Quando os holofotes se apagam, por Luis Cambraia

* Luis Cambraia, ex-jogador e fundador da Jogando pra Valer, projeto direcionado a atletas com orientações para melhor planejamento de suas carreiras esportivas e pós esporte,

Meu nome é Luís Cambraia, nasci em 1971 e comecei no basquete aos nove anos de idade. Um professor, o Urbano, me levou para o Esporte Clube Sírio, em São Paulo. Aos 19 fui dispensado pelo próprio Sírio quando estava prestes a me tornar atleta profissional.

Desistir não foi uma opção em razão do tamanho do meu sonho. Surgiu, então, o técnico José Medalha, que me mostrou outros caminhos para chegar onde eu queria. Fui para os Estados Unidos estudar e jogar. Depois de três anos, a convite do Hélio Rubens, voltei e me tornei profissional no clube de maior tradição do basquete nacional, o Franca Basquete. Com o Hélio Rubens me tornei campeão das Américas em Franca e campeão Brasileiro e Sul-Americano pelo Uberlândia com uma cesta de três pontos no último segundo do jogo. Desta forma encerrei minha carreira em Uberlândia, onde escolhi viver, em 2007.

Aos 36 anos de idade, a pergunta estava lá martelando minha cabeça dia sim, o outro também: e agora? Muitos atletas não conseguem esta resposta pois não se preparam para isso. Eu tinha me preparado. Cinco anos antes de parar de jogar constituí minha primeira empresa e me preparei para esta difícil transição. Não é aceitável a justificativa que não dá pra conciliar, que não dá pra se preparar. Dá sim, basta querer.

Em 2008, pouco tempo depois de parar de jogar e já com minha empresa em andamento fiz um curso de empreendedorismo desenvolvido pela ONU, aplicado no Brasil pelo Sebrae, chamado Empretec. As competências que desenvolvi durante minha carreira esportiva me garantiram um convite para me tornar um replicador desta metodologia e hoje sou um facilitador do Empretec aqui no Brasil.

As experiências vividas no esporte e as competências desenvolvidas pelos atletas nas quadras e campos podem ser extremamente úteis na aplicação não só no esporte, mas também no mundo dos negócios. O problema é que a maioria dos atletas não tem esta consciência e desta forma deixam de aproveitar esta rica bagagem que trazem consigo.

Por isso eu criei a Jogando Pra Valer, projeto direcionado a atletas profissionais com orientações práticas e teóricas para melhor planejarem e administrarem suas carreiras esportivas e pós esporte. Nosso objetivo é esse: conscientizar e preparar o atleta para o seu futuro pós carreira esportiva. As competências que os atletas desenvolvem ao longo de suas carreiras são muito parecidas com as desenvolvidas pelos empreendedores que atingem resultados acima da média em seus negócios.

Com isso, conscientizar os atletas da importância de pensar no futuro, no pós carreira esportiva e capacitá-los é o caminho para que eles estejam mais bem preparados para enfrentar os desafios da mudança de profissão e serem bem sucedidos nessa transição.

Tenho a plena convicção que este trabalho trará resultados significativos para sociedade, atletas e para o próprio esporte. Mais bem preparados, os atletas terão condições reais de retribuir para o país tudo aquilo que desenvolveram ao longo de suas carreiras, sendo uma fonte riquíssima de geração de valor para o esporte, para os negócios, para ações sociais e para gestão das modalidades. A respeitada empresa de consultoria Ernst & Young é um exemplo disso: ela desenvolveu um programa de capacitação de atletas olímpicas mulheres, sendo estas atletas aproveitadas nas suas empresas.

O projeto tem este objetivo, de conscientizar e capacitar atletas profissionais em parceria com entidades esportivas e empresas para geração de valor e riqueza no pós carreira destes atletas. Os holofotes um dia se apagam, e cabe aos atletas levarem consigo a lanterna que iluminará seus novos caminhos.

Neste campo só jogando pra valer!