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Bala na Cesta

Após anunciar ida para Los Angeles, o que esperar de LeBron James no Lakers?

Fábio Balassiano

02/07/2018 00h01

A notícia que quebrou a internet na noite de ontem não veio do Woj e nem do Charania, dois dos melhores jornalistas que cobrem a NBA na atualidade. Veio mesmo da Klutch Sports, empresa de LeBron James, que divulgou pro mundo inteiro ler e repercutir que LeBron está assinando com o Lakers por quatro anos, US$ 154 milhões. Sim, é isso mesmo. Aos 33 anos, o maior jogador da atualidade sai de Cleveland para, provavelmente, terminar a sua carreira como um Lakers.

Pelo lado do Cavs, só há uma palavra possível: reconstrução. A franquia contou com LeBron James, desde que retornou de Miami, por quatro temporadas, esteve em quatro decisões, conquistou um título (2016) e no final das contas acabou frustrando o astro por não ter conseguido destronar o (quase invencível) Golden State Warriors nos dois últimos anos. Pesaram para a saída de LeBron o péssimo relacionamento dele com o dono, Dan Gilbert, e a terrível gestão da equipe na temporada passada, quando contratou e trocou meio mundo de gente. Aos 33 anos, James teve que colocar o time nas costas e carregar até onde deu – a decisão da NBA, e mesmo assim com chance real de vencer o Jogo 1 em Oakland (o que seria se JR Smith tivesse feito aquela cesta?).

Pelo lado do Lakers, em primeiro lugar é dar os parabéns a Magic Johnson. O manda-chuva de basquete da franquia assumiu há cerca de um ano, prometeu um primeiro momento difícil, mas que em no máximo 2018/2019 as estrelas voltariam a pisar em Los Angeles para jogar pela equipe. Dito e feito, e conhecendo Magic dá pra dizer que ele não vai parar por aí, não.

Por mais que os angelinos não tenham lá o melhor dos caps (limite da folha salarial) do mundo, pelo que consta da relação de Magic com Jeannie Buss, o braço administrativo da equipe, a filha de Jerry Buss deu todas as cartas brancas do mundo para que ele montasse o timaço que conseguisse.

Ou seja: estourar o limite do cap e pagar multas por ter craques no elenco está permitido – algo que o Golden State faz desde que conseguiu juntar Kevin Durant a Steph Curry, Draymond Green, Andre Iguodala e Klay Thompson (e o Warriors está certíssimo ao enxergar isso como investimento e não como custo). Entre os grandes nomes especulados estão o ala Kawhi Leonard, que já pediu para deixar o San Antonio Spurs, o pivô DeMarcus Cousins e o também pivô Clint Capela, do Houston Rockets. Pra quem quiser sonhar, no link aqui está a lista dos agentes-livres da NBA na atualidade. Até o momento, chegaram o ala Lance Stephenson e o pivô JaVale McGee.

O raciocínio encontra eco porque a gente conhece LeBron James e ele não iria sair de Cleveland, onde atuou praticamente sozinho a última temporada, para jogar em um time mais ou menos em uma conferência que tem Golden State Warriors e Houston Rockets com timaços já consolidados. Por mais que a base jovem seja boa (Brandon Ingram, Josh Hart, Kyle Kuzma e, ok, Lonzo Ball), eu duvido que o King tenha aceitado assinar com o Lakers, neste momento técnico e físico de sua carreira, para ser o mentor / tutor de uma garotada talentosa. Creio muito mais que a franquia vá usar estes jovens para conseguir estrelas já prontas do que qualquer outra coisa – e é exatamente o que eu faria, sinceramente falando.

O Lakers sempre foi isso (contratação de grandes jogadores ao invés de ser um excepcional desenvolvedor de talentos e formador de times via Draft – não é uma crítica, mas sim a identidade histórica do time) e não havia muita dúvida de que caminho seguir. Espantava-me, na real, que a franquia tenha demorado tanto para perceber qual "persona", para usar um termo da moda, ela deveria ser. Aparentemente a chegada de Magic Johnson deixou tudo muito claro e em menos de dois anos a casa está sendo remontada, digamos, com um síndico da pesada (pra usar a expressão magnífica de Tim Maia). LeBron James é a carta de apresentação de Magic ao mercado pra dizer o famoso "Nós estamos de volta e vocês sabem o que somos". Com ou sem arrogância, é assim que sempre funcionou na Califórnia (Califórnia que, até o Warriors começar a dominá-la de anos pra cá, sempre foi do Lakers…). É assim que, de acordo com as manobras de Magic Johnson, voltará a funcionar se tudo continuar caminhando da maneira que ele tem pilotado.

Pro Lakers é um passo em sua tentativa de volta ao domínio da NBA. Depois de cinco temporadas de fiasco, ficando longe dos playoffs e amargando campanhas pífias graças a gestões péssimas, a franquia dá o primeiro (gigantesco) passo para voltar a ser quem sempre foi – imensa e quase sempre pronta para chegar às finais da liga.

Fisgar LeBron James, conhecendo Magic Johnson, é apenas o começo dessa nova história. Aposto de verdade que mais gente de peso está a caminho de Los Angeles para se juntar ao camisa 23.

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