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Bala na Cesta

Subindo degrau a degrau, Benite quer continuar crescendo na Espanha

Fábio Balassiano

30/09/2017 08h00

Entrando em sua terceira temporada na Liga Espanhola, Vitor Benite sabe que este é um campeonato fundamental. Fundamental para o Murcia, que quer se firmar como um dos bons times da Liga ACB desde o jogo de domingo, o de estreia, contra o Málaga. Fundamental para ele, que aos 27 anos sabe que pode ser um momento de explosão em sua carreira embora ele não queira se colocar nessa posição de pressão interna. Fundamental pra cidade de Murcia, que nunca viu o time jogar a Copa do Rei, que envolve os 8 melhores times do turno em um torneio de mata-mata.

Depois de ter feito uma entrevista sensacional com ele no Podcast Bala na Cesta ao final da última temporada, Benite conversou com o blog a respeito do campeonato que está por vir, seleção, seu momento profissional

BALA NA CESTA: Como vem o Murcia para a temporada 2017/2018 do basquete espanhol? Qual a expectativa do time? Estar nos playoffs novamente é mais do que uma meta, mas quase que uma obsessão mesmo com a perda do Facundo Campazzo?
VITOR BENITE: O objetivo continua sendo chegar aos playoffs, mas chegar a Copa do Rei pela primeira vez na história do clube seria algo muito especial também. Lógico que se manter sempre brigando pra entrar no mata-mata é fundamental. O time montou um plantel muito bom pra essa temporada, bastante renovado, com armadores novos pra suprir a ausência do Campazzo, alas novos, essas coisas. Demanda um pouco de tempo pra entrosar, agrupar, conhecer os jogadores na quadra, mas temos muita ambição e nossa meta é a cada ano crescer um pouco.

BNC: O que você está esperando pessoalmente dessa sua terceira temporada na Europa? É a hora do grande salto do jogador Vitor Benite na Espanha? Como você se preparou para essa temporada, tecnicamente, fisicamente e mentalmente?
BENITE: Não vou colocar uma pressão na minha cabeça de ser o ano do salto nem nada. É meu terceiro ano na Europa, já estou firmado no meu time e na liga. A meta mesmo é continuar melhorando tanto em números como na inteligência de jogo, tentar fazer com que o time cresça outro ano mais e pensar no dia a dia. Tento fazer com que todos os dias sejam interessantes, de crescimento dentro e fora da quadra. É isso que nos leva longe pro futuro. Cada ano evoluindo, cada ano um pouquinho. Isso vai melhorar a posição do meu time e também a minha posição pessoal.

BNC: O jogo de basquete mudou muito de 2/3 anos pra cá. O que você, pessoalmente, teve que modificar em seu arsenal, seja ofensivo ou defensivo, para se adaptar a esta nova realidade? O jogo com tantas "bombas" de 3 pontos te agrada ou é algo muito "louco" pra quem joga na Europa e também passou pela escola francana?
BENITE: Eu, pra ser sincero, gosto muito. É bacana. Eu gosto desse jogo de muito volume ofensivo. Fica interessante pra quem assiste e pro jogador você precisa ficar mais confiante durante o jogo. E explico: como o jogo tem mais volume de ataque, mais volume de posses de bola, ele te dá mais possibilidade de, mesmo errando, conseguir pontuar em um ataque seguinte, em uma bola seguinte. O basquete também é uma matemática simples, né? Quanto mais você tenta, mais você tem a chance de fazer. Essa maneira europeia de jogar, de ficar os 24 segundos com a bola na mão pra achar o ataque perfeito, a tranquilidade ideal, isso às vezes cria uma pressão muito grande pra achar a melhor bola. Isso está tornando o jogo mais simples. O jogador tem que tentar, quando preparado pra isso e dependendo do momento do jogo. Em relação às regras, o basquete americano facilita esse tipo de jogo. As defesas aqui na Europa estão sempre muito fechadas, há menos oportunidades, porém eu acho que esse estilo, essa maneira digamos mais americana de jogar, que vai prevalecer no mundo todo e em pouco tempo. Eu gosto muito.

BNC: Já houve algum tipo de conversa entre você e seu clube, entre CBB e seu clube, sobre a questão das convocações tendo em vista esse novo calendário da FIBA? Você virá jogar, por exemplo, nos dois primeiros jogos das eliminatórias em novembro?
BENITE: Em relação às janelas da FIBA eu achei muito bacana e faço já um elogio é que a CBB já entrou em contato comigo e com o meu clube pra falar do tema. Com essa antecedência, é importantíssimo pro clube e pro atleta se programar. O Renato Lamas, novo Coordenador, tem feito um trabalho bem bacana neste sentido e vale o elogio. Eu quero ir, sim, claro, não sei como funciona a parte contratual, mas acho que não vai ter nenhum problema. No momento, o que posso dizer é que não há nada concreto, e embora a Confederação já tenha conversado o meu clube não se posicionou oficialmente ainda.

BNC: Por fim. Mesmo de longe, como você viu o desempenho da seleção brasileira na Copa América. Não poder defender o título que você participou no Pan de 2015 em Guadalajara é muito frustrante, não?
BENITE: Cara, em relação ao Brasil na Copa América eu acho que a equipe teve uma preparação muito curta, foi pouco tempo mesmo. E é de se esperar que no basquete, com o nível atual, aconteça isso mesmo. Não há equipes horríveis. As Ilhas Virgens quase ganhou do Canadá, que por sua vez quase venceu a Argentina, que quase foi campeã. Entende o que quero dizer? Então eu acho que temos que abrir um pouco a nossa visão periférica. O basquete mudou, mudou muito. O Brasil, 30, 40 anos atrás, ganhava de todo mundo de 30 pontos, passava o carro e estava tudo certo. O jogo evoluiu, e eu acho que a seleção não teve o tempo suficiente de preparação para chegar lá e fazer um torneio maravilhoso. Ainda mais que você tem que se classificar em três jogos. Não dá tempo pra erros. Existe um contexto. É óbvio que, sim, é frustrante a seleção não participar de um Pan-Americano, frustrante também coisas que aconteceram durante o torneio, coisas que não podem acontecer, mas o resultado precisa ser visto dentro de um contexto. Pra analisar, não adianta só puxar números, essas coisas. Tem que relativizar e analisar o todo. É importante analisar o todo antes de tirarmos conclusões.

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