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Bala na Cesta

Estreante faminto: Unifacisa, de Campina Grande, é a maior surpresa do NBB até agora

Fábio Balassiano

06/11/2019 04h38

Quem olha a tabela de classificação do NBB encontra Franca na liderança invicta do campeonato com 5-0 e Mogi logo atrás com 4 vitórias no mesmo número de partidas. São times tradicionais, orçamentos grandes e técnicos (Helinho e Guerrinha) conhecidos do grande público. A surpresa da temporada até agora está logo abaixo.

Trata-se da Unifacisa, time de Campina Grande (PB), que venceu quatro de seus cinco duelos (o último na segunda-feira contra o forte Botafogo por 72-64), e que hoje enfrenta, também em casa, o atual campeão Flamengo (19h pelo serviço de streaming DAZN).

Enchendo seu ginásio nas três partidas que fez até agora (a capacidade é de 1.300 pessoas e a média de público, de 1.053, ou seja, 88% de taxa de ocupação, o segundo melhor índice do campeonato) e solidificando um modelo que é pouco explorado por aqui (o faculdade-esporte, algo comum nos Estados Unidos), a Unifacisa começou no basquete em 2012, venceu a Liga Ouro, divisão de acesso ao NBB, na temporada passada e tem conseguido, além dos resultados esportivos, movimentar o cenário esportivo de uma cidade de quase 400 mil habitantes que, apesar dos tradicionais Treze e Campinense no futebol, nunca havia visto uma equipe profissional disputar a elite do esporte brasileiro.

Se dentro de quadra se destacam individualmente no bem armado time do técnico Filé o americano Malcolm Miller, que estreou na segunda-feira com 18 pontos, Nathan Barnes (16 pontos e 4 assistências de média) e os jovens brasileiros Antonio (11,8 pontos e 4,2 rebotes), Gemadinha (10,8 pontos) e o gigante João Vítor (10,4 pontos e 6,8 rebotes), no coletivo a equipe é a que menos permite cestas de três pontos dos rivais (28%) e fora das quatro linhas vale a pena ficar ligado na estrutura que a Unifacisa tem colocado à disposição do basquete brasileiro nesta temporada.

As camisas do time na temporada passada já se esgotaram (as novas começam a ser vendidas hoje ao custo de R$ 110,00), o ginásio está sempre lotado porque, além do jogo, a equipe oferece um serviço de entretenimento que vai de show com luzes, dançarinas na quadra e sorteios de brindes, a opções de alimentação e lazer pra quem vai assistir às partidas. Além disso, anexo ao ginásio há uma espécie de QG onde os jogadores têm um espaço para academia, fisioterapia, nutrição e psicologia, algo bem raro por aqui quando falamos de estrutura.

Está aí a grande surpresa do NBB até o momento. Ninguém sabe onde exatamente a Unifacisa irá chegar (cinco dos primeiros sete jogos serão em casa, onde o time é fortíssimo), mas é bacana ver um time fora do eixo Rio-SP, onde o basquete sempre foi mais popular, fazendo um sucesso danado no campeonato investindo não só na quadra, mas fora dela e aliando o lado esportivo ao tão sonhado marketing / comunicação.

Que mais projetos unindo educação, comunicação e esporte saiam do papel.

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