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Bala na Cesta

Casanova brilha, e Uninassau bate Americana fora de casa na abertura da decisão da LBF

Fábio Balassiano

22/04/2017 21h35

Marcello Zambrana/LBF

Estive hoje, a convite da Liga de Basquete Feminino, no primeiro duelo da decisão da competição envolvendo Corinthians / Americana e Uninassau. O Centro Cívico, em Americana, não lotou, mas recebeu bom público (cerca de 900 pessoas) e viu um jogo muito bom envolvendo as duas equipes que mais investem na modalidade por aqui há algum tempo. No final, vitória do Uninassau, que fez 72-63 contando com uma atuação esplêndida da armadora cubana Casanova, autora de 24 pontos, 8 rebotes e 5 assistências. O jogo 2 será realizado também no interior de São Paulo na segunda-feira às 21h30 (Sportv exibe). Alguns pontos merecem ser ressaltados sobre o confronto deste sábado:

Marcello Zambrana/LBF

1) Vale destacar o belo trabalho tático do técnico Roberto Dornelas na partida deste sábado. O treinador da Uninassau optou por dobrar a marcação quase sempre em Damiris (cestinha da LBF). E deu certo. Por mais que a camisa 12 de Americana tenha feito 18 pontos, seu volume não foi tão alto assim e as rotações da equipe de Recife foram muito bem feitas, impedindo arremessos de longa distância livres das rivais. O resultado? Apenas 4/21 de fora das donas da casa, o que deu tranquilidade para Dornelas manter a sua tática do começo ao fim. Não sei exatamente que tipo de ajuste será feito por Antonio Carlos Vendramini, de Americana e pra lá de experiente, mas deixar em quadra ao lado de Damiris boas arremessadoras do perímetro me parece totalmente recomendável.

Marcello Zambrana/LBF

2) Ela esteve aqui mais cedo em entrevista e merece os aplausos. Havia muito tempo que não via do ginásio uma partida de Raphaella Monteiro, entrevistada pelo blogueiro há seis anos (no já longínquo ano de 2011…), e me impressionou bastante a forma como ela vem atuando. Em inglês há uma nomenclatura muito clara para isso, e ela se chama point-forward, algo que foi muito bem exercido por Scottie Pippen (sem comparação entre os personagens, por favor!). É quando um ala, seja ele da posição 3 ou 4, consegue fazer de tudo um muito na quadra. Raphaella jogou assim neste sábado. Marcou, fez bloqueios para Casanova e Ariadna, pegou rebotes (seis), deu assistências (cinco), armou contra-ataques, roubou bolas (duas) e ainda conseguiu pontuar (13 pontos). Ela é jovem, com apenas 22 anos, tem muitíssimo a evoluir (sobretudo em seu arremesso e na parte física), mas é o tipo de jogadora que é muito útil em qualquer rotação de time e que deve, sim, fazer parte do próximo ciclo olímpico da seleção brasileira. Aparentemente baixa para jogar na posição quatro, de ala-pivô, ela pode funcionar muito bem atuando de frente pra cesta e/ou com uma pivô mais forte (como são Kelly e Gil), algo que acontece no Uninassau. Olho nela.

Marcello Zambrana/LBF

4) Não dá pra terminar este texto sem falar na jogadora cubana Casanova, do Uninassau. Que atuação espetacular, exuberante, incendiária. Ela não saiu de quadra em nenhum segundo, comandou as ações o tempo inteiro, foi veloz quase sempre e cadenciada quando precisou e teve atuação quase perfeita. Suas expressões faciais em quadra são tão chamativas quanto o seu ótimo basquete. Conversei com ela depois do jogo, e me chamou a atenção como ela avaliou como Americana estava tentando defendê-la. Coube a camisa 24 sempre chamar um ou dos bloqueios para conseguir seus pontos – e quase nunca perto da cesta, onde o time do interior de São Paulo concentrava a ajuda na marcação. Sua leitura da quadra fez com que ela visse que, logo após o primeiro pick, ou era chute ou era passe – nada de infiltração.

5) Pelo lado de Americana, o time teve 14 rebotes ofensivos mas apenas 11 assistências nos 20 arremessos convertidos. Foi uma atuação coletivamente e individualmente ruim de uma equipe que joga bem mais do que o que apresentou hoje. A argentina Gretter, rapidíssima, teve problemas para marcar Casanova, mas precisa ter um pouco mais da bola em suas mãos. Karla, mais tempo de quadra. E Damiris, alas que arremessem quando há as dobras para que, no ataque seguinte, ela consiga jogar facilmente no um-contra-um. A camisa 12 é disparadamente a melhor atleta brasileira atuando no país. Americana precisa usar isso a seu favor.

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