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Bala na Cesta

Euroliga: uma liga de times, por Rodrigo Salomão

Fábio Balassiano

16/11/2019 06h39

* Por Rodrigo Salomão, direto de Tel-Aviv

Estamos de volta para falar da competição mais importante do basquete europeu. Algumas mudanças importantes na tabela aconteceram, mas o andamento da competição só reforça ainda mais a ideia do artigo de hoje. Embora pareça redundante e até óbvio num primeiro olhar, a Euroliga definitivamente é uma liga de times.

Quando falamos de "times", estamos trazendo o conceito mais restrito da palavra, do coletivo. O público brasileiro está acostumado à NBA das grandes estrelas e, muitas das vezes, das atuações individuais em noites de gala. Na Europa, é bem diferente. Com passagens pelas duas competições, o ala Dorell Wright – hoje no basquete bósnio – recentemente falou sobre o assunto e apontou as diferenças:

"A Euroliga é ótima porque é mais orientada para a equipe. Quase nunca haverá um jogador com mais de 20 pontos todo jogo. São sempre alguns caras com 8 a 12 pontos. Isso é impressionante. A média de 12 a 14 pontos na Europa é como a média de 22 na NBA. Muitas pessoas não entendem que quando os prospectos da Europa são draftados na NBA e eles têm apenas 6 pontos por jogo. Mas é tão difícil pontuar na Europa! É diferente. Você tem que triturar na Europa para chegar à cesta, enquanto a NBA é mais showtime. A atmosfera nas quadras europeias é algo louco", resumiu o veterano de mais de 500 partidas de NBA no currículo.

E nenhuma equipe, neste momento, vem representado melhor este conceito que o novo líder, o Maccabi Tel Aviv. Sim, justamente o clube que acompanhamos bem de pertinho em Israel é a grande sensação da temporada até aqui. Foram 6 vitórias consecutivas, todas com dois dígitos de diferença, incluindo aí a mais recente na última quinta-feira, 113-83 sobre o Baskonia na Espanha. Mas quem é a estrela? Apesar do retorno do ídolo Omri Casspi, o fato é que o grande diferencial até agora é o grupo. Além, é claro, do grande trabalho do técnico Ioannis Sfairopoulos.

No último duelo em casa, diante do Alba Berlin, estivemos pessoalmente na Arena e vimos de perto o maior dos exemplos de como um time em sintonia é o principal fator para se alcançar triunfos no basquetebol europeu. Todos os jogadores atuaram e nada menos que cinco nomes anotaram dois dígitos de pontos para os amarelos, a maioria de John Dibartolomeo, que veio do banco e tem ganhado cada vez mais minutos em quadra. O camisa 12 terminou com 19 pontos em 18 minutos e foi eleito o MVP do duelo. Em outras ocasiões, vários outros atletas também tiveram seus destaques e suas contribuições. A rotação não faz com que o ritmo caia. Muito pelo contrário. E isso é uma chave muito importante para o sucesso na Euroliga:

"Eu acho que, além estarmos muito bem na defesa, também conseguimos implantar um jogo ofensivo. Isso acontece porque todos os jogadores estão participando, produzindo tanto defensiva quanto ofensivamente. Hoje contra o Alba foi uma partida em que os 12 atletas jogaram e se mostraram prontos para atuar no ataque e na defesa", analisou o técnico grego.

Mesmo com toda rigidez defensiva do estilo europeu, depois de 8 rodadas, o Maccabi já conseguiu chegar a 99 pontos no saldo de cestas. O melhor da competição e com certeza o sinal mais evidente de que desta vez o time vem forte, com o grupo todo preparado para brigar pelo título que não vem desde 2014.

Curtinhas da Euroliga:

  • Por falar em título, a atenção para o Final Four já está à toda. A reta final do torneio acontecerá em Colônia, na Alemanha, com jogos entre os dias 22 e 24 de maio de 2020. Os ingressos começaram a ser comercializados já nesta semana. A quem interessar possa, é só conferir neste link aqui;
  • O jornal francês "L'Equipe" apresentou uma lista classificando o orçamento dos 18 clubes da competição, enumerando do mais alto ao mais baixo. Apesar de não ser oficial, é possível notar algumas situações evidentes, como o investimento pesado do Barcelona para a temporada (41 milhões de euros, o maior) e a disparidade com os sérvios do Estrela Vermelha (8,3 milhões de euros, o menor). Tão falado em termos de elenco neste artigo, o Maccabi está apenas na 9ª colocação desta estatística. A lista completa pode ser conferida neste link;
  • Ainda na França, chegou a hora de falar de Tony Parker. Nem todo mundo sabe, mas o homenageado da semana pelo San Antonio Spurs é dono do LDLC ASVEL Villeurbanne, equipe que retornou à liga depois de quase 10 anos. Fez história no Texas e agora volta para, fora das quadras, fazer história em seu país;
  • A oitava rodada do torneio trouxe também um dos duelos mais aguardados da temporada: "el Clásico". Se no futebol a bola ainda não rolou, no basquete foi diferente. O Real Madrid superou a bela partida de Mirotic (19 pontos) e, apostando no coletivo, venceu em casa o Barcelona por 86 a 76. Destaques para Anthony Randolph, com 16 pontos, além da dupla argentina Facundo Campazzo e Gabriel Deck, com 13 pontos cada. Agora os madrilenhos têm 5 vitórias, enquanto os catalães permanecem com 6;
  • Ainda sobre o dérbi na Espanha, uma polêmica tomou conta da partida antes mesmo de começar. O médico do Real, Miguel Ángel López Andrades, foi flagrado chamando o Barcelona de "maior bando de ratos da Euroliga" na transmissão pré-jogo realizado pela TV do próprio clube. Pegou muito mal. Tanto que depois o profissional veio se retratar pelo Twitter

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