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Bala na Cesta

Os méritos de Thelma Tavernari no título da Sub-14 masculina e o bom começo da base na CBB

Fábio Balassiano

02/11/2017 08h21

Nesta semana a seleção brasileira Sub-14 masculina (a primeira "idade" que disputa competições internacionais) conquistou o título Sul-Americano em Maturin na Venezuela. Venceu a equipe local na decisão por incontestáveis 73-28, viu Felipe Motta, neto do ex-jogador Paulo Motta e já trilhando carreira na Itália (joga em Roma) ser eleito o MVP e levantou um troféu que não conquistava desde 2014, quando no mesmo país foi campeão do torneio.

Não dá, nunca, pra especular ou comentar em cima de garotos tão jovens. Nunca fiz e nunca farei isso, vocês sabem bem. A caminhada é longa, muita coisa acontece no meio do percurso, mas dá, sim, pra falar algumas palavras elogiosas a uma pessoa brilhante. Thelma Tavernari, a técnica desta seleção Sub-14 que conquistou de forma invicta o Sul-Americano, é uma das melhores formadoras do país há tempos. E formação é algo que o basquete deste país precisa desde sempre e para sempre, né?

Nunca entendi o motivo pelo qual ela era ignorada pelas gestões passadas da CBB (talvez por ter personalidade e falar algumas verdades não muito bem compreendidas – aliás um problema crônico do país), mas o fato é que Guy Peixoto, novo presidente da entidade máxima, e Renato Lamas, Coordenador de seleções masculinas, acertaram em cheio ao dar o comando técnico da seleção Sub-14 para a treinadora do Pinheiros. Thelma, que em breve aparecerá por aqui em uma entrevista exclusiva, é a Coach K brasileira (melhor técnica do país no circuito de base / não profissional), e a única certeza que se tem quando ela começa a trabalhar é que os resultados irão aparecer – na quadra, com troféus, e fora dela com a formação de atletas e pessoas de alto nível. Que ela continue seu trabalho no clube Pinheiros e sobretudo nas seleções de base, é só o que desejo.

Mas além dela vale uma menção honrosa ao começo da CBB em relação a base. Seria até injusto usar a palavra "recomeço", porque a gestão Carlos Nunes simplesmente dizimou os campeonatos das divisões inferiores. Quem acompanha este espaço há mais tempo lembra que Nunes "matou" primeiro os brasileiros Sub-19, e depois todos os outros. Quando Guy Peixoto, o novo mandatário da Confederação, fala em terra arrasada, em legado zero, é a isso que ele se refere.

Mas uma rápida olhada no título do Sul-Americano Sub-14 mostra como um bom trabalho dá resultado. A equipe campeã foi formada com base na Copa Brasil de clubes sub-14, realizada em Belo Horizonte com 24 times na disputa no começo do mês passado.  A comissão técnica liderada por Thelma Tavernari esteve presente, pinçou os talentos, logo depois iniciou os treinamento na própria cidade e após 10 dias embarcou para a Venezuela. A Copa Brasil Sub-14 é uma das 10 competições de base que a CBB fará anualmente por quatro anos em parceria com o Comitê Brasileiro de Clubes (CBC). Atualmente, por exemplo, está acontecendo a Copa Brasil masculina Sub-16 em Belo Horizonte. Embora para se ter uma luz no fim do túnel ainda seja necessário muito tempo e trabalho, porque o "legado" nunesco e gregoriano era tenebroso, dá pra ter esperança em dias melhores.

Que o reencontro da CBB com os melhores momentos da base seja o prenúncio de novos tempos do basquete brasileiro. E que Thelma Tavernari continue sendo reverenciada pelo seu estupendo trabalho.

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