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Bala na Cesta

Após briga com companheiro, ele transformou o Bulls de saco de pancada em sensação da NBA

Fábio Balassiano

20/12/2017 01h27

Há cerca de um mês escrevi aqui que o Chicago Bulls era o maior saco de pancada da NBA. À época com 3 vitórias em 18 jogos, a franquia de Illinois só pensava mesmo em como perder com muita força para tentar a primeira escolha no Draft de 2018.

Mas o plano do pick 1 no próximo ano não contava com uma arma que estava literalmente no estaleiro: o montenegrino Nikola Mirotic, ala que ainda não havia estreado na temporada devido a uma briga na véspera do primeiro jogo do campeonato que o levou ao hospital.

Pra quem não lembra, Mirotic disputava um rebote com Bobby Portis, que não gostou e desferiu um soco no camisa 44. O golpe pegou em cheio, e o barbudo caiu e imediatamente teve afundamento do maxilar. Ficou hospitalizado por quase 20 dias e no período Portis tentou contato com o montenegrino para pedir desculpas, mas Niko não quis nem saber e disse que fora de quadra mantém-se mudo em relação ao agressor. O cenário de caos poderia piorar caso a campanha ruim se deteriorasse.

Só que aí Mirotic retornou às quadras no jogo 23 do Bulls contra o Charlotte Hornets e desde então o Chicago não perdeu mais. São seis vitórias consecutivas, e tirando o jogo da estreia de Niko em todos os ala saiu com no mínimo 19 pontos. Ao todo já são 20,3 pontos de média, 7,3 rebotes e 50% nos arremessos, recordes de sua carreira de até agora quatro anos na NBA e que mostram quão bem ele entrou na rotação do técnico Fred Hoiberg, que agradece todos os dias a chegada de um jogador mais experiente para dar consistência a um dos elencos menos cascudos da liga.

A influência de Mirotic no desempenho do Bulls é tão grande que desde que ele retornou o Chicago tornou-se o décimo-primeiro melhor time em ataque e o quarto em defesa (apesar de essa não ser a especialidade dele, diga-se de passagem). Tendo Niko em quadra a performance é ainda melhor: a cada 100 posses de bola, o time tem uma vantagem de 8,1 pontos em relação aos rivais. Antiga deficiência da equipe, as bolas de três têm sido convertidas por ele (50% nos tiros longos também), que acerta 3 de longe por partida (contra o Knicks no dia 9 de dezembro foram cinco em oito tentativas) e "espaça" melhor a quadra por ter este, com o perdão da palavra, golpe em seu arsenal ofensivo.

Agora, querem saber de um dado pra lá de curioso? Apesar de não se falarem fora das quadras, dentro a dupla Mirotic e Portis tem funcionado às mil maravilhas. Quando estiveram juntos nos 74 minutos em que atuaram "sob o mesmo teto", eles superaram os oponentes em 18,8 pontos a cada 100 posses de bola. No jogo contra o Boston Celtics (vitória por 108-85), Mirotic teve 24 pontos e Portis, 23. Diante do Bucks, 22 do montenegrino e 27 do norte-americano.

Se a ideia do Chicago era perder para, quem sabe, conseguir o armador esloveno Luka Doncic, do Real Madrid, no Draft de 2018 na primeira posição, o Bulls só não contava com o fato de Nikola Mirotic estar tão bem assim para fazer um time que era uma cachoeira de derrotas se transformar em uma das equipes-sensação do momento na NBA. Mirotic não quer nem saber de Bobby Portis e do soco que o levou ao hospital no mês passado.

Pra alegria da torcida de Illinois, o negócio de Mirotic tem sido mesmo dar socos no próprio peito ao comemorar as boas atuações. São seis vitórias seguidas, 9-20 no total e o Orlando Magic em casa nesta noite para que a sequência de vitórias se mantenha intacta.

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