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Bala na Cesta

Jovem Pedro Sanches vive sonho e embarca esta semana para o Mundial de jr. NBA nos EUA

Fábio Balassiano

01/08/2018 05h02

William Lucas / Inovafoto

Entre os dias 7 e 12 de agosto acontece em Orlando, na Flórida (EUA), a primeira edição do campeonato Mundial de jr. NBA, competição juvenil que vai reunir times masculinos e femininos dos Estados Unidos e de várias regiões do mundo com atletas da categoria 13-14 anos. Os jogos dos mais de 300 jovens de 35 países serão realizados no ESPN Wide World of Sports, localizado no complexo Walt Disney World Resort, e a América do Sul levará dois times – de meninos e meninas.

Entre os atletas está Pedro Sanches, de 14 anos, 1,76m e uma vida recheada de sonhos e objetivos. Aluno da Escola pública Jácomo Stavale, ele defendeu o Chicago Bulls na jr. NBA League 2018 no Brasil. Sua equipe não foi bem, acabou eliminada logo na primeira fase, mas Pedro se destacou e por isso convocado para representar seu colégio no All-Star Game em 12 de maio em São Paulo.

Logo depois, foi chamado para participar da seletiva que serviu de campo de observação para a formação das seleções da América do Sul para a disputa do Campeonato Mundial jr. nba. Mais do que se destacar pelo que faz em quadra, Pedro chamou a atenção pela conduta, comportamento e atitudes fora dela também.

William Lucas / Inovafoto

"Nossa, estou muito ansioso para essa viagem. Recebi essa oportunidade e agora o que mais quero é aproveitar, curtir e aprender muito com essa chance que me foi dada", afirmou Pedro em contato telefônico com o blog na noite de ontem quando relembrou seu começo na modalidade: "Meu início no basquete foi meio estranho por assim dizer. Comecei em uma escola estadual perto da minha casa. Era mais por lazer, já que não tinha o que fazer depois do horário escolar. E também porque as seletivas de futebol da escola já tinham fechado. Não gostava de vôlei e fui tentar o basquete. Eram 35 garotos na seletiva e acabei passando. Daí em diante não parei mais, sempre treinando e me dedicando muito".

Antes de viajar para Orlando, nesta sexta-feira, Pedro teve a oportunidade de participar na semana passada do Camp de Marcelinho Huertas, ídolo dele e referência para os jovens atletas do país. Lá ele pode conversar com o armador do Baskonia e também com José Neto, ex-técnico do Flamengo e com passagem marcada para assumir um time na Liga do Japão na próxima temporada.

"Passei o mês passado e este inteiro na quadra aqui perto de casa treinando, batendo bola, fazendo as coisas para me sair bem no jr. NBA lá em Orlando. Me apaixono cada vez mais pelo esporte quando estou na quadra, treinando. E recentemente tive a oportunidade de participar do Camp do Huertas. Ele é um dos meus maiores ídolos, capitão da seleção brasileira, e me inspira muito. É um cara humilde, inteligente. Foi desde sempre inteligente para crescer na sua vida profissional e aproveitou a carreira dele pra fazer de tudo muito bem. Além de ser um bom jogador de basquete, fala outras línguas. Fui presenteado, fiz perguntas pra ele e para o José Neto sobre como se preparar para ter melhores desempenhos. Eles foram acolhedores. Me apoiaram", disse Pedro, antes de completar com as demais dicas de Huertas: "Ele me falou que iremos enfrentar times muito atléticos, muito fortes, e contra estes devemos tentar explorar as desvantagens dos times adversários. Usar passes baixos contra times altos, por exemplos. Neto me disse pra manter a calma, pra me manter focado. Eu sendo armador preciso passar tranquilidade , sou a mente da equipe".

William Lucas / Inovafoto

Aluno exemplar na escola, aficionado por NBA ("vejo em todo lugar, na TV, no celular, nos jornais…") e dono de fala absurdamente madura para quem tem 14 anos, Pedro tem Stephen Curry como ídolo ( "ele é pequeno que nem eu, mas nunca teve medo de nada, treinou muito e hoje é um dos melhores do mundo") e o Golden State Warriors como time do coração. Seu foco, atualmente, está em como se manter tranquilo antes da principal competição de sua carreira.

"No Camp da NBA havia uma palestra com o ex-jogador Daniel Campos, o Caçamba (ex-São Bernardo, entre outros times), sobre preparação mental e achei muito interessante. Sou bem estudioso e anotei tudo o que ele contou pra gente. Sempre fico muito nervoso antes dos jogos e anoto tudo das palestras pra ler depois, estudar o que foi passado, repassar o conteúdo. Então eu acabo lendo as coisas no caderno, porque eu anoto pra não esquecer. Uma coisa que ficou muito marcada sobre o que ele disse é que quando temos medo de errar é preciso respirar, focar em coisa boa, uma coisa boa. Em um jogo acertei uma cesta decisiva. No seguinte, você está nervoso, então você pensa no momento do jogo anterior pra sua mente transmitir tranquilidade pra repetir o mesmo feito", analisou. Espero ser decisivo em Orlando. Um ex-jogador Daniel Caçamba.

Para a viagem, Pedro viajará com seu técnico Alexandre Varolli e também com seu pai, Reinaldo, seu maior incentivador e que está mais ansioso que o filho.

"Minha família me incentiva muito no esporte e também nos estudos. Desde o começo quando era apenas um lazer. Agora virou um negócio mais sério devido a jr. NBA e também com meus treinos com o Rodrigo Prado, no Instituto Superação. Papai é um grande viajante. É instrutor de voo. Muitas vezes voei com ele e acho que minha fala tranquila tem a ver com isso. Voar de parapente pra mim não é problema, porque tenho medo de altura. Nos jogos é diferente, porque eu tenho uma grande incerteza. O jogo é muito mais difícil. Tento ficar mais", contou, antes de falar sobre seus sonhos: "Quero ser jogador profissional jogando na NBA. Mas sempre tento pensar no estudo. Não posso ter apenas um jeito de alcançar meu objetivo. Posso me lesionar ou não conseguir mais jogar. Preciso ter outra opção. Sempre, sempre, sempre preciso estudar. É a minha segunda opção. Caso não consiga através do basquete, quem sabe trabalhando com isso. Mas meu maior sonho é ser jogador da NBA mesmo".

William Lucas / Inovafoto

No final da entrevista, o único momento em que o entrevistador e Samy Vaisman, assessor da NBA Brasil, deixaram Pedro sem voz, sem fala, sem chão. Quando falamos sobre os astros da NBA e WNBA que estarão presentes no Campeonato Mundial jr. NBA (Dwyane Wade, Andre Drummond, Vince Carter, Brook Lopez, Grant Hill, Tamika Catchings, entre outros), o garoto pirou.

"Meu Deus. Caraca. Meu Deus. Dwyane Wade, tricampeão da liga. Caraca. Vou encher meu celular de foto depois de saber disso. Acabei não falando antes, mas gosto bastante também de ver jogar o Ben Simmons. Ele é uma grande referencia pra mim também. Pelo fato de ter enfrentado uma lesão no começo da sua carreira. Na 1a temporada ele não jogou. Na 2a ele destruiu. Me inspiro muito nele. Ele é jovem, e muito, muito, muito bom. Aqui no Brasil gosto demais do Nenê por ele ter uma grande carreira na NBA", finalizou Pedro, que para não perder muitas aulas na escola estudou durante as férias, adiantando as lições e deixando sua família também tranquila quanto ao ano letivo.

Boa sorte a ele e aos times brasileiros no jr. NBA Mundial.

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