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Bala na Cesta

Com interferência da arbitragem, Fla vence Bauru e faz 2-1 na final do NBB

Fábio Balassiano

28/05/2016 20h01

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fla5O relógio marcava 09:11 por jogar no quarto período da terceira partida da decisão do NBB quando JP Batista acertou um lance-livre e deixou a vantagem do Flamengo em 18 pontos (75-57). Ali Bauru parecia nas cordas. Alex estava com quatro faltas (e no banco), Paulinho, cestinha do jogo 2, zerava em pontos, a defesa não segurava os ataques rubro-negros, o setor ofensivo do clube da Gávea estava brilhante e a torcida que mais uma vez encheu a Arena Carioca 2 (7.700 pessoas) estava empolgada.

fla8Só que no minuto seguinte Demétrius, técnico bauruense, tentou sua cartada final. Voltou com Alex, e o Brabo colocou o jogo em seu bolso (ou quase isso). Fez 12 pontos praticamente seguidos, comandou as ações de Bauru e viu o seu time deixar a vantagem rubro-negra, que fora de 18 pontos oito minutos antes, em apenas um quando restavam 54 segundos. Ali a história do jogo, vencido ao final pelo Flamengo por 89-84 (tem agora 2-1 e pode ser campeão no próximo sábado), passou a ser escrita pela arbitragem (infelizmente). Vamos lá:

hetts1) O trio Marcos Benito , Jacob Barreto e Diego Chiconato não estava tendo uma atuação ruim, embora houve uma série de marcações duvidosas antes do minuto final. Nenhuma que teria gerado reclamação forte, pesada e que fosse lembrada como grandíssima, decisiva. O lance capital mesmo aconteceu quando, a 37 segundos do fim, Rafael Hettsheimeir desceu com a bola após erro de arremesso de Ronald Ramon. Era um rebote claro, com domínio completo da bola por parte de Hetts. Rafael Luz, do Flamengo, encostou na pelota quando ela (a pelota) estava nas mãos do camisa 30 bauruense e a arbitragem (Chiconato) vergonhosamente marcou bola presa (aqui você pode ver o lance). O placar marcava 85-84 para o Flamengo, e Bauru seguiria para o ataque que poderia ser o da virada. Na boa, nem a família do Rafael Luz marcaria isso no lance. O susto foi tão grande que muita gente na área de imprensa pensou que a arbitragem marcara falta de Luz em Hettsheimeir. Não foi isso.

fla62) O que aconteceu? A seta de posse de bola avisava que a pelota seria do Flamengo, que teve novo ataque. Na jogada seguinte, falta marcada de Alex Garcia em Rafael Luz (lance pode ser visto aqui a partir de 20:30). Vi e revi o lance. Eu não culpo a arbitragem aqui. Não marcaria a falta por acreditar ser um lance de contato normal em se tratando de uma partida de basquete (ainda mais envolvendo um animal físico como Alex, que vinha correndo). Este esporte que tanto gostamos é, obviamente, um jogo físico, pesado, que quase sempre vê dois corpos se chocando. É, pra mim, uma das graças da modalidade. Mas Alex ali foi excluído com cinco faltas, Rafael Luz cobrou lances-livres e o rubro-negro levou a peleja.

fla13) Por incrível que pareça, não vale nem a pena discutir a quinta falta de Alex. Alguns dirão que foi. Outros, que não foi. Vai ficar nesta discussão eterna, chata, subjetiva até. O básico é: o lance só ocorreu porque a posse da bola voltou para o Flamengo de maneira inacreditável. Isso não deveria ter acontecido JAMAIS. A infração contra o camisa 10 bauruense, portanto, foi apitada em um lance subsequente à bola presa. Se a arbitragem tivesse acertado ANTES, a exclusão DEPOIS não teria acontecido (não daquela maneira). Um erro  grosseiro acabou gerando uma situação que no mundo ideal não teria ocorrido.

fla44) Do meu canto, relato a tristeza. A tristeza mesmo. Não pela derrota de Bauru ou pela vitória do Flamengo, que não tem nada a ver com os erros da arbitragem. Isso para mim não muda absolutamente NADA. Não torço pra nenhum time e quero sinceramente ver jogos bacanas, que o esporte cresça. O que chateia, chateia mesmo, é ver um jogo muito bom de basquete, como o deste sábado cheio de reviravoltas em si mesmo, se decidindo por três rapazes que não são jogadores. Este problema de arbitragem vem de tempos, é crônico e, embora saiba que a Liga Nacional de Basquete esteja tentando solucionar, acaba colocando o produto NBB em um patamar menor do que poderia ser – menor mesmo. É preciso agir em relação a este problema – e agir de forma racional, porém certeira e rápida. O que aconteceu neste sábado no Rio de Janeiro tem nome, sobrenome e negar isso é negar a realidade. O que aconteceu foi uma clara e absurda interferência da arbitragem nos destinos da peleja. Simples assim. E ponto.

fla75) Ninguém está dizendo, aqui, que Bauru ganharia o jogo. No ataque de um eventual 84-85 poderia ter acontecido de tudo, mas a decisão seria totalmente dos atletas. É pra isso que eles estão ali – para serem heróis, vilões, protagonistas ou antagonistas. São eles (os jogadores) que devem ser notados, e não os rapazes do apito. O que a arbitragem fez neste sábado foi exatamente isso – decidiu um jogo de final do NBB no lugar dos 10 jogadores que estava em quadra. Bauru ainda teve uma bola pra empatar, mas ali os nervos estavam totalmente fora do controle (natural para uma agremiação que acabara de sofrer o que sofrera). Foi compreensível, também pelo que acabara de ocorrer, que os bauruenses tenham optado por não falar com a imprensa nas entrevistas pós-jogo. Um princípio de confusão logo que zerou o cronômetro também rolou na quadra entre atletas, comissões e dirigentes, mas nada de fora do comum.

jerome16) Dúvida cruel: por que diabos Cristiano Maranho , Marcos Antonio De Matos Ferreira e Fabiano Huber, que foram tão bem na quinta-feira no Jogo 2, não apitaram de novo neste sábado? Sei que é procedimento da Liga Nacional de Basquete não repetir árbitros em jogos seguidos, mas se os caras são os melhores (ou pelo menos mais habilitados do que os três de hoje à tarde), qual o problema de repetir as suas escalações? Sinceramente creio que quem deva apita é o melhor árbitro possível.

jogo17) Gostaria de falar mais de basquete, mais do jogo, mais de como a reação de Bauru foi espetacular, mais de como o Flamengo foi incrível nos três primeiros períodos, mas isso é impossível (e lamento do fundo do coração que não consiga dizer mais coisas legais sobre uma partida tão bem disputada e com enredos tão sensacionais). Mais uma vez, no entanto, no jogo de tabuleiro que é tentar transformar o basquete em um produto melhor a Liga Nacional de Basquete vê o NBB andar algumas casinhas para trás.

nbb18) Este, na verdade, deveria ser momento de usar apenas as escadas e subir degraus, crescer, desenvolver, falar de coisas positivas (e há aos montes). Só que não dá. Em que pese este ser um playoff bem bom, com casas cheias e ginásios lotados, um erro clamoroso da arbitragem decidiu um jogo de final e sabe lá se não decidiu também um campeonato, uma temporada, o destino de um time. Há uma mancha na decisão de 2016 do principal torneio de basquete deste país e nada que acontecer daqui pra frente mudará isso. Triste, mas real.

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