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Bala na Cesta

Como o Thunder saiu de favorito para a maior decepção da temporada da NBA em dois meses

Fábio Balassiano

29/11/2017 06h20

Quando, em uma tacada só, o Oklahoma City Thunder anunciou que contratou Paul George e Carmelo Anthony para se juntar a Russell Westbrook o mundo da NBA entrou em polvorosa. Era a chance do atual MVP da melhor liga de basquete do planeta ter dois All-Stars aos seu lado e conseguir, com eles, jogar de novo uma final de campeonato.

Dois meses de campeonato se passaram, e a esperança de termos um rival à altura do Golden State Warriors no Oeste deu lugar a uma das grandes decepções da temporada. Com 11 derrotas em 19 partidas, o OKC não está nem na zona de classificação dos playoffs e vem de quatro derrotas nos últimos cinco jogos. A última contra o Dallas por 97-81. Dallas que é um dos piores times de toda NBA.

Sei bem que toda montagem de time requer tempo, paciência e uma série de ajustes – da comissão técnica, dos atletas que chegam e dos jogadores que já estão por ali. O próprio Miami Heat de LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh tinha 11-8 após 19 jogos e muita gente tinha dúvida se os caras iriam engrenar mesmo – como engrenaram, chegando a quatro finais consecutivas entre 2011 e 2014. Muita gente achou que se o negócio fosse desandar por aquelas áreas a chave (negativa) seria a defesa.

E nem é o que vemos, hein. Nos 19 jogos que fez o Oklahoma levou apenas 98 pontos de média (segundo menor índice da NBA) e viu os adversários converterem apenas 43% dos arremessos e 33% das bolas de três pontos – nos 2 últimos quesitos a equipe está no Top-10 de eficiência defensiva da liga. Querem saber onde está mesmo o problema? No ataque. Sim, lá mesmo. E se tem uma coisa que ninguém esperava do OKC é que o ataque fosse tão errático assim.

O Thunder tem 102 pontos por jogo, mas apenas 43% de conversão nos arremessos de quadra, o quinto pior índice de toda NBA. Para quem tem Westbrook, George e Carmelo, três dos melhores jogadores do planeta, isso é bem espantoso, mas não muito. Só que, apesar dos 3 terem praticamente a mesma média de 20 pontos/jogo, seus aproveitamentos de arremessos são os piores de suas carreiras. Russ tem 40% de quadra. George, 42%. E Carmelo, 42%. Não é ruim, mas está longe de ser excelente.

E o pior: ao que parece, a forma deles jogarem não se modificou em relação aos últimos anos, não. Com a diferença que antes os três jogavam em equipes que rodavam tudo ao redor deles quase que o tempo inteiro. Baseando seus ataques praticamente em jogadas de um-contra-um (isolações), eles somam 19 das 100 posses de bola do time desta maneira, a mais alta combinação entre três jogadores de toda liga.

Com isso, o ataque torna-se previsível, e nos finais de jogos as defesas conseguem marcar e antever bem o que farão os atacantes do Thunder. O resultado? O Oklahoma é o pior time da NBA nos últimos cinco minutos de jogos quando as partidas estão ou empatadas, ou com margem de cinco pontos no máximo.

Se sobra talento, falta inventividade principalmente ao técnico Billy Donovan para fazer com que seu trio jogue como um time que some forças e não como indivíduos quase que apartados da estrutura da equipe. Não houve, ainda, nenhuma mudança no time titular, até porque faltam opções no banco para tal. Talvez uma mudança no sistema, menos egoísta e mais altruísta (o time está entre os cinco que menos rodam a bola na NBA também…) seja a saía.

Por enquanto, a grande esperança da torcida de Oklahoma, que seria vencer o Golden State Warriors do agora odiado (por eles) Kevin Durant, virou decepção. Se no Oeste tudo é difícil, jogando essa bola murcha que o Thunder está praticando chegar longe na pós-temporada parece ainda mais complexo.

 

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