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Bala na Cesta

Sem motivação extra por não estar na seleção, Neto foca no Flamengo e quer retomar título do NBB

Fábio Balassiano

07/11/2017 06h00

Nesta terça-feira, 7 de novembro de 2017, o Flamengo faz oficialmente o seu primeiro jogo em casa na temporada 2017/2018. Diante de seu torcedor, o rubro-negro tenta vaga no Final Four da Liga Sul-Americana em um grupo que tem também o brasileiro Pinheiros, Estudiantes Concórdia (Argentina) e Olímpia (Paraguai). Os dois melhores classificados avançam à decisão, o calendário e ingressos para compra estão aqui e o primeiro duelo, logo mais às 20h30, é diante dos paraguaios.

No lançamento do NBB, na semana passada em São Paulo, eu conversei com o técnico José Neto sobre a temporada que se apresenta, os desafios de comandar o Flamengo após a perda do reinado no NBB com o revés diante do Pinheiros no playoff da temporada passada, a despedida de Marcelinho Machado e o convite que não veio para que ele se tornasse o treinador da seleção brasileira masculina.

BALA NA CESTA: Qual a sua expectativa para o Flamengo nesta temporada? Já tem, logo de cara, a Liga Sul-Americana em casa e logo depois a estreia no NBB no dia 14 de novembro contra o Paulistano em São Paulo.
JOSÉ NETO: Vai ser diferente, sem dúvida. Dos últimos cinco NBB's, a gente ganhou quatro. Perdemos este último, então a expectativa, que sempre é brigar pelo título, fica ainda maior nesta temporada. A gente teve algumas mudanças na equipe, e a montagem foi pensando em brigar por todos os títulos que se apresentarem para nós. Primeiro Sul-Americana e NBB, e em caso de título na Sul-Americana, a Liga das Américas também. O investimento foi feito para isso. São competições longas, e todas elas se decidem nos playoffs. Falando no NBB, é importante ter um equilíbrio para administrar o fato de termos dois torneios simultâneos e também a ciência de que tudo se decide mesmo na pós-temporada.

BNC: Como foi a montagem do elenco? A formação é bem diferente do que vimos na temporada passada…
NETO: A gente teve que acabar conciliando algumas coisas. Saídas de jogadores e necessidades do elenco. O Ricardo Fischer, por exemplo, foi para a Espanha. Outros queríamos mudar um pouco a maneira de jogar. Precisávamos buscar uma melhora no estilo de jogo. Isso tudo com o orçamento que temos que cumprir e com a expectativa que o Flamengo merece, que é sempre a de brigar pelo título. Uma vez que montamos uma grande equipe, queremos brigar pelo troféu, apesar de sabermos que há cinco, seis que podem ganhar o título. Trouxemos o Cubillan e o Pecos para a armação, o Pilar para a ala e o pivô norte-americano MJ Rhett pensando nisso.

BNC: E como está sendo essa temporada final com o Marcelinho? Como está sendo, pelo lado do técnico, lidar com a despedida do maior ídolo do Flamengo? Mudou algo ou está tudo como sempre foi?
NETO: O primeiro de tudo é que ele deixou muito claro que esta é a última temporada dele, Marcelinho. Que o Flamengo continuará e que todos precisamos estar atentos e cientes disso. E ele quer manter o que sempre foi – muito competitivo. Ele não está indo fazer festa na última temporada. Ele não é que só fala isso, mas ele faz isso. Chega cedo, treina muito, é o último a sair. As atitudes dele são muito importantes. Ele está fazendo de tudo para que esta temporada seja muito vitoriosa, de sucesso mesmo como sempre foi. Então para o técnico é tranquilo, é até certo ponto calmo. A gente só acaba pensando nisso em alguns momentos. Em partidas, treinos, preparação não muda nada porque ele está muito focado.

BNC: O interessante disso tudo é que em 2015, se não me engano, houve um problema entre vocês, né? Uma discussão bem pesada no vestiário. Mas ficou no passado, certo?
NETO: Acabou que aquele lance teve uma proporção maior porque este tipo de situação, até certo ponto normal em vestiário, acabou vazando, acabou saindo na imprensa. Não foi nem o que saiu, mas acabou conhecido, né? Ele é muito competitivo, isso acaba acontecendo isso. Mas passou, e nós dois nos respeitamos muito pessoalmente e profissionalmente. Ele sabe da admiração que tenho por ele e eu sei que ele também me respeita. Depois disso conseguimos ganhar títulos com ele inclusive sendo meu capitão. Ele é um líder e eu me sinto muito seguro de tê-lo como líder da equipe.

BNC: Existe alguma motivação, de sua parte, diferente para essa temporada pelo fato de você não ter sido o escolhido para ser o técnico da seleção brasileira masculina adulta?
NETO: Não, não há. De verdade mesmo. Estar no Flamengo e vencendo me basta. Eu nunca trabalhei para estar na seleção brasileira. E agora não vai ser diferente. Até porque isso não depende de mim. Estar ou não lá independe de mim. O que me incomoda é quando meu time não ganha. Isso depende de mim exclusivamente. Não estar lá não me motiva a mostrar, a provar algo. Nada disso, sinceramente falando. O que me motiva é fazer o melhor pelo meu time. Aqueles que confiam no meu trabalho eu farei o máximo por isso. Essa é a minha maior motivação. Dessa forma eu vou atingir as minhas expectativas pelas pessoas que confiam no meu trabalho, pelos meus atletas e pela minha família.

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