Bala na Cesta, 10 anos - nem eu sei como cheguei até aqui...
Chegamos. Chegamos. Eu sei lá como, de verdade. Mas chegamos aos 10 anos do blog. Antes em uma casinha pequena, o Blogspot, e desde 2011 neste gigante chamado UOL. Sempre mantendo a mesma veia crítica, independente, ácida, informativa, entrevistadora, racional por que não e tudo mais que a turma que acompanha este espaço se acostumou a ver neste período.
Em 10 anos foram mais de 8 mil textos publicados (8.217 pra ser mais exato), algo meio absurdo pra um exército de um homem só em uma vida maluca que envolve apurar, escrever, colocar link, tag, sub-tag, editoria, divulgar em redes sociais, responder à galera (um trabalho sem fim como vocês podem imaginar), e o que mais me orgulha sinceramente é que sempre foi do meu jeito, com meu olhar, com meu estilo, com a minha forma de ver e viver o mundo (do basquete).
Se eu errei, se eu acertei, a única certeza que tenho é que desde o dia 21 de setembro de 2008, quando o Bala na Cesta surgiu, sempre tentei manter a coerência de passar ao público meus textos exatamente com a minha maneira de pensar e agir. Dando minha cara pra bater, me colocando muitas vezes como inimigo do establishment, algo que 99% dos meus colegas de profissão têm medo por preferirem o terrível jornalismo puxa-saco, mela-cueca e parceiro (de atletas, de dirigentes, de técnicos etc.), e quase sempre perdendo oportunidades que poderiam me levar mais longe (comentar em TV, rádio, viagens, convites, exclusivas etc.). No final das contas, sempre fui eu mesmo – e quem me conhece sabe que sou assim no dia a dia com amigos, família, no mundo corporativo.
Se eu me arrependo? Zero. Se há alguma ponta de tristeza? Em absoluto. Eu durmo bem tranquilo todos os dias nestes quase 35 anos de vida. Eu quis que fosse assim e continuarei querendo. Não pra ser polêmico, mas pra ser verdadeiro. Não por ser o diferente. Mas por acreditar que este modelo é que é o certo. Não pra arrumar briga. Mas por passar pros leitores a realidade dos fatos. Como minha família sempre diz, não há meio certo em alguns padrões morais e éticos. Se os outros não seguem o jornalismo a risca, o bom jornalismo, o jornalismo cobrador, o jornalismo vigilante, ainda mais em um esporte brasileiro que está longe de ter a melhor das governanças, eu realmente não posso fazer nada – só a minha parte. E é o que sempre tentei fazer. Pra mim sempre foi claro: nunca se curvar pra ninguém, nunca temer a nada e sempre perguntar. Com educação, com respeito e sem medo.
Nunca saí do basquete por medo. Nunca retornei por sentir o cheiro de uma oportunidade (financeira ou qualquer coisa que o valha). Nunca reclamei do que não consegui. Nunca fiz as coisas pensando na repercussão e em como as pessoas me veriam. Nunca pensei primeiro em fazer amigos ou ser queridinho nas redes sociais pra depois focar na informação (a informação sempre foi a única opção, na real). Me mantive de pé, firme, sustentado pelo propósito de fazer o melhor trabalho possível dentro da minha clara limitação técnica (não sou perfeito) e de tempo (abaixo explico mais sobre isso).
Quando criei o Bala na Cesta, lá atrás, o objetivo era muito claro: manter a minha veia jornalística pulsando mesmo eu optando por sair do universo de redação tradicional, o que acho que inclusive foi uma decisão bem acertada olhando o panorama atual. Não sei se todos sabem, mas o blog não é a minha única, digamos, atividade fim. Embora seja meu, digamos assim, case de empreendedorismo (é a única coisa que é realmente minha…), está longe de ser algo tradicional do ponto de vista de gestão, horas dedicadas e tudo mais.
Por opção profissional, optei, quase uma década atrás, por trabalhar com comunicação / marketing em empresa e desde então escrever da minha maior paixão, o basquete, passou a consumir o meu tempo livre. Tempo livre que nesta década obviamente inexistiu. Peço perdão aos meus amigos porque em 10 anos eu devo ter saído com eles durante a semana, sem brincadeira, menos de 20 vezes e quase sempre dando a desculpa real de que estava sem tempo e que tinha que fazer o blog (ninguém entendia a seriedade disso, mas era uma desculpa real). Só que eu tinha uma missão e queria cumprir – a missão de levar a informação mais precisa sobre o esporte que eu tanto amo. E acho que alguma coisa deu certo.
Hoje são milhares de leitores por mês aqui no UOL, 90 mil pessoas acompanhando no Facebook, outros 21 mil no Twitter, quase 18 mil no Instagram e uma galera absurdamente genial que compra o barulho do blog com o financiamento coletivo. Foram dois All-Star Games da NBA como convidado, quase todos os eventos da Liga Nacional, as finais da Liga de Basquete Feminino, os campeonatos de seleções, os Mundiais Interclubes, debates sobre o esporte e tudo mais. Consigo olhar pra trás e, sim, me orgulhar do que foi alcançado em uma década.
Agradeço a minha família por ter entendido toda vez que disse "esse jogo é importante pra caramba, preciso ver e escrever a respeito" mesmo que eles nunca tenham se atentado que poderia ser uma partida de primeira rodada, de fase de classificação, Sub qualquer coisa ou algo assim. Eles também pouco sabem das vezes que disse que iria ver um duelo absurdamente importante e estava enfurnado em um ginásio pra acompanhar torneios de base masculinos e femininos, clínicas de técnicos, conversar com árbitros, essas coisas que só um maluco faz.
Mesmo sem ser a minha principal atividade, manter o blog com o nível que eu me exijo (muita gente já falou um "ah, Bala, diminui o ritmo…", mas eu não consigo) demanda muitas horas de apuração, organização, procrastinação, renúncia, paciência, poucas horas de sono, muitas horas de angústia, compreensão dos amigos e familiares, otimização de tempo. Uma das coisas que mais me orgulham neste tempo todo é ouvir de amigos, colegas, leitores a famosa indignação: "Como você consegue manter isso tudo?". Sei lá, cara. É instinto, vem da alma, vem de dentro. Há coisas que não são racionalmente explicáveis.
Quase nunca sou emotivo (sei lá o motivo), mas hoje é um dia pra se comemorar. Sei que estou longe de ser o melhor no que faço, mas minha mãe sempre disse pra eu tentar ser o melhor. E eu tento. Tento pra caramba. Com as armas que tenho (independência, pouco tempo, com meu senso crítico, sem ter milhões de reais a disposição pra grandes aventuras e tudo mais), mas eu tento. Seguirei tentando com meu jeito errático, inconformado, dedicado, lutador e sem medo de nada.
Muito obrigado a todos. De 21 de setembro de 2008 a 21 de setembro de 2018 eu posso dizer que sou o blogueiro de basquete mais feliz do mundo.
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