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Bala na Cesta

Entrevista com Gustavo de Conti, campeão do NBB pelo Paulistano e novo técnico do Flamengo

Fábio Balassiano

08/06/2018 06h14

Gilvan de Souza / Flamengo

Gustavo De Conti foi campeão do NBB com o Paulistano no sábado, recebeu proposta do Flamengo no domingo e na segunda-feira foi anunciado pelo rubro-negro como treinador do clube pros dois próximos anos. No mesmo dia ele conversou com o blog com exclusividade, antes mesmo de ser apresentado pelo time carioca.

O papo em áudio está aqui. Abaixo em texto os melhores momentos da conversa com o novo comandante do Fla, clube que ele visitou pela primeira vez como novo técnico nesta quarta-feira.

BALA NA CESTA: Como foi esse convite e principalmente essa decisão de sair do Paulistano, onde você estava há oito temporadas e com liberdade total e agora vem pegar a pressão do Flamengo. Pelo jeito foi tudo muito rápido, né?
GUSTAVO DE CONTI: Foi, foi bem rápido, cara. Tudo aconteceu de domingo à tarde para segunda de manhã. Eu sabia que existia um interesse do Flamengo, mas ainda tinha um campeonato para jogar, uma final de campeonato para disputar e é o que eu sempre falo para os jogadores. Não podemos jogar uma temporada pensando na outra, senão nunca vamos jogar a de agora com a intensidade que deveríamos. Jogamos todas as fichas nesta temporada para ser campeões, já que era a terceira final e nós estávamos querendo muito este título. Quanto ao Flamengo, eu já demonstrava para o Paulistano, desde a temporada passada, que eu tinha um interesse em dar um salto na minha carreira. Não sei nem se salto é a palavra certa, mas é de mudar, testar uma coisa nova, de experimentar uma coisa nova. Foram 21 anos no Paulistano, desde que eu cheguei lá como jogador, assistente técnico, técnico de todas as categorias de base, então eu estava realmente querendo mudar, desde que fosse algo bacana, bem legal, e apareceu o Flamengo, uma grande oportunidade e eu resolvi abraçar, muito pelo fato de ter sido campeão e poder deixar o troféu lá no Paulistano e de poder retribuir um pouco de tudo o que eles fizeram por mim.

Gilvan de Souza / Flamengo

BNC: Todo mundo sabe da sua relação com o Neto, você foi assistente dele no Paulistano, trabalhou com ele na seleção, são muito amigos, suas famílias se dão bem, e o Neto foi o técnico do Flamengo antes da sua chegada. Como foi esse contato com ele? Você ligou para ele, falou com ele? Como é que funciona isso entre os treinadores? Entrar no lugar de alguém que você é tão próximo?
GUSTAVO: O Neto na verdade já saiu há mais de um mês eu acho, né? Na época da saída dele a gente se falou, depois de uns dias a gente se falou com mais tempo foi quando estávamos jogando os playoffs, mas pelo fato de estarmos jogando um jogo atrás do outro, muito treino, você sabe que eu tenho duas filhas pequenas, ele também tem uma pequena, então o nosso tempo é muito tomado. Agora na verdade não deu nem tempo de falar com ele. Recebi uma mensagem rápida dele, respondi rapidamente também, mas não deu tempo de conversar direito com ele.

BNC: O que que te atraiu, além claro de ser o Flamengo? A possibilidade de você encontrar uma página em branco e poder fazer um trabalho autoral como você fez no Paulistano, em um time grande, com grande orçamento? Foi o projeto que foi entregue à você? O que te atraiu mais?
GUSTAVO: Nunca é uma coisa só, é um conjunto de coisas que eu acho importante. Primeiro a estrutura que o Flamengo proporciona para quem trabalha e joga lá. É uma estrutura fantástica, assim como o Paulistano também, e isso é fundamental para você conseguir resultado, o desafio também. Só de você falar o nome Flamengo já é uma coisa imensa, não só nacionalmente, mas internacionalmente falando. O nome do clube é muito grande, é gigante e o basquete também. Foram disputados 10 NBB's e o Flamengo é pentacampeão, então isso mostra a força que também tem no basquete. Eu queria mudar, queria um desafio diferente, estava ansioso por isso e apareceu o melhor desafio que eu poderia encarar que é o Flamengo com grandes jogadores, jogadores que podemos escolher para estar lá, que é um pouco diferente do que eu tinha no Paulistano, então é um pouco de tudo, a questão de morar no Rio de Janeiro também, de ter uma torcida do tamanho da torcida do Flamengo junto, apoiando, pressionando, então acho que estava na hora de passar por tudo isso, onde no Paulistano ainda não havia passado.

BNC: Você falou uma questão de escolher o elenco, mas uma das coisas que sempre me chamaram a atenção no seu trabalho no Paulistano foi o fato de você ter conseguido desenvolver os jogadores, até escrevi isso no blog, que todos os jogadores que trabalharam com você entraram de um jeito e saíram melhores. Podemos citar o Lucas Dias, o Elinho, Du Sommer, Georginho na temporada passada e muitos outros. É muito diferente daqui que você vai encontrar no Flamengo. Você deve pegar algumas peças mais prontas. Alguns jogadores de nível de NBA, seleção, como Marquinhos, Varejão, e tantos outros, ou seja, a perspectiva pro lado do técnico muda muito também?
GUSTAVO: Eu acho que sim, acho que muda. É claro que o Paulistano não teria condições econômicas de contratar o Anderson Varejão, um Marquinhos, por exemplo, a perspectiva muda, mas o trabalho não muda muito. Não vou mudar meu jeito de ser porque eu estou no Flamengo, eu acho que o Flamengo me contratou por conta do que eu sou como treinador, então eu não posso mudar meu jeito de ser só porque agora eu estou no Flamengo ou porque eu estou em outro clube. Os jogadores são diferentes, talvez eu tenha um pouco menos de trabalho por um lado, mas vou ter um pouco mais de trabalho por outro, enfim, essa questão de desenvolver jogadores e fazer os jogadores jogar no máximo do limite deles eu vou ter com jovens, com jogadores de média idade e com jogadores mais experientes, então esse desafio sempre vai existir e isso, Bala, que me deixa feliz para caramba. Como você citou, o Lucas Dias jogando muito, com coragem, o Yago, o Georginho que já saiu, Du Sommer, Guilherme Hubner sendo MVP, isso que deixa mais feliz até do que ser campeão.

Gilvan de Souza / Flamengo

BNC: Voltando um pouco na formação do elenco, você tem mais opções no mercado, o Flamengo está há dois anos tentando rejuvenescer o elenco, e ao mesmo tempo o Flamengo está há dois anos sem um título de expressão, torcida está muito carente, o projeto está muito carente, como balancear e trazer jovens não tão crus, porém um pouco mais prontos e trazer jogadores para desenvolver e tendo uma pressão para ganhar um título e produzir direto e rapidamente?
GUSTAVO: Essa questão da idade acho que não está mais ligada diretamente ao sucesso, a você ganhar o campeonato. A gente vê o cara que está liderando o Real Madrid hoje, o Luka Doncic, tem apenas 19 anos. Você vê o Yago fazendo a final que ele fez, um jogo decisivo dentro de Mogi, o nome time sendo uma das médias de idade mais baixa do campeonato, sendo campeão, o ano passado sendo o mais jovem sendo o vice-campeão. Então não está diretamente ligada. A gente tá em busca de jogadores talentosos, que acreditamos que possam render e nos trazer resultados para que possamos disputar os títulos.

BNC: Para fecharmos o assunto Flamengo, porque temos que falar muito do Paulistano, onde você foi muito feliz, pouca gente sabe que você é carioca, tijucano, igual a mim…
GUSTAVO: É, cara, nasci no Rio de Janeiro, estou um pouco deslocado ai dos bairros na verdade, mas meu pai falava que era Morro da Usina, não sei se existe ainda. morei na Tijuca, morei nas Laranjeiras, e vim novo para São Paulo com cinco ou seis anos, mas está sendo muito bom essa parte de voltar para o Rio, porque eu nasci ai e nunca tive a oportunidade de aproveitar mesmo a cidade, agora eu vou realmente conhecer o Rio de Janeiro, minha mulher está super animada também, minhas filhas, então vai ser bem bacana essa experiência para nós.

BNC: Você também vai ser o responsável pelas divisões de base? Ou vai ficar só com o time adulto? A diretoria fala muito na questão de formação de atleta, você vai ajudar de alguma forma?
GUSTAVO: Essa foi uma das coisas mais importantes quando conversei com a diretoria, quando acertamos as minha ida, que eu olharia e que um dos objetivos importantes dentre esses dois anos que eu tenho de contrato que eu vou ficar no Flamengo é ter um olho maior para a categoria de base porque faz muito tempo que não revela um jogador e sempre foi um clube que revelava muitos jogadores e sem dúvida esse olhar para base é um dos objetivos, e mesmo se o Flamengo não tivesse me pedido isso, acho que eu olharia, pois está no meu sangue, eu gosto, vou acompanhar de perto.

BNC: Você leva alguém da comissão técnica contigo? O Diego que é preparador físico, o seus assistentes ou vem só você?
GUSTAVO: A princípio não, eu estou indo sozinho. É claro que mais pra frente, nos próximos dias, sentindo a necessidade podemos ter uma novidade, mas por enquanto não.

BNC: Ano passado você esteve em nosso podcast, tinha acabado de ser vice-campeão, e você obviamente começou o planejamento para essa temporada. Planejamento é uma coisa fria, no papel, você conseguia imaginar que essa seria uma temporada de sonho que você teve com o Paulistano? Você foi brilhante no paulista, com a grande revelação do Fuller, fez uma temporada regular do NBB fantástica, com o Elinho e o Deryk muito bem e fecha com o título. Superou todas as suas expectativas essa temporada?
GUSTAVO: Foi uma temporada dos sonhos, sim, superou as minhas expectativas. Nós perdemos acho que seis jogadores da temporada passada, jogadores importantes, como Pecos e Georginho, perdemos o Renato que foi nosso melhor jogador nas finais, perdemos o Mogi, perdemos peças importantes que conseguimos repor muito bem, mas não é do dia pra noite que as coisas dão resultados. Mas os resultados começaram a aparecer no campeonato paulista onde fomos campeões. Este foi o primeiro ano que eu fiquei aqui na pré-temporada, nas outras temporadas eu estava com a seleção, então essa foi nos últimos seis, sete anos a temporada que eu e o Diego (preparador físico) ficamos aqui na pré-temporada aqui com o time e isso foi importante para dar uma cara mais rápida na equipe. O jeito que escolhemos jogar assim também, podia ter dado tudo errado, mas acabou dando tudo certo. É uma maneira que eu nunca tinha jogado, de contra-ataques e arremessos rápidos, nunca tinha dado treino assim durante o ano, e acabou que deu certo, os jogadores também corresponderam muito bem, tivemos poucas lesões, e isso realmente foi uma temporada dos sonhos.

BNC: Tenho uma curiosidade justamente em um pouco que comentou, você perdeu justamente seus armadores, de uma temporada para a outra, o Elinho e o Deryk vieram de situações complicadas, o Deryk principalmente, por tudo que aconteceu em Brasília, estava vindo quando o projeto terminou lá, quando você sentiu que eles tinham entendido o jeito que você queria jogar, porque foi muito rápido, eles entenderam o sistema muito rápido.
GUSTAVO: Eu já tinha a ideia de jogar desse jeito essa temporada, porque eu estou vendo que o basquete está virando isso, né, eu não gosto de comparar, mas é meio Golden State Warriors, Houston Rockets, na Europa algumas equipes aderindo essa tática também. Muito volume de jogo, muito arremesso de três pontos, então também buscamos jogadores que podiam fazer isso, o Deryk foi um caso assim, o Yago já estava com a gente, o Fuller é um arremessador também, fomos atrás dele, dei mais confiança para o Lucas Dias, o Jhonatan era um cara de composição com mais de 50% de arremesso de três pontos, o Eddy também, Guilhermão também era um pivô que metia bola, só o Sommer que era o único cara do time que não arremessava. O Elinho não tinha um aproveitamento tão grande, mas ele tem uma saída de bola, uma transição ofensiva que eu acho a dele e do Fúlvio as duas melhores do Brasil hoje. Saem muito bem com a bola, cabeça erguida, sabe quando é a hora de dar um passe, quando é a hora de driblar, então é muito inteligente e por conta desse motivo acho que casou muito bem, e esse estilo de jogo acho que é um estilo que todo jogador gosta de jogar, porque tá livre e pode arremessar, não tem muito o que ficar pensando, não precisa ficar muito com a bola, então acho que isso foi uma bola de neve positiva, porque os jogadores treinavam mais porque sabiam que tinham que arremessar na hora do jogo, chegava na hora do jogo a gente dava confiança que podia chutar e eles com um bom aproveitamento, então foi uma questão positiva para o time.

BNC: Você sempre foi um técnico que teve as ações do seu time sempre controladas, digamos que seus times sempre foram europeus, um do seus grandes "musos" digamos assim, é o Ruben Magnano, que também vem de uma escola europeia, escola argentina, e você bateu na trave duas vezes, não por conta do estilo, mas nesse ano você resolveu mudar e foi jogar no run-and-gun do Golden State, do Houston, basicamente da NBA, quão difícil foi para você sair de uma escola/convicção europeia e ter ido para uma americana, onde você quase não tinha experimentado? Quando que você teve este estalo e resolveu mudar para encarar?
GUSTAVO: Uma das coisas é ver que o basquete está mudando no mundo nesse momento, o basquete nunca vai ficar parado, sempre vão existir mudanças e acho que neste momento o que melhor e está mais dando resultado é esse, então arrisquei. Segundo, eu comecei a assistir jogos da Europa de outra forma, eu comecei a ver que quando os caras tinha espaço eles atacavam e não importava o tempo no relógio de 24 segundos. Não importava se era em contra-ataque, transição, eu vi que quando tinham espaço eles arremessavam, porque eles arremessam menos lá é porque não tem tanto espaço, as defesas são melhores, os jogadores são maiores, lá estão os maiores jogadores fora da NBA, então os jogadores são maiores, mais fortes, talvez mais inteligentes, então eles conseguem cobrir mais os espaços, tecnicamente são melhores ofensivamente do que defensivamente, então por isso que não encontram tanto espaço, na NBA encontra-se mais espaço por conta da regra dos três segundos no garrafão, além de outras coisas, que deixa mais espaço na quadra, e no Brasil eu comecei a perceber que vendo os jogos do ano passado, principalmente dos playoffs, eu achei meu time muito travado nos playoffs do ano passado, principalmente contra Bauru e ai eu comecei a perceber que tínhamos espaço e não arremessávamos porque eu estava travando os caras muitas vezes, por conta desse meu outro estilo de jogo, então eu resolvi que íamos fazer igual se faz no mundo, inclusive na Europa, tem espaço pode chutar e buscando também outro comprometimento dos jogadores, um comprometimento muito maior defensivo, um comprometimento muito maior no rebote, você dá de um lado e tenta ganhar do outro, então comecei a perceber isso e acabou dando certo, acho que basquete é isso mesmo. Aqui no Brasil encontramos espaços porque infelizmente as defesas não são iguais as da Europa. Por isso que se arremessa mais do que lá.

BNC: Adorei a explicação, mas como foi quando chegou lá no time na pré-temporada e falou para os jogadores desse estilo de jogo, não para os novos que não conheciam, mas para os jogadores que haviam ficado da temporada passada, o Jhonatan, o Eddy, Hubner, Lucas Dias, como foi que você falou isso para eles? Como eles encararam isso?
GUSTAVO: Isso foi tudo no treino, é tudo no treino, no jeito que conduzia os treinos, eu induzia eles a jogarem neste estilo. Vou dar um exemplo, estou dando treino no começo da temporada, ai o time leva uma cesta em um cinco contra cinco, e demora mais de três segundos para todos os jogadores passarem do meio da quadra, eu parava o treino e falava, tá demorando muito para passar o meio da quadra, bola pro outro time, volta para marcar, com isso o cara na próxima vez vai pensar antes de demorar, então tenho que correr, mesmo depois de cesta eu tenho que correr, um tem que bater o fundo bola, o armador tem que pegar a bola rápido, todo mundo tem que ultrapassar o meio da quadra rápido, então eu induzia eles a isso. Outra forma é, eu estava jogando um cinco contra cinco, um arremessador arremessou, não foi cesta e só foi um cara do ataque no rebote, eu parava e falava, quero três jogadores brigando pelo rebote o tempo todo, então é treino, você vai mandando os recados, eu não sou um cara de ficar dando palestra, parar e falar, para você ter ideia, este ano nem vídeo eu fiz. Fizemos uns três vídeos a temporada inteira, se foi muito, e nem foi vídeo de jogo ou de treino, foi vídeo meio que exemplos da NBA, exemplos da Europa, então eu não sou muito de ficar conversando, sou mais mostrar na prática, acho que acabou dando certo, né, você vai dando o recado durante os treinamentos e vai condicionando eles para essas situações.

Divulgação / LNB

BNC: Minha última provocação, logo após o vice-campeonato no ano passado, você recebeu propostas da Argentina, e acabou ficando no Paulistano, que foi ótimo para todo mundo, para o clube, para os jogadores, para a Liga, para nós que temos ótimas entrevistas, e agora você assina com o Flamengo para ficar dois anos, é uma conversa que eu já tive aqui no Rio com o Neto, já falei com o Demétrius também, acho que vocês técnicos, principalmente esses que eu citei são muito preparados para ter uma carreira internacional, na Europa, Argentina, onde quiserem, o quanto ir para o Flamengo te tira esse upgrade de carreira que seria treinar fora? Porque imagino que seja um sonho treinar um clube europeu. O quanto que vir para o Flamengo te tira dessa rota ou te coloca ainda mais no radar?
GUSTAVO: Eu acho que me coloca mais ainda na rota, eu sinceramente não sei qual caminho a minha carreira vai trilhar, só o tempo vai dizer isso, mas estando no Flamengo estou no radar, já temos um amistoso contra o Orlando Magic, que é uma visibilidade tremenda, uma baita oportunidade, depois tem Liga Sul Americana, se ganharmos tem Liga das Américas, então já é assim, não preciso estar na Europa ou Argentina para ter uma carreira internacional, a visibilidade que vamos ter é grande. Depois do anuncio da minha ida ao Flamengo, meu celular travou umas três ou quatro vezes, já tá me dando prejuízo, vou ter que comprar um celular com mais memória, então é uma coisa diferente, já está numa rota de carreira internacional porque o Flamengo acaba sendo uma equipe internacional.

BNC: Quão difícil foi se despedir de um clube que você ficou 15 anos, e que te viu crescer como profissional, que viu suas filhas nascerem. Quão difícil foi deixar o clube, que tipo de mensagem te emocionou hoje de algum atleta, não sei se te ligou. Conta um pouquinho de como foi, você ligou para quem para contar o anúncio, como foi?
GUSTAVO: É até difícil falar, sem querer te corrigir, mas são 21 anos aqui. Eu estou aqui desde 1998 e estava aqui até segunda-feira. Já fui lá no clube, falei com as pessoas, me emocionei muito em todos os lugares que eu entrei lá, foi muito complicado para mim, acho que seria para qualquer pessoa ficar tanto tempo em uma empresa, foram os caras que me deram as primeiras oportunidades, confiaram em mim, enfim, é um carinho muito grande que eu tenho, uma amizade fantástica que vou carregar para o resto da vida, é um clube que vai marcar não só minha carreira, mas também minha vida, minhas filhas nasceram aqui, nas dificuldades que tive com a minha filha me ajudaram demais, sabe, foi realmente inesquecível e tenho um carinho enorme e espero que eles fiquem muito bem também, vou estar na torcida por eles e é um carinho muito grande que tenho.

BNC: No sábado quando ganharam o campeonato, qual a sensação que fica após dois vices, eu já vi entrevista de técnicos dizendo que além da felicidade, tem o alívio também, porque é muita pressão, mesmo o Paulistano sendo um clube social, que não tem tanta torcida como os times de cidade, mas qual a sensação que fica após este título e jogando um basquete muito bonito? Quando zerou o cronometro, você se emocionou demais, mas que que você sentiu?
GUSTAVO: Me perguntaram essa questão do alivio ai, mas eu juro para você que não senti essa sensação de alivio, acho que porque sem querer passar nenhuma arrogância, eu estava muito confiante está temporada na gente, jogamos um basquete bacana, e eu já estava feliz por termos jogado nesse estilo, que as pessoas gostavam de ir no ginásio ver e é o que gostamos mesmo, né? Jogamos um basquete muito eficiente, eu via nos olhos dos caras que não íamos perder este título de jeito nenhum, eu via nos olhos deles, cada dia que entravamos nesta semana que pareceu um ano entre um jogo e outro, assim, eu olhava para eles e a gente não conversava muito, do jeito que eles estavam treinando, não é clichê, mas tivemos muita confiança a temporada inteira, sem ser arrogante, confiando um no outro o tempo todo, e não deu para sentir esse alivio, era uma felicidade enorme, porque eu via que o Lucas queria a última bola, o Deryk queria a última bola, o Yago, quando você vê essa molecada que chega com uma certa desconfiança e querendo uma última bola de final de campeonato é que o trabalho do técnico já foi feito.

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