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Bala na Cesta

Mesmo reforçado, Celtics patina e é uma das decepções da NBA na temporada

Fábio Balassiano

14/01/2019 05h01

MADDIE MEYER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

"Não estamos jogando nada. Nossa defesa não marca direito. Nosso ataque está estagnado. Não sei bem o que está acontecendo mas é um pouco frustrante".

A frase é de Kyrie Irving e foi dada após o Boston perder fora de casa no sábado por 105-103 diante do insosso Orlando Magic na Flórida. Kyrie é a maior estrela de um Celtics que não engrena de forma alguma nesta temporada da NBA (até o momento, 25-17, duas derrotas seguidas e a decepcionante quinta posição da apenas regular conferência Leste) e que hoje enfrenta o Nets fora de casa.

E Kyrie tem razão sobre o rendimento do time. A começar pelo lado individual. Se a defesa continua entre as melhores da NBA, tanto no mano a mano quanto nas ações coletivas, o ataque encontra-se estático e dificultando as coisas para a equipe.

Irving, que se recuperou de lesão nas férias e começou o campeonato ainda em buscar do melhor ritmo de jogo, tem 22,2 pontos de média, quase 20% a menos que os 25,7 que tinha em Cleveland… no último ano antes de vestir o verde de Boston. Pra quem esperava vê-lo brigando pelo troféu de MVP da temporada, a sua própria performance indica cuidados.

Pior do que ele está Gordon Hayward, que também se machucou com gravidade no primeiro jogo da temporada passada e até agora não conseguiu encontrar sua melhor forma. O técnico Brad Stevens colocou Hayward no banco, no dia 02 de janeiro o ala teve 35 pontos contra o Minnesota, depois disso 3 partidas consecutivas com 12+ pontos, mas as duas seguintes foram horríveis (0/5 de 3 e 6 e 8 pontos). Quem também caiu foi Jaylen Brown, que perdeu minutos, confiança, um pouco de suas funções defensivas e parece meio perdido quando está em quadra. Os 12 pontos de média não são tão piores que os 14 apresentados em 2017/2018, mas a falta de evolução assusta.

MADDIE MEYER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

Individualmente falando o único que encanta e que faz o Boston suspirar de alegria é Jayson Tatum. Calouro na temporada passada, não se inibe por nada e vem crescendo em absolutamente tudo. Seus 16,2 pontos e 6,3 rebotes com 45% de conversão nos arremessos e ótima defesa mostram que o Celtics acertou em cheio ao recrutá-lo ano passado no Draft. Em um time recheado de estrelas, mostrar personalidade para fazer seu jogo e conseguir seus touches (13,3 arremessos/jogo, a segunda maior marca da equipe) é coisa pra poucos. O camisa 0 é dono de uma técnica refinada, lê bem a quadra, consegue ajudar dentro e fora do garrafão nas marcações e parece que ainda está longe de ter atingido o seu auge.

Além das quedas técnicas, pra mim há uma questão de ordem de vestiário e "tamanho" de elenco muito óbvia também – embora de difícil solução. Brad Stevens tem 10 jogadores com 14+ minutos e TODOS querendo e podendo jogar mais que isso. Como se programar, noite sim, outra também, para isso quando todos estiverem saudáveis?

São, apenas, 240 minutos disponíveis e está claro que não é fácil organizar essa matemática toda. Os dois únicos que jogam mais de 30 minutos são Irving e Tatum. Ser intenso na defesa com a constante troca de jogadores, com todos "frescos" e prontos para defender e queimar faltas, é um ponto positivo. Até aí tudo bem e os números defensivos mostram que por esse lado está tudo ótimo.

MADDIE MEYER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

O outro lado da moeda é que parece claro que nem todo mundo se sente protagonista e nem parte da solução dos problemas sobretudo nos finais dos jogos – ninguém sabe quem estará jogando e isso fica cristalino quando nos últimos 10 jogos Stevens colocou 8 formações distintas nos 5 minutos finais.

Nenhuma delas está entre as 20 melhores de toda NBA – os quatro times acima do Boston no Leste, Sixers, Pacers, Bucks e Raptors, possuem pelo menos um quinteto entre os melhores da liga em finais de partidas. O OKC, por exemplo, tem duas delas, o que mostra que mexendo em poucas peças o técnico Billy Donovan, do Thunder, encontra soluções para seus problemas ao menos neste quesito.

É difícil afirmar qualquer coisa com mais veemência sobre um errático time do Boston porque de fato as peças (inclusive o técnico Stevens, que é ótimo) estão lá e a qualquer momento uma série de vitórias pode colocar os verdes entre os melhores da conferência e de toda NBA.

Mas a verdade é que, mesmo em uma conferência sem LeBron James, ou seja, sem um jogador claramente dominante, o Celtics não conseguiu se impor. Com metade da temporada disputada, ninguém esperava que eles estariam disputando uma inglória quinta posição contra Pacers, um time mega humilde, e Sixers, um elenco jovem e ainda em formação.

Dá tempo de corrigir, claro, mas que é frustrante este início de temporada 2018/2019, isso é.

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