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Bala na Cesta

Seis motivos pra acreditar que o Houston Rockets pode bater o Golden State Warriors na NBA

Fábio Balassiano

05/03/2018 06h24

Daryl Morey, gerente-geral do Houston Rockets, se disse "obcecado" para vencer o Golden State Warriors depois do final da temporada passada. Foi por isso que foi com sede atrás do genial armador Chris Paul e, mesmo na liderança do Oeste neste campeonato, não sossegou enquanto não fechou o elenco com mais peças experientes visando os playoffs (Joe Johnson, Gerald Green e Brandan Wright chegaram recentemente).

Com 49 vitórias em 62 jogos (a última contra o Boston no sábado à noite no Texas por 123-120), a melhor campanha da liga, a dúvida que fica sobre o time que vem de 15 triunfos seguidos é: o Houston está no mesmo nível do Golden State (49-14) a ponto de bater os atuais campeões em uma eventual final de conferência Oeste? A resposta é "sim", e abaixo eu coloco seis motivos para mostrar isso:

1) James Harden -> Anthony Davis está jogando uma barbaridade nas últimas semanas, mas no geral da temporada é quase impossível alguém discordar que o Barba é o melhor jogador do campeonato. Cestinha da NBA com 31,2 pontos (maior marca de sua carreira), ele também está entre os melhores em assistência (o terceiro com 8,9). Melhorou seus aproveitamentos de arremessos (de 44 para 45%) e de bolas de três pontos (34,7 para 38%), reduziu os desperdícios de bola (5,7 para 4,3 por jogo) e conseguiu subir ainda mais a quantidade de tiros longos por partida (10,6 por partida e incríveis 584 no total, quase 100 a mais que o segundo no quesito, o também Rocket Eric Gordon). Se não bastasse isso tudo, Harden ainda tem deixado muita gente sentada no chão por aí…

2) O ataque -> O Barba é a principal arma, mas não a única do MELHOR ATAQUE DA NBA DE TODOS OS TEMPOS (usando o critério de pontos a cada 100 posses de bola). Com 114 pontos por partida, o Rockets tem um índice bizarro de 115,8 pontos a cada 100 posses de bola, um pouco melhor do que os 115,6 do Los Angeles Lakers, campeão em 1987. Contribuem para isso, além de Harden, os 18 pontos por jogo de Chris Paul e Eric Gordon, os 14,5 do versátil Clint Capela (que evolução!), os 12,2 de Trevor Ariza, os 11,5 do recém-chegado Gerald Green e os 10 pontos de Ryan Anderson por noite.

3) A defesa -> Fala-se muito sobre o setor ofensivo do Houston, mas a defesa é bem boa também. Fazendo trocas nas rotações em 36% dos ataques dos rivais, um recorde nesta temporada, o time permite apenas 35% de conversão nas bolas de três dos rivais. Para melhorar ainda mais a marcação, o técnico Mike D'Antoni efetivou o útil PJ Tucket como titular ao lado de Trevor Ariza nas alas (dois carrapatos) e tem dado cada vez mais tempo de quadra para o carrapato camaronês Luc Mbah a Moute, um dos melhores marcadores de perímetro da NBA e também capaz de marcar jogadores mais altos. Com isso, James Harden não fica tão pressionado para segurar seus rivais na defesa, os oponentes têm mais dificuldade para pontuar e o Houston consegue sair em contra-ataque rápido como sempre gostou.

4) Warriors "relaxado" -> Não há a menor dúvida que o Golden State tem o maior número de estrelas juntas no mesmo elenco. Draymond Green, Kevin Durant, Steph Curry e Klay Thompson são futuros Hall da Fama e, jogando bem, são difíceis de segurar. Isso é um fato. Mas embora estejam coladinhos ao Rockets nesta temporada (uma derrota separa as duas franquias na classificação), o técnico Steve Kerr já disse que seu time está muito relaxado depois de ter conquistado o título em 2017. E no Oeste o mando de quadra pode ser fundamental para as equipes conquistarem a vaga na sonhada final da NBA. Se ficar em primeiro da conferência, o Rockets leva uma vantagem gigantesca pros playoffs.

5) Elenco recheado -> Se o Warriors possui futuros Hall da Fama, nenhum elenco na NBA é mais recheado que o do Houston Rockets. São no mínimo 12 opções por jogo que o técnico Mike D'Antoni pode tirar de sua cartola sem o menor problema. As nuances vão de Chris Paul e James Harden na armação, passando por Eric Gordon, Joe Johnson (também recém-chegado), Gerald Green, Trevor Ariza, Ryan Anderson, Brandan Wright, Mbah a Moute e PJ Tucker nas alas, e fechando com o brasileiro Nenê e Clint Capela no pivô. É inacreditável que Daryl Morey tenha conseguido colocar tantas peças boas juntas no mesmo elenco em uma NBA cada vez mais preocupada com teto salarial e redução de investimento. Mas assim vai o Rockets para conquistar o seu primeiro título em mais de 2 décadas. Recheado em todas as posições.

6) Chris Paul "desesperado" -> James Harden é o futuro MVP, mas se tem alguém desesperado nessa história toda é Chris Paul. Considerado um dos melhores armadores de todos os tempos, o jogador de 32 anos e há mais de uma década na liga nunca jogou uma FINAL DE CONFERÊNCIA em toda a sua carreira. É óbvio que basquete é um esporte coletivo, mas está muito claro que para potencializar seus inúmeros feitos individuais e sua imensa qualidade técnica CP3 terá que ir mais longe com um time que, é bem verdade, pela primeira vez com ele tem todas as peças para ir longe.

Concorda comigo? Ou ainda é cedo para confiar em um Houston que ano passado também era cercado de expectativa mas que perdeu na semifinal do Oeste para o San Antonio Spurs?

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