Topo

Bala na Cesta

Sem Chris Paul, Clippers contrata craque sérvio Milos Teodosic e se mantém competitivo

Fábio Balassiano

07/07/2017 06h10

O mundo parecia cair para o Los Angeles Clippers quando Chris Paul e Blake Griffin informaram a franquia que não iriam aceitar a renovação automática para a temporada 2017/2018. O resto da história vocês já sabem, certo? CP3 foi pra Houston, Blake Griffin renovou por cinco anos, mas os rumos da equipe estavam bem incertos porque ninguém ali sabia como Doc Rivers, técnico e gerente-geral dos Clippers, iria reconstruir um elenco que também tinha perdido JJ Redick, que foi pro Sixers.

Mas Doc foi muitíssimo bem no mercado. Primeiro por ter conseguido muita gente boa na troca que levou Chris Paul ao Rockets – Patrick Beverley, Montrezl Harrell, Sam Dekker e Lou Williams. Depois por ter adquirido o italiano Danilo Gallinari. E ontem por ter fechado a contratação do craque sérvio Milos Teodosic, que fica em Los Angeles por dois anos e US$ 12,3 milhões (o segundo ano é opção do atleta).

Quem acompanha o basquete FIBA sabe que Teodosic, entrevistado por este blog ano passado, é um cracaço de bola. Dono de visão de jogo acima da média, de temperamento forte, de arremesso confiável e boa dose de liderança, ele guiou a Sérvia a medalha de prata olímpica em 2016 no Rio de Janeiro e também ao vice-mundial em 2014 na Espanha. Venceu a Euroliga ano passado com o CSKA e a cada temporada que terminava no velho mundo ouvia: "Quando você vai para a NBA?". Agora foi.

É óbvio que há uma fase de adaptação a um novo sistema de jogo, a companheiros diferentes, a um ritmo mais rápido e absurdamente acelerado, mas Milos Teodosic tem 30 anos e já se prepara para jogar na NBA há anos. Para mim há apenas uma dúvida. Quando jogou sem Chris Paul, Blake Griffin ficou muito com a bola nas mãos (point-forward). Com Teodosic, certamente o controle da bola volta pro armador (e não pro Blake). Muita gente diz que Teo consegue se dar bem sem a bola nas mãos, esperando oportunidades de arremessos. Precisamos aguardar pra ver na prática isso funcionando na melhor liga de basquete do mundo, mas é animador saber que o sérvio terá um arremessador muito bom do lado (Gallinari) e dois gigantes explosivos que poderão completar seus passes perto da cesta (Griffin e DeAndre Jordan).

E com ele o Clippers, por incrível que pareça, torna-se um time mais profundo agora do que quando tinha Chris Paul. Se perde em experiência de NBA (algo que Teodosic de fato não tem) e na genialidade de CP3, ao menos ganha heterogeneidade e opções no banco de reservas, uma das maiores deficiências da franquia de Los Angeles. Um quinteto inicial com Teodosic, Tony Allen (possível reforço na posição 2), Gallinari, Blake Griffin e DeAndre Jordan é muito bom, e uma segunda unidade com Beverley, Austin Rivers, Lou Williams, Dekker e Montrezl Harrell pode ser BEM interessante.

Por fim, vale dizer o óbvio: se alguém esperava que com a saída de Chris Paul o Clippers voltaria a ser a pior franquia de Los Angeles, ledo engano. Os Lakers continuarão por no mínimo um ano comendo muita poeira em relação ao novo time de Milos Teodosic.

O Los Angeles Clippers muito provavelmente não brigará pelo título do Oeste, mas se mantém bastante competitivo para este e para os próximos anos. Doc Rivers foi muito rápido e muito feliz para remontar um time que tinha acabado de perder seu grande comandante em quadra.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.