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Bala na Cesta

Em entrevistas, Rubén Magnano reclama dos clubes e faz alerta sobre situação do basquete

Fábio Balassiano

19/09/2012 15h15

E Rubén Magnano falou pela primeira vez depois da Olimpíada de Londres. Ele concedeu entrevista ao Sportv e ao jornal O Globo na sede da Confederação Brasileira de Basketball na tarde desta terça-feira e abordou pontos importantes. Deixo aqui e aqui os links, e coloco algumas questões para debate.

1) Rubén Magnano é cirúrgico quando fala que o projeto para o basquete brasileiro precisa ser mais amplo do que "apenas pensar em 2016". Concordo, é por aí mesmo, mas fica uma questão: será que Magnano tem noção que quem deveria planejar algo em relação a isso é a Confederação Brasileira da qual ele é funcionário? Apontar o dedo é importantíssimo, mas o argentino é um dos agentes de mudança que poderiam transformar a modalidade. Se ele acredita no que a entidade propõe para o basquete (eu não confio), que arregace as mangas com ela para mudar a situação. Só lembrando: é a empregadora de Magnano a maior responsável pela derrocada do basquete nos últimos 15, 20 anos.

2) Ao Sportv, confesso não entender o que Magnano diz ("Um atleta tem dez meses no clube e dois meses na seleção. É uma equação que não é muito boa para uma seleção. Ele pertence durante os próximos 10 meses aos clubes, então é muito difícil, o calendário não nos permite fazer muita coisa", afirmou). Ora bolas, o que Magnano quer? Ficar com os atletas por seis, sete meses? Como sempre digo, ninguém ousa discutir a competência de Magnano como treinador de basquete (parece um preambulo obrigatório quando se ousa criticá-lo), mas sua conclusão ao Sportv foi muito, muito ruim. Assim como disse aqui em relação ao basquete feminino, os clubes que ainda revelam talentos no masculino (Franca, Flamengo, Palmeiras, Paulistano, Pinheiros, Minas, Joinville etc.) são muito mais vítimas de uma estrutura horrorosa do que ofensores, como o argentino apregoa em sua entrevista.

3) Só pra refrescar a memória de Magano. Há um ano os clubes masculinos e femininos ficaram sem atletas por quase seis meses, sem reclamar de alguma coisa da CBB. Foi a tal seleção permanente, que, como sempre digo, é uma medida emergencial, e não algo que deva ser frequente, comum. Oriundo de um clube fortíssimo na Argentina, o Atenas, de Córdoba, me estranha ler que agora Magnano tenha se esquecido do outro lado da moeda.

Acho que Rubén Magnano acerta em cheio ao dizer a difusão do basquete no país é pífia (culpa, claro, de um trabalho horrível da Confederação Brasileira), mas se equivoca absurdamente ao falar que os clubes dificultam na liberação dos atletas e no desenvolvimento da modalidade no país. Sinceramente, beira o ridículo quando ele afirma que fica pouco tempo com os atletas na seleção (ora bolas, os formadores são os clubes, não?)

A responsabilidade pelo crescimento do basquete é, ou deveria ser, da Confederação Brasileira, que deveria colocar o esporte na escola e/ou fomentar federações e clubes para que o número de praticantes aumentasse no Brasil. Para isso, porém, é preciso trabalhar, planejar, se organizar, algo que não costuma aparecer no dicionário da CBB nos últimos anos. A lógica de Magnano está invertida, muito invertida, e custo a crer que ninguém, seja de imprensa ou de clubes, se resolve quanto a isso.

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