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Bala na Cesta

Filho do presidente assume coordenação de mini-basquete da Confederação Brasileira

Fábio Balassiano

24/07/2012 00h20

Como faço todos os anos, entrei no site do Encontro Sul-Americano que acontece em Novo Hamburgo para ler notícias sobre importante evento de base do país. Mas confesso que me espantei quando vi a foto que ilustra este post no site oficial.

Fui averiguar na legenda da foto, e o rapaz de blusa preta e óculos escuros chama-se Marcelo Nunes, sendo descrito como "coordenador do Departamento de Mini-basquete da CBB" aqui. Hummm…

Aí, bem, eu fui correr atrás de algumas informações. Descobri, através do site da CBB, que o "Mini Basquete é um jogo para crianças. É essencialmente uma modificação do jogo adulto, adaptado às necessidades das crianças. A filosofia é simples: Agradar as crianças através da adaptação ao jogo com bola pequena, tabela baixa e regras". Há, vejam só, a Semana do Mini-Basquete inclusive, descrita como "um evento que deve ser oferecido anualmente por cada Federação durante a segunda semana de outubro de cada ano".

A partir disso fui ao Google procurar algumas informações. Marcelo (Enderle) Nunes é FILHO do presidente da Confederação Brasileira de Basketball, e está exercendo um cargo (não sei se remunerado, mas tudo indica que sim) importante na entidade máxima (em uma reportagem do site da CBB ele aparece entregando o troféu do Torneio de Basquete 3×3 realizado em Pelotas, Rio Grande do Sul  – aqui o link da notícia). ATUALIZAÇÃO DO POST ÀS 09:41: Carlos Alex Soares, organizador do Basquete 3×3 no RS, pediu que a imagem que ilustrava este parágrafo fosse retirada.

Vale lembrar que este tipo de atividade é a iniciação de crianças no basquete, e é através dela que a Espanha faz com que os jovens aprendam a gostar da modalidade desde cedo. Através deste escondido link é possível, também, encontrar mais informações sobre como a entidade máxima enxerga o Mini-Basquete.

Com algumas dúvidas importantes, enviei o email abaixo para a Confederação Brasileira de Basketball na tarde de ontem:

1) Desde quando existe uma coordenação de mini-basquete dentro do organograma da CBB? Desde que o presidente Carlos Nunes assumiu?
2) Quem é o responsável pelo Mini-basquete na CBB? Qual a sua formação?
3) Qual foi o investimento que a Confederação Brasileira destinou ao mini-basquete em 2011?
4) Qual é o parentesco do Marcelo Nunes com o presidente atual da entidade, Carlos Nunes? Caso seja parente, como a entidade lida com o possível nepotismo?
5) O responsável pelo mini-basquete consta da folha salarial da entidade?

A resposta da entidade máxima foi a seguinte: "Não há o que explicar. As informações estão disponíveis em nosso site". Educadamente insisti, esperando alguma resposta decente que não encontro no site, mas a Confederação Brasileira não quis se alongar muito em dois temas bastante interessantes: iniciação esportiva e emprego de parentes do dirigente máximo do basquete brasileiro.

É uma pena, não? O que deveria ser o começo de uma (r)evolução da modalidade, com a criação de centros de mini-basquete para formar crianças e jovens amantes do basquete desde cedo tornou-se, infelizmente, o que há de pior em entidades esportivas – o emprego de parentes de dirigentes, algo tão nefasto quanto comum.

Chegamos ao fim do mundo, meus amigos. Nepotismo na Confederação Brasileira de Basketball é demais pra mim. E Carlos Nunes ainda falava em transparência quando assumiu o cargo máximo do basquete deste país, hein.

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