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Bala na Cesta

Entendendo a troca que levou Chris Paul ao Rockets - quem se deu bem nessa história?

Fábio Balassiano

28/06/2017 20h30

O mundo do basquete foi sacudido ontem com algumas notícias impactantes. Logo no começo da manhã foi anunciado que New York Knicks e Phil Jackson decidiram dar fim a uma relação conturbada de 3 anos (tema que será profundamente analisado aqui depois). A mais impactante, porém, veio logo depois, quando Chris Paul acabou parando em Houston.

Antes de analisar o "pós", vale explicar a troca em si. Na semana passada o armador havia sinalizado ao Los Angeles Clippers que não apertaria o botão de cláusula automática de renovação para 2017/2018 com a franquia, dando claro sinal ao Clippers de que testaria o mercado. O Houston Rockets entendeu o recado, mandou uma letra no ouvido de CP3 e fisgou Paul.

O agora armador do Rockets, aí sim, apertou o botão da renovação automática para 2017/2018, foi trocado para o Houston, com o Clippers recebendo o armador Patrick Beverley, os ala-armadores Lou Williams, Darrun Hilliard, DeAndre Liggins, os ala-pivôs Sam Dekker, Montrezl Harrell e Kyle Wiltjer, além de uma escolha de primeira rodada do Draft de 2018. Vale dizer que o movimento texano não fez com que Chris Paul renovasse por mais tempo com a equipe. Paul será jogador do Rockets na próxima temporada – e por enquanto é só.

Para o Los Angeles Clippers, está claríssimo. É o famoso "rebuild", ou reconstrução. O time entrará em um ciclo novo, sem Chris Paul, Blake Griffin e JJ Redick. Sobre o Houston, vale dizer que aparentemente o gerente-geral Daryl Morey não está sossegado e vai tentar ainda nesta janela de transferências o ala Paul George, insatisfeito no Indiana mas também com apenas mais um ano de contrato com o Pacers.

Para o Houston Rockets, foi uma boa troca na tentativa de brigar lá no alto. O time perde uma ótima opção defensiva em Patrick Beverley, um cara que cumpria bem as suas funções e ainda marcava por James Harden no perímetro, um bom arremesso exterior em Lou Williams e os úteis Sam Dekker e Montrezl Harrell.

Peças de apoio são mais fáceis de encontrar do que grandes craques, e foi isso que Morey visualizou nessa troca. Eu não faria muito diferente. Quem pode ter se dado bem nessa história toda é o brasileiro Georginho, que recentemente assinou um contrato não-garantido com o time. Ele agora é, além de Paul, o único armador no elenco. Quem sabe o ex-atleta do Paulistano não consegue ficar por lá pra quando a temporada começar.

Pelo lado de Chris Paul, não entendo muito bem. É óbvio que se nada der tão certo assim ele poderá ser agente-livre em 2018, juntando-se a LeBron James, Dwyane Wade e Carmelo Anthony, os amigos do Banana Boat (ver imagem abaixo). De todo modo, ele já poderia ser um agente-livre neste verão americano e buscar uma franquia que o colocasse em posição de jogar enfim uma final de conferência, algo que nunca aconteceu em mais de 10 anos de carreira.

O San Antonio Spurs já havia sinalizado o interesse, e creio que seria a melhor opção. Jogar com Kawhi Leonard e LaMarcus Aldridge e ser treinado por Gregg Popovich potencializaria o descomunal talento de CP3. Mesmo sabendo que ele deixou muito dinheiro na mesa ao aceitar essa ida para o Rockets (US$ 12 milhões no mínimo), mais uma vez a sua opção profissional não me parece a mais adequada para quem precisa vencer desesperadamente para se colocar no patamar que sua habilidade merece. Não me parece razoável que um craque desse tamanho esteja satisfeito em nunca ter jogado uma final de conferência, algo que todos os seus amigos já fizeram (até Carmelo, conhecido por não ir muito bem, já atuou na decisão do Oeste uma vez pelo Denver).

Na quadra, precisamos ver como será a disposição tática do Rockets com dois caras que gostam muito de ter a bola nas mãos (Paul e James Harden), mas que agora fica totalmente desbalanceado (forte no perímetro, mas nenhuma força ofensiva perto da cesta). No campeonato passado Harden tinha a bola em suas mãos em todos os ataques e liderou a NBA em assistências. E agora, como ficará? Obviamente o Houston saberá como acomodar isso, deixando o Barba menos tempo com a bola nas mãos, mas está claro que um ajuste terá que acontecer.

Vale lembrar uma coisa interessante. Eé sobre o sortudo que se chama Mike D'Antoni, técnico que já teve em suas mãos ninguém menos que Steve Nash e que agora recebe outro armador excepcional e que adora jogar em alta velocidade (Chris Paul). Pra quem gosta de correr, não sei se teria alguém melhor para adicionar ao elenco texano.

O Houston, que no playoff deste ano caiu para o Spurs por 4-2 na semifinal do Oeste, continuará fortíssimo e tudo leva a crer que será a terceira força do Oeste, rivalizando com o Spurs pelo segundo lugar. Resta saber se o time ainda terá fôlego nestas férias para conseguir mais duas ou três peças para turbinar e balancear ainda mais o seu elenco.

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