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Bala na Cesta

Agora no Minas, Leandrinho avalia momento do time e projeta Warriors campeão da NBA: "Difícil parar"

Fábio Balassiano

07/02/2019 05h37

Divulgação / Vasco da Gama

Quando restavam três minutos pra acabar o jogo contra o Vasco em São Januário na segunda-feira o Minas ganhava de 11 pontos. Gegê, o armador do time, cometeu uma falta, mas reclamou acintosamente com a arbitragem. Jogador mais experiente da equipe, Leandrinho retirou seu companheiro de perto dos juízes e disse a ele: "Foi falta. Relaxa e respira, você é o armador do time e precisa manter a calma". Foi uma ótima fala da contratação mais impactante do NBB para esta temporada.

Quase um mês depois de sua última atuação, Leandrinho, recuperado de uma virose, anotou 21 pontos em 22 minutos e mostrou como pode ser absurdamente útil não só a este Minas que briga para chegar a campanha positiva no NBB (tem 9-11), mas também a seleção brasileira. Eu conversei com o ala-armador de 36 anos ao final da partida.

BALA NA CESTA: Como você se sentiu nessa volta às quadras?
LEANDRINHO: Me senti bem, confortável. Peguei uma virose muito forte, fui pro hospital e tudo. Estava muito cansado no jogo, senti um pouco do ritmo, mas pude contribuir nos minutos em que estive em quadra. O importante pra gente foi que todos jogaram bem e consegui a primeira vitória atuando com meus companheiros.

Divulgação / Minas

BNC: O que esperar do Minas daqui pro final do campeonato?
LEANDRINHO: Acho que o lance pra gente é que todos estão interagindo mais, conversando, trocando ideia, ouvindo mais um ao outro. Isso faz diferença e nos coloca em posição de, como time, crescer, evoluir. Estou me acostumando ao grupo e o grupo se acostumando comigo. Assim todos ficarão na mesma página. O Espiga, o técnico, está fazendo um grande trabalho com a comissão, o clube tem uma estrutura fantástica e queremos estar bem para os playoffs, onde o bicho pega, né?

BNC: E sobre o Jogo das Estrelas, o que você espera da recepção da torcida de Franca? Você jogou lá a temporada passada…
LEANDRINHO: Não espero nada. Vou lá jogar, brincar com meus amigos e é isso. Vou lá pra festa me divertir, zoar e pronto. Nada mais que isso.

BNC: E como foi a experiência de, como um dos capitães do NBB Brasil, ser general-manager por um dia e selecionar os companheiros de time junto com Alex Garcia e Anderson Varejão?
LEANDRINHO: Foi muito vai e volta. Não foi difícil porque a gente se conhece bem e sabe quem a gente quer do nosso lado. Foi legal. Criamos um grupo entre nós, falávamos, havia um debate e seguíamos. Gostei da experiência. Fui GM por um dia, já está ótimo.

Divulgação / Minas

BNC: Mudando um pouco de assunto e falando um pouco de NBA. Tem acompanhado lá seu Golden State Warriors? Ligaram o turbo e agora ninguém segura?
LEANDRINHO: Ah, cara, agora acho que o negócio engrenou ali, viu. Falei muito com o Steve Kerr, o treinador, recentemente. Ele estava meio chateado pelas coisas que aconteceram principalmente entre Kevin Durant e Draymond Green, mas seguiram e agora é o momento que a galera gosta. Perto do All-Star Game todo jogador se concentra mais, se alimenta melhor, dorme melhor até, deixa algumas coisas pra trás porque sabe que a pós-temporada está chegando. Pode ter certeza que se a briga entre os dois fosse agora em fevereiro o Warriors não ganharia o título porque estaria na bica do playoff. Como foi no começo da temporada houve tempo pra se acertar. O DeMarcus Cousins chegou, entrou, só agregou ao time e acredito que o Golden State é mais uma vez favorito ao título da NBA.

BNC: Olhando assim de fora, o Draymond Green é a alma do time, o líder emocional como os americanos chamam…
LEANDRINHO: Sempre foi, Bala, sempre foi.

BNC: Te surpreendeu a briga com o Durant ou ele sempre foi assim?
LEANDRINHO: Não surpreendeu não, hein, cara. Vocês, jornalistas, acabam sabendo de 20, 30% das coisas que acontecem no vestiário. É que dessa vez a briga foi na quadra e continuou na porta fechada. Mas ali dentro do vestiário o caldo já tinha entornado por conta de uma decisão que o Draymond tomou. Não me surpreende porque eu sei como é o Draymond. O jeito dele de jogar, de treinar, de falar, de agir e de às vezes passar um pouco do ponto. Pra quem está de fora causa um pouco de estranheza mesmo e por isso acha que é algo pessoal. Fico feliz que as coisas se resolveram pelo bem do time.

BNC: Já aconteceu com você?
LEANDRINHO: (Risos) Várias vezes e duas em um tom bem acima. Eu cheguei lá e era o veterano então ele precisava me respeitar. Aos poucos ele foi ganhando o meu respeito e hoje nós dois nos damos muito bem. Eu ia pra cima do cara em alguns momentos porque o Green não é fácil, não. Se na quadra ele é daquele jeito, vocês devem imaginar como ele é no Centro de Treinamento, onde tudo é fechado, ninguém entra, estão só os jogadores e os técnicos. Mas ele é uma boa pessoal, uma alma boa e um grande jogador. Quando aconteceu a briga eu lembro que mandei mensagens para ele e para o Kerr tentando apoiá-los, incentivando-os a superar o problema pelo bem maior que é conseguir um tricampeonato da NBA. Que bom que aparentemente deu certo.

BNC: Quando é o momento que o jogador, no momento de uma discussão mais acalorada, passa do ponto? O Durant meio que ficou puto da vida com o Green quando ele disse que o Warriors não precisava dele porque tinha sido campeão antes da chegada dele, Durant. Qual é o limite?
LEANDRINHO: Bala, tudo pode ser dito, mas tem momentos, momentos, formas e formas. No calor do jogo você ouvir isso eu me assusto que o Durant não foi pra cima do cara. Realmente é difícil, mas que bom que se acertaram. Acho que desde que havia chegado ao Warriors o Kevin Durant não tinha visto o Green naquele nível alucinado de irritação. Aprendi muito com outro Steve, o Nash, a como falar, o momento de falar, a forma de abordar e também ter humildade pra escutar. O Nash nunca dava bronca no vestiário, no pós-jogo, naquele momento onde os ânimos estavam exaltados. Tinha vezes que ele ligava pra gente na madrugada ou esperava o treino do dia seguinte. É algo que levo pra minha vida e tento fazer igual no Minas e nos clubes pelo qual passei como veterano.

Divulgação / Minas

BNC: Por fim: você pensa em voltar à NBA? Ou seu ciclo por lá se
LEANDRINHO: Sonhar a gente sempre sonha. Eu mantenho contato com os caras o tempo todo, mas nada concreto e meu foco é o Minas. O Steve (Kerr) manda mensagem direto pra mim, mas se acontecer a gente senta, para e pensa. Minha cabeça e meu coração estão no Minas. O ambiente é ótimo, leve, agradável e quero fazer um bom playoff com meus companheiros.

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