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Bala na Cesta

Dwyane Wade fechou com o Cavs - o que podemos refletir sobre isso?

Fábio Balassiano

28/09/2017 14h00

Como vocês devem saber, Dwyane Wade se transferiu para o Cleveland Cavs, onde foi anunciado oficialmente na tarde de ontem. O ala-armador de 35 anos rescindiu seu contrato com o Bulls, ficando assim apenas uma temporada em sua Chicago natal (o time para por reconstrução), pensou durante poucas horas e nesta própria quarta-feira já estava tomando uns bons vinhos com seu amigão LeBron James, com quem voltará a jogar – antes em Miami, agora em Ohio.

Coloquei outro dia essa pergunta em Twitter e Facebook pra galera opinar sobre o estágio atual da NBA. Muita gente, com bons argumentos evidentemente, falou sobre a formação dos grandes times. Outras, com argumentos que concordo em boa parte, sobre uma situação geracional (estes atletas deste século pensam menos em disputar entre si e mais em estarem em condição de ganhar – nem que pra isso tenham que formar super-ultra-mega-times). Do outro lado muita gente afirmando que isso sempre aconteceu – vide os casos da ida de Kareem Abdul-Jabbar ao Lakers, do próprio Dennis Rodman se juntando a Scottie Pippen e Michael Jordan, entre outros pontos.

Acho que os dois lados têm boa dose de razão, mas entre um lado e outro eu fico mesmo com a obviedade que é o fato que o Leste aparentemente não será competitivo – de novo. Por mais que o Boston tenha se reforçado, não me parece, ainda, no estágio do Cleveland, que acabou perdendo seu segundo melhor jogador mas trazendo, pro seu lugar, um All-Star (Isaiah Thomas), um Hall da Fama (Dwyane Wade) e um punhado de atletas de composição de elenco bem interessantes (Crawder, Derrick Rose, Calderon etc.).

Se antes a distância entre o time de LeBron James e os 14 demais da conferência era gigantesca, não dá pra dizer que o panorama melhorou, em termos de competitividade, não. Acho até que ao contrário. É a Era dos Grandes Times, dos Super Times, dos Mega Times, me parece que quanto a isso não há muito contra correr, não. Que a liga, como um todo, perde em competitividade, também é bem claro, já sabendo, caso nenhuma catástrofe aconteça, quem chegará à decisão do Leste antes mesmo de a bola subir.

Mais do que isso, vale dar uma olhadinha em como fica o elenco do Cleveland Cavs. Presta atenção nisso (primeiro o time titular e depois o reserva):

E eu não coloquei Jeff Green (ala), Iman Shumpert (ala), José Calderón (armador), Richard Jefferson (ala), Ante Zizic (ala-pivô) e Cedi Osman (ala), jogadores que também fazem parte deste elenco pra lá de profundo do Cavs. Arrisco-me a dizer que é o melhor grupo da NBA – em quantidade de peças boas.

Nenhuma equipe da liga possui 12/14 atletas que podem entrar e desempenhar bons papéis assim. Ty Lue, o técnico, terá que quebrar a cabeça para encontrar bons minutos para toda essa galera aí, mas sem dúvida é um exercício bom de se fazer.

Dá pra fazer uma série quase infinita de formações, descansar os veteranos LeBron (32) e Wade (35), recuperar Isaiah Thomas (28), não forçar o corpo machucado de Derrick Rose, segurar a onda de JR Smith, que virá do banco, e muito mais. Em termos de variação, beira o absurdo o que o Cavs conseguiu montar pra essa temporada, podendo jogar com dois armadores, sem pivô fixo, quatro alas arremessadores e tudo mais. No time titular talvez falte um pouco de espaçamento pras bolas de três, mas não sei se isso será um grande problema, não.

Dwyane Wade optou por jogar em um time competitivo e que muito provavelmente o levará a mais uma final de NBA. Não dá pra dizer que ele está errado, principalmente pra quem tem 35 anos e, sem nenhuma surpresa, vê seu corpo dar sinais de cansaço. O Cleveland, por sua vez, recebe mais um Hall da Fama, enche o elenco com atletas de ótimo nível e mais uma vez usará a temporada regular como laboratório de tudo o que poderá utilizar no playoff.

Pros torcedores do Cavs, só motivos pra comemorar. Pra competitividade da liga, muito provavelmente, não. O campeonato não começou e mais uma vez já sabemos quem deverá ganhar o Leste.

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