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Bala na Cesta

Fala, Leitor: John Stockton, um verdadeiro campeão

Fábio Balassiano

03/04/2017 15h00

John Stockton completou 55 anos no dia 26 de março e este blogueiro solicitou a um torcedor muito especial do Utah Jazz que escrevesse sobre um dos maiores ídolos da história da franquia e um dos melhores armadores do basquete. Vamos lá!

* Por Daniel Henrique Alves

Conheci John Stockton virtualmente. Ele no Super Nintendo e eu em casa. Ele fazia uma dupla genial com Karl Malone (jogador totalmente subavaliado, considerado apenas o maior Ala Pivô da história do basquete mundial. Bom, depois voltaremos para a grande mídia). Stockton dominava o NBA Jam de tal maneira que às vezes eu deixava o controle cair e quando pegava de novo ele já tinha enterrado! Para quem ainda acha que ele não enterrava, a foto abaixo não deixa espaço para fake news. Ele não enterrava no jogo de verdade porque não precisava. Veja, apenas em 1996-1997 foram 64 vitórias sem precisar de estardalhaço.

Conforme fui crescendo, pesquisei mais sobre Stockton e descobri suas vitórias, recordes, liderança, estilo de jogo, dominação, seriedade, inteligência em quadra, poder de decisão, amor a camisa e dedicação. Ou seja, essa história de que Jordan, Magic e Bird foram melhores do que ele serve só para manter o monopólio das grandes empresas (Bulls, Lakers e Celtics) sobre a cultura.

Nunca ninguém vai bater o recorde de 15 mil assistências do Stockton ou suas cinco temporadas seguidas com mais de 13,5 assistências por jogo. Ele assistia porque queria ver os outros jogando. Se fosse para ganhar sempre ele faria tudo sozinho – mas aí não seria aceito pela coerção moral da época. Steve Kerr uma vez disse que Stockton era sujo. Quer maior desculpa de perdedor que essa?

John Stockton chegou nas finais da NBA (sem precisar enterrar) em duas temporadas seguidas. Em ambas o establishment roubou descaradamente a favor das multinacionais. Em 1998, por exemplo, Jordan fez falta antes de acertar a última bola, os juízes comeram erradamente nada menos que cinco pontos do Utah Jazz por causa de cronômetro e, claro, marcação por zona era direito exclusivo de Phil Jackson. Ele podia fazer à vontade – e só ele. Stockton, revoltado mas evitando criar uma guerra, preferiu não lutar contra a moda, os juízes, grandes interesses corporativos e contra a grande mídia. Assim, Jordan hoje acha que conquistou títulos…

As forças do mal não eram estranhas para Stockton. Em 1988, ele engoliu Magic Johnson em pleno The Forum durante os playoffs com 23 pontos, 24 assistências (recorde até hoje) e cinco roubos no jogo cinco. Chick Hearn, famosíssimo narrador dos Lakers, até disse que nunca tinha visto um jogador tocar tantas vezes na bola. Em 1992, nas Olimpíadas, Stockton foi bonzinho e deixou Magic ser titular para poder se despedir da seleção americana da maneira que ele queria – aplaudido pelos puxa-sacos.

Outro boyzinho do Dream Team era Charles Barkley, que até hoje guarda seu posto na grande mídia que ele tanto ajudou sempre dando manchetes. Barkley certa vez disse que John Stockton foi o melhor tomador de decisões da história, sabendo exatamente a jogada perfeita para cada situação. Pois bem, Barkley sentiu isso na pele.

Após estar perdendo por 13 pontos no último quarto, jogo seis em Houston de uma final de conferência, Stockton fez 11 dos últimos 14 pontos do JAZZ na partida incluindo a bola de três, na cara de Barkley, no estouro do cronômetro e levou seu time para onde nunca ninguém havia levado, as finais da NBA.

Sem precisar enterrar, John Stockton foi um verdadeiro campeão.

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