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Bala na Cesta

Com contrato não garantido, Raulzinho espera reconquistar espaço no Utah Jazz

Fábio Balassiano

27/09/2017 06h34

A partir de 18 de outubro Raulzinho inicia a sua terceira temporada na NBA. Aos 25 anos, o armador que defende o Utah Jazz entrará em quadra para buscar reconquistar o espaço que perdeu um pouco no campeonato passado (de 81 jogos e 18,5 minutos em 2015/2016 para 40 e 8,7 minutos/jogo em 2016/2017) em um time que está se reconstruindo depois de perder Gordon Hayward, George Hill e Boris Diaw, três dos pilares da franquia que retornou aos playoffs em 2017 depois de cinco anos de hiato.

Para Rauzlinho, mais do que ganhar tempo de quadra a temporada que será aberta contra o Denver Nuggets em casa no dia 18/10 o campeonato representa uma espécie de teste de resistência. Seu contrato com o Utah é não garantido a partir de janeiro de 2018, e ele pode ser cortado a qualquer momento a partir do começo do próximo ano.

Falei com ele sobre isso, seleção brasileira, o excesso nas bolas de três pontos na NBA, a chegada de Ricky Rubio, também armador, ao time e muito mais na entrevista que você lê abaixo.

BALA NA CESTA: Qual a sua expectativa pessoal para a próxima temporada?
RAULZINHO: Minha expectativa pra próxima temporada é continuar melhorando, que o nosso time jogue de uma maneira boa, jogue defensivamente correndo e pontuando em contra-ataque. E, claro, que eu tenha oportunidades e tempo de quadra. Que eu consiga brigar pelo meu espaço no time. Minha expectativa mesmo é estar sempre melhorando, sempre trabalhando, independente de estar jogando ou não.

BNC: Houve alguma preparação especial, seja física, mental ou técnica, pensando que que contrato não é garantido a partir de janeiro/2018? Começar bem é meio que mandatório ou não existe isso?
RAULZINHO: Eu sei que meu contrato não é garantido, mas eu tento pensar o mínimo possível nisso para que isso não me atrapalhe dentro de quadra. Acho que não penso que devo começar bem até para não me colocar uma pressão excessiva. Lógico que treinei bastante nesse verão, mas não porque meu contrato é não-garantido. Treinei porque quero ser um jogador cada vez melhor, alcançar o máximo que eu puder. A questão do contrato é uma consequência do meu trabalho, de tudo o que fiz nesse verão americano. Não fico pensando a cada dia, não, mas sei da situação.

BNC: Mais uma vez seu time perdeu armadores, mas contratou outro também. Chegou Ricky Rubio, que aparentemente terá a titularidade com ele. É um pouco frustrante você chegar ao seu terceiro ano e não conseguir ter um consistente tempo de quadra na NBA ou faz parte do aprendizado?
RAULZINHO: Não é nenhum pouco frustrante. Lógico que a gente quer jogar. Eu sou muito competitivo, quero jogar, mas sei que estou na melhor liga de basquete do mundo, estou feliz de estar aqui, quero mais, quero conquistar meu espaço. Todos os times da NBA têm três, quatro armadores, então não tenho que pensar que está ruim ou estar frustrado. Sei que é uma liga com muitos jogadores, com muito talento, principalmente na minha posição, e vou brigar pelo meu espaço, pelo que quero alcançar.

BNC: Pensando no time, como vem o Utah Jazz pro campeonato? Vocês perderam o Hill e principalmente o Gordon Hayward, o cestinha do time. Dá pra projetar algo ou Ainda é cedo tendo em vista que haverá novos titulares?
RAULZINHO: Acho que a gente tem um time novo mesmo. Perdemos o Hayward, o Hill, o Diaw e outros jogadores que não tinham tanto protagonismo. Trouxemos outros atletas, jogadores jovens, todos querendo mostrar talento e ganhar espaço. Acho que nosso time irá jogar bem, defenderá muito bem e vamos tentar de novo chegar no playoff. Estamos treinando para isso.

BNC: As duas últimas três/quatro temporadas foram muito marcadas pelo crescimento das bolas de 3 pontos. Você acha que essa tendência veio mesmo pra ficar ou vai chegar um momento em que o jogo americano vai voltar ao que era antes? Você não acha que há um exagero nisso, ou faz parte de toda transformação?
RAULZINHO: A bola dos três mudou um pouco o jogo da NBA mesmo. O Golden State começou com isso e logo depois muitos times passaram a buscar mais a bola dos três do que a bola dos dois pontos. O resultado depende do aproveitamento, claro. Não são todos os times que jogam e que podem jogar com essa filosofia de chutar mais de três do que de dois pontos. Se a dificuldade não aumentar, ou seja, se a distância continuar a mesma, não há porque frear o volume. Está dando certo para a maioria dos times que usam essa filosofia. Agora os atletas precisam se adaptar mesmo. Quem não arremessa de longe as defesas fecham, complica muito. Todos precisamos mudar um pouco em relação a isso, porque acredito que essa filosofia tenha vindo mesmo para ficar por um bom tempo.

BNC: O "boom" das bolas longas fez com que você mudasse o seu jogo também, não? Imagino que sua preparação como atleta (armando e/ou chutando) tenha se modificado bastante.
RAULZINHO: Eu tive que adaptar ao jogo daqui. Se você não pontua, se você não arremessa, se você não é agressivo no ataque você acaba perdendo espaço, porque é isso que a maioria dos técnicos, a maioria dos times, buscam. Eu tive que me adaptar e grande parte dos atletas também. Todos precisamos treinar para ser cada vez mais agressivos e ter esse arremesso de três no ataque.

BNC: Por fim, sobre seleção brasileira: até o presente momento o calendário da FIBA prevê jogos de eliminatórias durante as temporadas. Há expectativa na Confederação que você possa vir a atuar, mas os times da NBA já disseram que não vão liberar seus atletas sob contrato. Como está sendo trabalhado isso? Ou Ainda não foi conversado?
RAULZINHO: Bom, eu sei que seleção sempre quer ter os melhores jogadores. A NBA é a melhor liga de basquete do mundo e os melhores estão aqui. Mas eu não sei como está essa negociação, não sei nem se a Confederação chegou a conversar com o pessoal daqui. Sobre essa questão eu não posso nem opinar porque não sei o que está passando. Não sei se teve.

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