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Bala na Cesta

Como explicar a subida de produção do Oklahoma City Thunder, que venceu 8 seguidas na NBA?

Fábio Balassiano

29/01/2018 06h20

O fim de semana foi de sentimentos distintos para o Oklahoma City Thunder. No sábado, a franquia perdeu o ala Andre Roberson para o restante da temporada após o ala escorregar em Detroit e romper o tendão patelar em um lance bem feio (mais aqui). Ontem venceu o Philadelphia 76ers em casa por 122-112, chegou a 30-20, oito vitórias consecutivas e encosta cada vez mais no San Antonio Spurs, o terceiro do Oeste com uma derrota a menos. Pra quem vinha claudicante até o final de 2017, a diferença é bem absurda.

E a principal razão é: o ataque melhorou absurdamente quando a comissão técnica optou por jogar com Carmelo Anthony da mesma maneira que a seleção americana fez com o ala nas Olimpíadas de 2008, 2012 e 2016: como arremessador parado, e não em jogadas de um-contra-um. O resultado é imediato. A franquia que liderava a NBA em situações de isolação caiu para décimo-sexto no quesito em janeiro e melhorou nos arremessos como um todo. No mês de janeiro, são 48% nos tiros de quadra, 36% nas bolas de 3 e 22 assistências. A bola roda mais, o jogo flui e Carmelo, ainda bem, continua a ser envolvido na melhor coisa que ele sabe fazer – chutar.

Falando do Big 3 de Oklahoma, Carmelo saltou de 15 para 18 pontos por jogo em janeiro arremessando exatamente a mesma coisa (15 vezes/jogo), mas aumentando seu percentual de conversão (38 para 45%). Jogar esperando o melhor arremesso tem sido muito melhor pra ele e para o time. Paul George, escolhido para o All-Star Game no lugar do lesionado DeMarcus Cousins, continua soberbo na defesa e incrível no ataque. Contra o Cavs, recentemente, foram 36 pontos. No mês, 47% nos arremessos de quadra. O basquete que ele jogava em Indiana em sua melhor fase parece potencializado no Thunder, onde ele divide a responsabilidade de ataque com mais dois acima da média e pode usar sua energia na marcação para também ser dominante.

O líder do time, porém, continua o mesmo da temporada passada. Russell Westbrook, ninguém nota, tem quase uma média de triplo-duplo de novo (25,5 pontos, 10 assistências e 9,5 rebotes), saltou de 23 para 40% nas bolas de três neste primeiro mês de 2018, tem arremessado menos (10% a menos em 2018) e converteu 10+ arremessos de quadra em 9 partidas até o momento. O camisa 0 é um fenômeno, não há dúvida

Quem também merece destaque é o pivô titular. Steven Adams é um "cavalo físico" desde sempre, mas evoluiu bastante em todos os fundamentos. Em uma rotação que conta com Westbrook, George e Melo, o neozelandês consegue a proeza de ter 13,6 pontos, algo absurdo e que mostra muito bem como ele tem se desenvolvido desde que chegou na liga há quatro temporadas. Um dado que chama bastante atenção em Adams é o número de rebotes ofensivos. Ele lidera a liga com 5,1 por jogo, algo surreal. E com um detalhe: o camisa 12 consegue apanhar mais rebotes no ataque do que na defesa (3,8).

O único ponto que ainda preocupa no Thunder é justamente o banco de reservas. Não é sem razão que o técnico Billy Donovan usa Melo, Russ, George e Adams por 32+ minutos em média por jogo. Dos que saem do banco, apenas Raymond Felton tem jogado bem em 2018 (7,7 pontos e 3,5 assistências). Trazido para matar suas bolinhas de fora, Patrick Patterson é uma decepção só com 4,6 pontos em 2018 e 16 minutos por jogo. Muito pouco. Por sua vez, Terrance Ferguson, o calouro, tem 6,6 pontos/jogo em janeiro, mas como todo jovem tem alternado muito. Provavelmente ele, Ferguson, vai ser o titular no lugar de Roberson e isso será preocupante porque a rotação, que tem sido difícil para o OKC, tende a ficar menos certeira sem o ala que era uma ótima opção para marcação no perímetro (em que pese sua mão "dura" no ataque).

No final de 2017 escrevi aqui sobre como o OKC era bom na defesa e péssimo no ataque. Agora a marcação continua boa e o setor ofensivo passou a produzir como a gente esperava dele. O Oklahoma, enfim, joga o grande time que todos imaginavam antes da temporada. Com o Spurs cada vez menos confiável devido a lesão de Kawhi Leonard, aparentemente Russell Westbrook e companhia têm tudo para ganhar e se firmar na terceira posição do Oeste.

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