema (de se pensar no presente, se refestelando na grana que há, e esquecer do futuro é conhecidíssimo no esporte brasileiro) é muito comum por aqui.

O basquete feminino brasileiro, tão carente, cada vez com menos times disputando suas competições, perde um de seus protagonistas neste começo de século. Se não houver mudança imediata, será triste ver a próxima Liga de Basquete (LBF) sem Ourinhos, clube tão vencedor quanto tradicional. Tão vencedor, tradicional e que não se preparou como deveria para um período de vacas magras que viria com a saída de cena de Seu Chico. É uma pena.

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