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Bala na Cesta

Previsível, conferência Leste da NBA não deve fugir do confronto Cavs e Celtics na final

Fábio Balassiano

10/10/2017 06h30

A temporada 2017/2018 da NBA começa na próxima terça-feira e logo de cara colocará frente a frente os dois maiores favoritos ao título da conferência Leste: em casa, o Cleveland Cavs recebe o renovado Boston Celtics. Vale dizer que as duas franquias protagonizaram uma das trocas mais impactantes nestas férias ao verem Kyrie Irving (ex-Cavs e agora Celtics) e Isaiah Thomas (ex-Celtics e agora Cavs) trocarem de logo.

Ao que tudo indica, serão eles dois mesmo (Cavs e Celtics) que farão a final do Leste daqui a alguns meses. Não é que os dois sejam "somente" os dois melhores da conferência. É que a disparidade para com os demais 13 concorrentes é absurda, abissal, gigantesca. O Boston mudou quatro titulares para tentar chegar mais perto do Cleveland. E chegou mesmo. Não tanto para superar o rival, ao meu ver, mas certamente para conseguir duelar de forma mais equilibrada, conforme analisei aqui dias atrás. O time de Ohio, por sua vez, fez questão de cercar ainda mais a LeBron James com talento, muito talento. Escrevi disso recentemente, mas do quinteto titular inteiro apenas Jae Crowder nunca foi um All-Star. Derrick Rose (e depois Isaiah Thomas), Dwyane Wade e Kevin Love são muito bons.

Mas além dos dois favoritos, quem está lá no Leste pra tentar chegar aos playoffs? Abaixo coloco uma breve análise de cada uma das 15 equipes da conferência Leste, indubitavelmente a mais fraca da NBA no momento (momento que já dura uns bons anos…). Vamos lá!

NADA DE BRAÇADA

Cleveland Cavs -> É disparado o melhor elenco do Leste e muito provavelmente o melhor da NBA também. Ty Lue terá trabalho para conseguir dar minutos para todos os atletas de um grupo absurdamente forte, profundo e com opções de jogo para qualquer esquema. Ao que tudo indica, Lue se rendeu ao "basquete baixinho", já colocando uma formação com Kevin Love de pivô (o reboteiro Tristan Thompson virá do banco) e cercando o garrafão com 1 armador (Rose ou Isaiah) e três ótimos alas (LeBron, Wade e Crowder).

Como sempre faz nos últimos anos, pro Cleveland a temporada regular da liga é realmente uma preparação pros playoffs. Em 82 jogos certamente a comissão técnica conseguirá encontrar o melhor espaçamento em quadra e as soluções para os eventuais problemas que surgirão no mata-mata.

Boston Celtics -> É bastante incrível o trabalho de Danny Ainge à frente dos Celtics. De campeão em 2008 a reconstrução de um novo timaço não tivemos nem uma década. Para 2017/2018, quatro novos titulares de um quinteto inicial que contará com Kyrie Irving, Marcus Smart (provavelmente), Gordon Hayward (recém-contratado no mercado de agentes-livres), Marcus Morris e Al Horford.

Falta profundidade ao banco de reservas do Boston, que estará bem servido se o calouro Jayson Tatum e Jaylen Brown conseguirem performar razoavelmente bem. Brad Stevens terá trabalho para entrosar seu novo grupo, mas uma coisa é certa: Kyrie Irving será o centro do ataque, como queria quando pediu para sair do Cavs, e ninguém tem a menor dúvida disso.

VAI PRO PLAYOFF

Washington Wizards -> O Washington manteve o elenco quase todo, mas não teve tanto sucesso assim no mercado de agentes-livres. Nenhum nome trazido impacta no dia a dia de John Wall e Bradley Beal, peças centrais do ataque do técnico Scott Brooks. Wall, armador dos mais rápidos de toda NBA, é excepcional, jogou muita bola em 2016/2017, mas temo que no Wizards ele não consiga ir além de uma semifinal de conferência. Vale ficar de olho no ala Otto Porter Jr., que renovou seu contrato recentemente por US$ 104 milhões e quatro anos.

Toronto Raptors -> O Toronto manteve sua dupla de armação (Kyle Lowry e DeMar DeRozan), renovou com Serge Ibaka e foi até bem no mercado ao contratar CJ Miles, mas parou por aí. Muita gente já pregava que os Raptors deveriam partir para uma reconstrução, pois este núcleo já chegou ao seu patamar mais alto. Não dá pra discordar disso, mas o fato é que Masai Ujiri, General-Manager da franquia, decidiu dar uma chance mais a este grupo. Daqui a gente fica na expectativa se Lucas Bebê e Bruno Caboclo terão tempo de quadra ou se jogarão apenas na G-League (antiga D-League, a Liga de Desenvolvimento). A julgar pela qualidade do banco de reservas, nada boa, dá pra ter esperança dos brasileiros mais jogando que descansando.

BOA CHANCE DE PLAYOFF

Milwaukee Bucks -> Como seria bom se conseguíssemos ver Giannis Antetokounmpo, Khris Middleton e Jabari Parker juntos ao mesmo tempo em quadra. Devido às lesões de Khris e Jabari essa possibilidade praticamente não existiu nos últimos anos com o Bucks, que deposita quase que todas as suas fichas no absurdamente excepcional Antetokounmpo, grego de 22 anos que terminou a temporada com 22,9 pontos, 8,8 rebotes e 5,4 assistências. Giannis ainda tem espaço para melhora (seus 27% nos três pontos falam por si), mas sabe que precisará de ajuda para mudar o Milwaukee de patamar. Calouro do ano, Malcolm Brogdon é bom e deve evoluir, mas as peças de apoio se resumem aos restos físicos de Jason Terry, Mirza Teletovic, o garoto Thon Maker, Matthew Dellavedova e Greg Monroe. Muito pouco pra sonhar alto, convenhamos. Chegar aos playoffs já será uma grande vitória dos Bucks.

Miami Heat -> Você olha pro elenco do Miami e me acha um maluco por colocá-los neste patamar de quase chegada em playoff. Mas o sprint final do time na temporada passada foi incrível, o elenco quase não mudou e pra essa temporada Goran Dragic chega empolgado com o título europeu com a Eslovênia, Hassan Whiteside pode continuar a ser dominante, o maluco-beleza Dion Waiters permaneceu e o útil Kelly Olynik chegou. Em um Leste paupérrimo, dá pra sonhar sim com o mata-mata.

É O LESTE, ENTÃO PODE ENTRAR NO PLAYOFF

Indiana Pacers -> Sem Paul George, que foi pro Thunder, o Indiana entra em nova fase disposto a descobrir se em alguma peça do elenco há um sinal de vida acima da média. A primeira aposta cai em Myles Turner, que em seu terceiro ano tem tudo pra ser a principal opção ofensiva do time. Chegaram por lá também Victor Oladipo, Domantas Sabonis, Cory Joseph, Bojan Bogdanovic e TJ Leaf (calouro). Ficaram, por sua vez, Lance Stephenson, Glenn Robinson III, Thaddeus Young e o final de carreira de Al Jefferson. Não é um cenário bom, mas poderia ser pior pro Pacers na Era Pós-Paul George.

New York Knicks -> Saiu Carmelo Anthony, e as chaves do time foram pras mãos de Kristaps Porzingis. O letão não está tão bem acompanhado assim, mas terá ao seu lado Enes Kanter, que pontua bem dentro do garrafão e que poderá dar a Porzingis um pouco de espaço longe da cesta para seus arremessos e jogadas de isolação. Em uma franquia disfuncional, infelizmente é realmente o que há na mesa. O calouro francês Frank Ntilikina, o lituano Mindaugas Kuzminskas, o espanhol Willy Hernangomez e o ala Doug McDermott deverão ter espaço para mostrar seus talentos. Olho também em Joakim Noah. Ninguém tem a menor noção se ele conseguirá retornar ao que já foi antes.

Detroit Pistons -> O Detroit até tem um bom trio em Reggie Jackson, Avery Bradley e Andre Drummond (pros padrões do Leste, claro), mas o campeonato passado foi tão caótico que não dá pra ter muita confiança que Stan Van Gundy vai colocar ordem na casa. Confesso que esperava um pouco mais do ainda garoto Stanley Johnson (21 anos e indo pro terceiro ano na NBA), mas aparentemente não sairá muita coisa dali, não. Tobias Harris é muito bom, tem talento e pode ser útil ao esquema que Stan adora – armadores e alas abertos, pivô livre perto da cesta e tiros de fora dos alas.

Charlotte Hornets -> Kemba Walker continua lá, ele é excelente, mas joga praticamente sozinho. Nicolas Batum é bom também, mas não conseguiu se tornar o parceiro ideal de Kemba, não. Algo que tampouco me parece que Dwight Howard conseguirá fazer. O novo reforço do time de Michael Jordan tem tentado adicionar bolas de três ao seu repertório, mas vê-lo dominante novamente parece irreal. O ala Malik Monk parece uma ótima aposta, mas ele tem apenas 19 anos e muito caminho pela frente.

PLAYOFF SÓ COM MILAGRE

Brooklyn Nets -> Ainda em seu doloroso processo de reconstrução, o time tem feito um trabalho bem honesto ao coletar picks de Draft quando possível, se reforçando com razoáveis valores de outros times e conseguindo um ótimo, embora desmiolado, D'Angelo Russell (ex-Lakers) para ser o jogador-franquia pelos próximos anos. O Brooklyn está longe de ser um time confiável, mas pra um cenário tenebroso como o de anos atrás, dá pra dizer que ter Jeremy Lin, Russell, DeMarre Carroll, Allen Crabbe e Timofey Mozgov é BEM mais do que a gente poderia supor. Sean Marks, gerente-geral, está indo muitíssimo bem em sua função.

Orlando Magic -> Não consigo entender muito bem o que o Orlando Magic quer. De verdade. Não é reconstrução, não é time pra título, não é nada. Não abre espaço pros jovens, enche de veteranos e nenhuma estrela. Evan Fournier e Nikola Vucevic continuam lá, e chegaram Jonathon Simmons (ex-Spurs) e Marreese Speights chegaram, mas nada empolgante. Será que algum dia Mario Hezonja, ex-Barcelona, terá espaço na Flórida?

Chicago Bulls -> Muita gente considera o Chicago o pior time de toda NBA. Não dá pra discordar muito disso, não. Zach LaVine veio da troca com Jimmy Butler, mas LaVine, elástico e incendiário com suas enterradas, se recupera de lesão no joelho. Nikola Mirotic, ala-pivô, deve ter ainda mais espaço no ataque, algo que a gente espera que também aconteça com o pivô brasileiro Cristiano Felício. Olho no ala-pivô finlandês Lauri Markkanen, calouro recrutado recentemente.

Atlanta Hawks -> É oficial: o Atlanta está em reconstrução e vai perder loucamente nos próximos anos. Mike Budenholzer tentou vencer o Leste, mas não conseguiu e abriu o processo de renovação do elenco. O armador alemão Dennis Schroder deve ter todo espaço do mundo para se desenvolver, mas nada além disso. O trabalho na Geórgia é de longo, muito longo prazo.

Philadelphia 76ers -> O Phila deposita toda sua esperança nos jovens Markelle Fultz (armador), Ben Simmons (ala), Dario Saric (ala) e Joel Embiid (pivô). Todos com muito talento, mas obviamente sem experiência e precisando aprender muito com o dia a dia da NBA. O Sixers continua em seu processo. Vai demorar a reviver os dias de glória, mas aparentemente será divertido vê-los em quadra.

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