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Bala na Cesta

Em jogo agônico, Paulistano bate Bauru, volta à final do NBB e se consolida entre os grandes do Brasil

Fábio Balassiano

15/05/2018 00h01

Foi um jogaço de basquete nesta segunda-feira em São Paulo. Com tudo o que o esporte merece e precisa – drama, intensidade, recuperação, dois técnicos excelentes, ginásio cheio e bola final que selou o destino da série. No estouro do cronômetro, os 80-77 pro Paulistano contra um mega valente time de Bauru levaram a capital de SP pelo segundo ano consecutivo à final do NBB.

Na luta pelo caneco inédito, Paulistano e Mogi medem forças a partir de sábado (aqui datas e horários completos da série). Pelo segundo ano seguido teremos uma decisão com times do Estado de São Paulo, e pela primeira vez na história da competição haverá uma decisão sem Marcelinho Machado e Alex Garcia, o que fala muito sobre os novos tempos do basquete daqui.

Novos tempos que podem ser exemplificados pelo trabalho irretocável do técnico Demétrius, que pegou um desfalcado Bauru e levou a equipe até literalmente a última bola do último jogo. Seu time perdia de 20 no meio do terceiro período quando o treinador arriscou, manteve uma formação totalmente aberta e, com Duda inspirado, foi tirando, tirando e tirando a diferença. No estouro do cronômetro, o mesmo Duda teve a chance de empatar com um tiro de três bem marcado por Lucas Dias, mas não conseguiu conectar.

Novos tempos, também, que podem ser lembrados pelo excepcional modelo de jogo e de trabalho do Paulistano, clube que chega pela terceira vez a decisão do NBB desde 2014 (2017 e 2018 as outras). O time não tem a folha salarial de um Flamengo, Franca, Mogi mesmo, mas compensa com uma estrutura absurda de boa, com um técnico acima da média (Gustavo de Conti), com um senso coletivo de dar gosto e com um plano de jogo bem condizente com o que se pratica de mais moderno pelo mundo – quadra espaçada, velocidade, bolas de três em profusão, rotação frenética e intensidade para marcar.

Se em 2014 era novidade, em 2017 foi o retorno, neste ano é a consolidação. De um modelo de pensamento, de uma forma de ver o basquete, de uma filosofia de trabalho. A ida do Paulistano a mais uma final coloca a equipe entre as melhores do país, não há a menor dúvida disso. Antes um time que entrava no campeonato para chegar aos playoffs, o clube comandado pelo cada vez mais maduro e sempre inconformado Gustavo de Conti é, há no mínimo quatro anos, integrante da elite do basquete nacional.

Se ninguém tinha reparado isso, chegou a hora de colocar o Paulistano no patamar dos maiores clubes de basquete do país. E não graças a um "cheque em branco" de dinheiro para montar super-times, mas sim pela qualidade do planejamento da diretoria e pela execução dos treinamentos por parte da comissão técnica e de um grupo de jogadores que segue a risca o que o técnico Gustavo de Conti diz no dia a dia.

Será uma grandíssima final entre Paulistano e Mogi, dois times que com suas diferenças chegam a esta decisão do NBB fortalecidos e com imensa justiça.

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