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Bala na Cesta

Com contrato longo na NBA, brasileiro Felício busca espaço no renovado Bulls

Fábio Balassiano

26/10/2017 06h00

Cristiano Felício começou a sua terceira temporada na NBA com muita expectativa. Depois de renovar o contrato com o Chicago Bulls por 4 anos e US$ 32 milhões, o pivô brasileiro de 25 anos sabe que com a franquia em reconstrução terá mais espaço na quadra do que nos seus dois primeiros campeonatos com a equipe.

Natural de Pouso Alegre, Minas Gerais, Felício conversou com o blog sobre o que espera do campeonato, do Chicago em reconstrução, do sonho que é jogar na NBA, dos seus pontos a melhorar e de como está sendo a transformação de jogar em um time que ano passado era considerado favorito e nesta temporada, um dos piores da liga.

BALA NA CESTA: Com 25 anos, dá pra acreditar que você tem um contrato de mais 4 anos e que poderá ficar mais de cinco anos em um dos times mais tradicionais da história da NBA, o Chicago Bulls? Qual o tamanho da felicidade de um garoto que começou em Pouso Alegre e que começou na NBA sem tanta expectativa assim?
CRISTIANO FELÍCIO: Jogar no Chicago está sendo surreal desde o primeiro momento em que entrei aqui. Da primeira vez que pisei no Centro de Treinamento até hoje eu sempre me pego pensando em quão incrível é isso. É uma das maiores franquias da NBA, e por toda a sua história, por ter tido o maior jogador da história ter jogado lá (Michael Jordan), pelos títulos (seis), por todos os atletas que vieram depois disso, isso tudo representa muito pra mim. É um sonho que se torna realidade. Pra mim, vindo de Pouso Alegre e ter esse contrato na NBA era uma coisa que há cinco, seis anos atrás eu jamais esperaria. Mas aconteceu devido ao meu esforço, é uma recompensa, sem dúvida. Todos os dias, todos os momentos, todos os jogos, todas as viagens são sempre especiais e que lembrarei pelo resto da minha vida. É um sonho que se torna realidade e que lembrarei pelo resto da minha vida. Minha passagem por aqui está sendo muito especial.

BNC: Quando começou a temporada passada o Chicago era apontado como um time que poderia brigar pelo título do Leste. Nesta, é considerado pela mídia norte-americana como um dos piores de toda liga. Qual é a expectativa do time para o campeonato que começa nesta semana? Pensar em playoff é um exagero ou um sonho real?
FELÍCIO: Na temporada passada de fato tínhamos muitos grandes jogadores, jogadores de nome que acabaram fazendo com que o tivesse uma expectativa muito grande de ir aos playoffs. Nesta temporada a organização optou por seguir em um novo caminho, com mais jogadores jovens, pensando mais no futuro. Muitos aqui falam sobre isso de ser um dos piores elencos da NBA, mas isso é uma coisa que não acredito que seja. Vejo o nosso elenco com muitos atletas talentosos, jovens, todos dispostos a aparecer. Vamos deixar tudo dentro de quadra. Nós temos atletas experientes, que já foram campeões, que já estão na NBA há muito tempo e que sabem o que é preciso pra sair de quadra com a vitória. Acredito que iremos aprender muito neste campeonato, jogando juntos, unidos. Playoff é um pouco difícil, mas nada fora da realidade. Vamos jogar firmes, duros, pensando sempre na vitória e ver o que pode acontecer.

BNC: No ano passado você era reserva do Robin Lopez, e o mesmo irá acontecer nesta temporada. A diferença, talvez, é que o Bulls seja realmente um time em reconstrução e que os jovens tenham mais tempo de quadra. É essa, pessoalmente, a sua expectativa também? O que tem sido conversado entre você e a comissão técnica do Fred Hoiberg?
FELÍCIO: Eu fui o reserva do Lopez mesmo e esse ano ao que tudo indica será assim mesmo. É a expectativa mesmo. Como somos mais jovens, a ideia é ter mais tempo de quadra mesmo, independente se começo jogando ou vindo do banco. Da maneira que for, vou deixar em quadra o meu máximo para ajudar a equipe. Sei que este é um campeonato importante para todos por aqui.

BNC: Na temporada passada você tinha muitas possibilidade de chute, mas como o time tinha muitos veteranos acabava passando a bola, algo natural. Com um Chicago em reconstrução dá pra esperar um aumento no número de arremessos, e consequentemente na pontuação, do Felício na NBA? Ou é cedo para afirmar?
FELÍCIO: Esse ano eu com certeza vou ter um pouco mais de liberdade para estar arremessando as bolas. É um time mais jovem, está em construção, reestruturando, né? Então pra ter evolução vai ser preciso que todos apareçam um pouco mais dentro de quadra. Pra ser sincero, a comissão técnica está me pedindo exatamente isso que você menciona, mais arremesso, mais olhar pra cesta. Ser mais agressivo, chutar mais bolas, tentar decidir um pouco mais até para ajudar os outros jogadores. Eles dizem que os outros times precisam se incomodar ao me ver na quadra como uma ameaça ofensiva tal qual eles olham para os demais atletas.

BNC: Voltando ao campeonato anterior. Você foi muito bem em jogadas de pick and roll com Dwyane Wade e Rajon Rondo, finalizando com enterradas ferozes os passes deles, principalmente. Este ano, sem os dois por aí, o que veremos em seu arsenal ofensivo? Mais jogadas de um contra um perto da cesta, por exemplo?
FELÍCIO: O ano passado com certeza a maioria dos meus pontos vinham em enterradas e bandejas com as jogadas que você citou com o Rondo e Wade. Eles são excepcionais e fizeram a minha vida mais fácil. Pick and Roll é um ponto muito forte meu, sem dúvida alguma. Estou sempre trabalhando pra melhorar, então eu acho que isso vai continuar acontecendo, mas finalizados de forma diferente. Talvez tenha que arremessar um pouco mais de longe ou com um drible a mais. É algo que tenho treinado e que tenho tentado adicionar ao meu repertório desde o começo da temporada. Acredito que no jogo de um-contra-um eu vou estar explorando mais neste campeonato também. Expandir o meu arsenal ofensivo é algo que tenho olhado com muita atenção e espero conseguir utilizar neste campeonato.

BNC: O jogo da NBA tem mudado muito, quase todo pro perímetro, mas ainda vemos pivôs fortes e com boa mobilidade, como você. Há alguma orientação da sua comissão técnica para "abrir mais a quadra", tentar arremessos de três, coisas assim? Ou essa função acaba ficando mais reservada para alas e armadores?
FELÍCIO: O jogo com certeza está mudando muito e cada vez mais vindo para o perímetro, como você diz. Cada vez mais atletas têm entrado na NBA com essa especialidade. Os novos já entram com isso, e os que já estão adicionam isso ao repertório. Eu estou tentando mudar junto, mas isso não vai ser algo forçado que farei. Vou arremessar o que tiver que arremessar, fazer aquilo que me fez assinar esse novo contrato. Vou defender, vou jogar duro, vou arremessar o que tiver que arremessar e executar os detalhes da melhor maneira possível. Estou tentando adicionar esse arremesso mais longo, mas não é algo mandatório pra mim, não.

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