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Bala na Cesta

Fiel às raízes, Pinheiros mantém o nível da temporada passada e lidera invicto o NBB

Fábio Balassiano

14/12/2017 08h00

Flamengo, Vasco, Mogi, Bauru e Franca. Pra temporada 2017/2018 do NBB, estes eram os clubes que figuravam na lista dos maiores favoritos antes da bola subir. Passado pouco mais de um mês de um campeonato absurdamente disputado, o líder da competição não sai do grupo dos cinco pesos-pesados citado acima citados.

Único invicto e mantendo o ritmo da temporada passada, quando chegou às semifinais, é o Pinheiros (7-0) que toma as rédeas da fase regular do certame e crava a maior série sem derrota da história do clube na história do NBB. O time do ótimo Cesar Guidetti, técnico do clube há três anos e assistente da seleção brasileira adulta, venceu Joinville fora de casa por 90-82 na segunda-feira, enfrenta hoje o Bauru na capital de SP (20h com Facebook da Liga exibindo) e continua fiel às suas raízes de jogo e também a sua filosofia de não fazer "barulho".

Após um começo de temporada atribulado, com muitas lesões, sobretudo a de seu craque, o fantástico norte-americano Desmond Holloway (média de 17,6 pontos no atual NBB, a segunda maior marca do certame), e eliminação na segunda fase da Liga Sul-Americana, o Pinheiros joga exatamente como atuou no playoff passado, quando eliminou Vasco e Flamengo em cinco jogos antes de cair, também em 3-2, para o Bauru na semifinal – intenso, seguro, sem sobressaltos e rodando todas as suas peças.

Antes de seguirmos para falarmos de uma equipe que joga muito bem coletivamente, vale a pena um parágrafo apenas sobre Holloway. MVP da temporada passada, ele continua infernal no ataque com suas infiltrações, melhorou ainda mais suas médias nos arremessos (53% de aproveitamento) e continua letal na arte de cavar faltas pra forçar lances-livres (são 7,3 tentativas por jogo, com 71% de conversão).

Sua pontuação é alta, mas ao mesmo tempo é interessante notar que ele não "extrapola" o jogo pra ele (11,6 chutes/jogo), não se mata para fazer seus pontos e ainda distribui muitas assistências (4,9, quase 30% a mais que em 2016/2017). Se individualiza em alguns momentos, é muito mais pela necessidade do time do que por uma sanha "fominha" que mataria a mentalidade altruísta que tanto gosta e prega o técnico Guidetti.

Se no ataque a mola-mestra atende pelo nome de Holloway, não dá pra esquecer da participação fundamental de Cordero Bennett (11,1 pontos), Arthur (13,1) Ansaloni (11,3) e Toledo (11,3 também). No total são 10 jogadores atuando por 10+ minutos e 7 anotando mais de 7 pontos por jogo, resultando em 84,5 por jogo, a melhor marca do NBB atual mesmo sem abusar das bolas de três pontos e sempre ali entre 81 e 90 pontos (regularidade acima de tudo). O time é o que menos tenta de longe, com 20,1 por jogo. Outro dado interessante atende pelos 12 desperdícios de bola, número mais baixo do campeonato.

No elenco há uma mescla interessante entre os gringos Bennett, Holloway e o recém-chegado Ware, que anotou 8 de seus 12 pontos contra Joinville na segunda-feira e aos poucos se adapta ao basquete brasileiro, os brasileiros mais rodados em busca de espaço e os jovens formados em um dos clubes com melhor divisão de base do país. Os Sub-21 Felipe Ruivo e Gui Bento chamam a atenção pela desenvoltura e pelo tempo de quadra (24 e 11 minutos, respectivamente).

Melhor que o ataque pinheirense só mesmo a defesa, a segunda menos vazada do NBB com 70,3 e que levou mais de 80 pontos apenas uma vez (os 82 de Joinville na segunda-feira). Contribuem pra um azeitado sistema de marcação o fato de a rotação ser longa, grande e recheada de atletas de imenso potencial físico. Quando entram em quadra, os jogadores podem dar 200% de intensidade para castigar o rival e forçar o adversário a arremessos não muito confortáveis – os 30% nos três pontos e 40% nos dois pontos de conversão do oponente, melhores índices do campeonato, falam por si.

Se está invicto após 7 partidas, o futuro pode ser ainda melhor para os pinheirenses. De agora até o final de 2017 o time terá 5 partidas por fazer, sendo 4 deles na capital de São Paulo. Bauru nesta quinta-feira, Vitória no sábado, Mogi no dia 20/12, Liga Sorocabana em 22/12 (único duelo fora de casa) e Franca em 29/12. Sem fazer barulho, sem fazer alarde, sem pedir passagem, o Pinheiros faz um belíssimo começo de NBB e busca se manter entre os melhores times do país. O começo é animador.

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