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Bala na Cesta

A caminho de Bilbao, o novo passo de carreira do armador Ricardo Fischer

Fábio Balassiano

06/07/2017 07h40

O que era rumor há cerca de dois meses acabou se confirmando ontem. O armador Ricardo Fischer, que disputou a última temporada pelo Flamengo, foi anunciado como novo reforço do Bilbao Basket. Ele jogará no clube basco, que disputa a primeira divisão da Liga Espanhola, por duas temporadas e dará mais um passo de sua bem calculada carreira.

Aos 26 anos, Fischer tem feito o caminho "certinho" para seguir crescendo com constância no cenário nacional e internacional. Sei que muita gente da torcida do Flamengo torce o nariz para a temporada que ele fez pelo rubro-negro em 2016/2017 (8,2 pontos e 4,7 assistências em 23,6 minutos/jogo), mas é sempre bom lembrar que ele retornava de lesão no joelho – sempre uma grande dificuldade. Nem sempre é fácil se recuperar de uma cirurgia e quase todos os atletas dizem que o campeonato pós-operatório é sempre difícil, recheado de travas, problemas musculares e falta de confiança.

De todo modo, olhando pra fotografia de sua carreira de forma mais ampliada dá pra ver quão coerente tem sido cada movimento de sua vida profissional. Noves fora a troca de Bauru pro Flamengo, que irritou a torcida do interior de São Paulo, Fischer tem seguido o "manual" de forma quase que catedrática. Começou como reserva do excepcional Fúlvio em São José em 2010/2011, aprendeu muito com o "Maestro", como é chamado o agora novo reforço do Vasco, e foi jogar para os bauruenses a partir de 2012.

Lá levantou o troféu a Liga de Desenvolvimento em 2013, onde apareceu para todo mundo e ganhou confiança, e logo em seguida foi efetivado pelo técnico Guerrinha como armador titular de uma estelar equipe. Explodiu com 14,1 pontos e 5,3 assistências em 2013/2014, foi eleito o melhor jogador de sua posição na temporada seguinte, foi campeão da Liga Sul-Americana, Paulista e Liga das Américas, duas vezes vice do NBB e em 2015 tornou-se o mais jovem atleta a ganhar o MVP do Jogo das Estrelas. Convocações para a seleção brasileira chegaram, como a de 2015 quando integrou o grupo campeão do Pan-Americano, e no começo da temporada 2015/2016 suas maiores provas vieram.

E ele passou nas duas com louvor. Jogou muitíssimo bem contra o Real Madrid nos jogos do Mundial em São Paulo (fez uma bola decisiva no jogo 1 e teve ótimo duelo contra Sergio Rodriguez e Sergio Llull no segundo duelo) e logo em seguida conseguiu um triplo-duplo incrível no Madison Square Garden contra o Knicks em amistoso da NBA (11 pontos, 10 rebotes e 10 assistências).

Mais uma temporada boa em Bauru, uma lesão no joelho para travar o seu desenvolvimento (ali no final de 2015/2016 muita gente já comentava que choviam propostas européias pra ele), uma transferência para o Flamengo e agora a sua ida para o Velho Mundo.

Fischer tem 26 anos, ótima capacidade intelectual, excelente visão de jogo, muita personalidade e bom arremesso. Precisa melhorar em muita coisa (sua defesa, principalmente), mas vai jogar em um time médio da Europa, repetindo o caminho de muitos brasileiros que se deram bem na Espanha (Marcelinho Huertas e Vitor Faverani começaram em times de menor expressão até chegar ao gigante Barcelona, por exemplo) e onde espera-se que tenha tempo de quadra para seguir evoluindo.

Seu planejamento de carreira deve ser visto com muita atenção por jovens atletas que surgem aqui. De nada adianta dar um passo maior que a perna. Um degrau de cada vez, como Ricardo Fischer está fazendo, quase sempre é mais sustentável e gera menos sobressaltos. Que o armador tenha sucesso na Espanha.

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