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Bala na Cesta

Botafogo 'repatria' Léo, que será o técnico alvinegro para o NBB11

Fábio Balassiano

11/05/2018 13h00

* Por Felipe Souza

Após 33 dias da eliminação que o Botafogo sofreu para o time do Caxias do Sul, a equipe de General Severiano acaba de acertar com um novo comandante para a sua equipe. E ele vem diretamente do seu algoz. O treinador Leonardo Figueiró Alves, que trabalhou como ex-assistente do Caxias do Sul, acertou o seu vínculo com o clube carioca na terça-feira à noite no Rio de Janeiro.

O novo comandante chega a um clube que conhece muito bem. Léo teve passagem marcante como atleta na equipe que contava, entre outros, com Marcelinho Machado e Arnaldinho no começo do século, e agora assume o cargo com a expectativa de colocar o Glorioso em outro patamar no próximo NBB (Novo Basquete Brasil).

"Cara, é um prazer gigantesco voltar para onde a minha vida no basquete começou. Ao mesmo tempo é uma responsabilidade gigante, mas é uma responsabilidade boa. Responsabilidade que me motiva, que me faz feliz. Agora é trabalhar firme e montar um elenco forte e um grupo forte, que tenha a cara e aquilo que eu acredito do basquete", disse Léo a mim na tarde de ontem.

Depois de 25 anos de basquete profissional como jogador, Léo chega querendo mostrar a todos que pode dirigir um grande clube. E na minha opinião ele chega pronto. Além de participar de uma das equipes que mais chamaram a atenção nesta temporada, ele treinou o Contagem Towners (Liga Ouro) e algumas partidas pelo (agora extinto) Rio Claro. Ele também participou de clínicas junto ao San Antonio Spurs e na universidade do Texas em 2015 buscando a sua evolução na carreira como treinador.

Como jogador, teve passagens por Flamengo-RJ (onde atuou ao lado de Oscar Schmidt), Botafogo-RJ, Universo-Ajax-GO e Rio Claro-SP. Mas o maior destaque fica para o time alvinegro, time que por sinal ele é torcedor declarado:

"Comecei no clube em 1989 na categoria infantil. Fui bicampeão infanto, campeão Juvenil, campeão adulto em 1991 (Alberto Bial era o técnico). Depois fui pra São Paulo. Voltei em 1997, saí depois do carioca, voltei em 1998 e fiquei até o término da equipe em 2001. Ganhamos uma Taça Kanela, fomos duas vezes vice-carioca e terceiro no Nacional no time que tinha Arnaldinho, Marcelinho, eu, Mãozão, Keith Nelson, Fred e companhia limitada", afirmou ao blog em contato na noite de ontem.

Além de falar sobre a sua história no Botafogo, ele também falou um pouco sobre a sua filosofia de trabalho: "Gosto muito de uma gestão horizontal com um corpo multidisciplinar trabalhando em sintonia os aspectos técnicos, físicos, táticos e mentais. Dentro de quadra sempre prezo pelo jogo extremamente coletivo dando autonomia para o jogador quanto a tomada de decisão seguindo normas e conceitos pré-estabelecidos".

Agora que você já conhece um pouco sobre a história do Léo no Botafogo e sua filosofia de trabalho, vamos mostrar o que ele pode agregar a essa nova equipe alvinegra que está sendo montada.

A CHAVE DESSA EQUIPE DEVE SER A MOBILIDADE

Se olharmos para o time do Caxias nessa temporada, uma das coisas que mais chamaram a atenção na equipe foi justamente a mobilidade dos seus jogadores nos dois lados da quadra. Quando atacava, os jogadores espaçavam bem a quadra e se movimentavam bastante para criar espaços na defesa adversária. Essa movimentação sem bola, criava os missmatchs (confrontos desiguais) perfeitos e foi um dos diferenciais para que o Cauê Borges sempre conseguisse atacar a defesa no 1-1. Outro ponto para ser observado é que até os jogadores que atuavam mais perto da cesta, como o ala-pivô Paranhos e o pivô Marcão, se movimentavam bastante para serem usados me pick and roll ou até mesmo no pick and pop.

Na parte defensiva a mobilidade foi bem usada para o uso de dobras na marcação. O time do Caxias conseguia colocar o Paranhos para fazer a cobertura de jogadores mais leves, sendo alas e até mesmo alguns armadores. Se no Botafogo vimos um garrafão "pesado" nesta temporada e jogadores que não se movimentavam muito no ataque, então podemos imaginar o que deve ser um dos pontos mais explorados pelo Léo e a sua nova comissão para a próxima temporada.

O TIME DEVERÁ SER MAIS CARIDOSO E FORTE NOS REBOTES

Léo falou acima que "prezo pelo jogo extremamente coletivo" e isso é bem verdade se olharmos para alguns números dessa temporada. A equipe do Caxias deu 555 assistências contra 452 do Botafogo. Mesmo com o Cauê Borges sendo o principal pontuador da equipe (média de 16,1), os outros jogadores participavam bem da pontuação do time.

Pelo lado dos rebotes, mesmo o Botafogo tendo um garrafão que tinha tudo para ter o rebotes como o seu fundamento principal, ficou atrás do time do Sul. A equipe carioca pegou 1.098 rebotes no campeonato (sendo 291 ofensivos), enquanto o time do Caxias conseguiu incríveis 1.222 rebotes (sendo 347 ofensivos). O trabalho de posicionamento dentro do garrafão e proteção dos rebotes pelo time sulista foi bem desempenhado em todo o campeonato.

GESTÃO DE PESSOAS E CONHECIMENTO DO CLUBE DEVERÁ SER O DIFERENCIAL

Esse é de longe um dos pontos mais importantes nessa vinda do Léo. Por ter jogado no clube, ser torcedor declarado e nunca ter se distanciado do clube, ele conhece muito bem como tudo funciona lá dentro. Sabe muito bem da situação e suas dificuldades. Internamente todos também sabem quem ele é lá dentro e isso vai dar um certo respaldo no trabalho dele.

Pelo lado gestor, o fato de ter sido jogador deve ajudar a entender o que passa na mente de cada jogador e usar bem as palavras. Mas não só isso, quando perguntamos sobre o Léo para outros jogadores com quem ele trabalhou, tratam ele com um carinho e respeito imenso.

Isso tudo garante que o Leo fará um trabalho perfeito? Não. Mas se a montagem do elenco for bem feita e ele conseguir colocar bem a sua filosofia de jogo para os seus jogadores, ele tem tudo para fazer uma ótima temporada pelo Botafogo no próximo NBB.

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