No mundo FIBA, o novo Interclubes é o faz de conta sem critério algum
Anunciei no Twitter no começo da tarde de ontem que a Federação Internacional iria formalizar o relançamento da sua Copa Intercontinental. E assim foi feito. Menos de uma hora depois, NBA Brasil, Liga Nacional e a FIBA enviaram suas notas à imprensa explicando o formato do torneio que acontecerá entre os dias 15 e 17 de fevereiro na Arena Carioca I no Rio de Janeiro.
Serão 4 times, que fazem as seguintes semifinais no dia 15/02 (sexta-feira): Flamengo x Austin Toros (campeão da G-League) e San Lorenzo (campeão Liga das Américas) x AEK (Campeão Champions League da Europa). No domingo, vencedores fazem a final (17/02) e perdedores disputam o terceiro posto.
Antes de entrar com a crítica, quero dizer que todo e qualquer campeonato pra estimular intercâmbio, gerar mais partidas internacionais e aumentar visibilidade da modalidade é bem-vindo. Se for por isso, que seja eterna a ideia da FIBA de fomentar o esporte através de diferentes campeonatos (inclusive no feminino sempre esquecido por ela, aliás…). Respeito muito presidente Horacio Muratore, com quem converso e tenho ótimo relacionamento, mas de verdade este é o único lado bom. Agora virão as pedradas. Vamos lá:
Em primeiro lugar, como diabos que se faz um campeonato assim no meio da temporada? Estaremos a menos de um mês do início do playoff do NBB, no meio da Liga das Américas (edição 2019 que começa hoje, inclusive, com o Paulistano começando a representar o Brasil em São Paulo), campeonato argentino, grego, G-League e o diabo sendo jogados. De onde vem essa sanha da FIBA em querer bagunçar o calendário assim? O Flamengo, por exemplo, tinha jogo contra Bauru no dia 16 no Rio de Janeiro. Jogo da Band inclusive. Como fica isso? Não seria melhor organizar direitinho, verificar datas e colocar isso no calendário antes da temporada que vem? Quer mais? Então tem mais. O dia 17/02 é a final ran Taça Guanabara de futebol, onde o Flamengo tem tudo pra estar. Mais? Temos. Mesmo final de semana do Jogo das Estrelas da NBA e um fim de semana depois do Jogo da Estrelas do NBB. Tá fácil, né?
Além do calendário, há a questão semântica e a vontade eterna de confundir os amantes do basquete. O campeonato é Intercontinental mesmo. Isso está óbvio, já que jogam países de… diferentes continentes. Mas atribuir à competição o mesmo peso, por exemplo, do título conquistado pelo Flamengo contra o Maccabi Tel-Aviv cinco anos atrás (28/09/2014) é algo que eu não compro, não. A Champions League da Europa é um torneio de terceiro ou quarto nível no Velho Mundo e tenho certeza absoluta que a Federação Internacional tentará colocar goela abaixo a alcunha de "melhor time do mundo FIBA" em quem vencer o campeonato no Rio de Janeiro.
Eu, desculpem o sincericídio, não compro esse discurso. Em uma escala de importância, o título conquistado pelo rubro-negro do técnico José Neto, Laprovittola, Benite, Marquinhos, Olivinha, Hermann, entre outros, tem valor GIGANTESCO pra mim e pra quem entende e gosta de basquete porque foi conquistado contra o melhor time do planeta (com exceção da NBA). O Maccabi era o vigente ganhador do torneio mais forte do mundo, a Euroliga, e o Flamengo teve a capacidade de vencê-lo. O valor deste campeonato de fevereiro? Nenhum, zero, independente de quem for conquistá-lo.
Pra completar a bagunça, desculpando a sinceridade novamente, mas de onde vem o fato do Flamengo entrar no campeonato? Qual o sentido disso? Gente, isso é um ABSURDO completo. Nada contra o time da Gávea, mas eu queria uma explicação a respeito, de verdade. Não deveria existir convite para um torneio que a Federação Internacional quer valorizar. Aliás, quem fez o convite? Quem avalizou? Não está claro pra mim. Ele, este Torneio Interclubes recém-lançado, já nasce torto, enviesado, pouco fiel aos princípios mais básicos do esporte – premiar a quem merece.
Fico tentando entender o critério. É o quê? Só por ser o dono da casa pra tentar atrair público / mídia? É só isso mesmo? E aí dane-se a parte técnica? Será que vale a pena lembrar que a média do rubro-negro é baixíssima, com menos de mil pessoas por partida? E que a presença da equipe na Liga Sul-Americana não levou nem 500 torcedores ao ginásio?
Noves fora o critério comercial da coisa, o que já acho absurdo, onde fica a parte esportiva? O Flamengo não é o último campeão do NBB, da Liga Sul-Americana ou da Liga das Américas, gente. O Paulistano não foi convidado por quê? É o atual campeão do NBB, joga na maior cidade do país e DEVERIA clara e obviamente representar o Brasil na competição. Por que não, aliás, fazer o torneio em São Paulo no mesmo Ibirapuera que recebeu recentemente, aí sim, o Interclubes entre Bauru e Real Madrid?
Enfim, é demais pra mim. Se estou sendo azedo é porque pra mim dessa vez as coisas passaram do limite. Não convidarem o campeão do NBB é absurdo. Entubar um torneio no meio das Ligas Nacionais / Continentais, outro. Atribuir importância demasiada a um torneio totalmente sem sentido, mais ainda.
Depois de sua horrenda tentativa de eliminatórias da Copa do Mundo de 2019 (mais aqui), a FIBA me sai com este torneio. Realmente é um mundo de faz de conta sem critério algum em que vive a Federação Internacional. Bom Torneio a todos. Eu não perderei meu tempo…
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