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Bala na Cesta

Suspensa, CBB realiza eleição a portas fechadas na sede do Comitê Olímpico Brasileiro

Fábio Balassiano

10/03/2017 06h03

Chega ao fim hoje a Era Carlos Nunes. Presidente da Confederação Brasileira por longos 8 anos, Nunes é o responsável maior por colocar na lama o nome da modalidade no país. Assolada por uma dívida de R$ 17 milhões ao final de 2015, com credibilidade negativa e culminando com a suspensão da Federação Internacional (FIBA) no mínimo até o final de maio deste ano, o mandatário põe um ponto final na pior gestão que a CBB já viu (e olha que ele teve a concorrência de Gerasime Bozikis, seu antecessor).

EVENTO BALA NA CESTA EM SÃO PAULO – 27/03

Como fecho de "ouro", Nunes realiza o pleito desta sexta-feira que tem como candidatos Guy Peixoto (o favorito) e Amarildo Rosa, ambos entrevistados neste espaço esta semana, mais uma vez a portas fechadas. Ou seja: ninguém, com exceção dos eleitores (presidentes de Federação e Associação de Atletas) e candidatos, terá acesso a mais esperada eleição da CBB dos últimos anos. A FIBA pedia transparência, seriedade e credibilidade. A Confederação, em seu último ato de uma gestão tenebrosa, reage assim. Incrível!

Nem um pouco adepta a liberdade de imprensa e da difusão da informação, a Confederação sequer faz questão de esconder o seu lado censor, colocando no site a seguinte atrocidade: "Os profissionais credenciados da imprensa somente terão acesso ao recinto da Assembleia para o momento de apuração de votos no processo eletivo, conforme consta do Edital de convocação". Se não podemos (jornalistas) acompanhar o processo eleitoral de forma completa, vale a pena fazer o que lá então? Nada, né? Vale dizer que antes de eleger o novo mandatário os presidentes de Federação e a Associação de Atletas vão aprovar ou reprovar as contas de Carlos Nunes referente ao ano de 2016 (minha curiosidade é imensa em relação às justificativas dos votantes neste quesito e sobretudo com os números que do Balanço Financeiro sairão).

O mais bizarro de tudo é que o pleito acontece na sede do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que indiretamente acaba concordando com um sistema de eleição deprimente, retrógrado, arcaico e que lembra os piores tempos da ditadura. Triste, pra dizer o mínimo. Mas fica a pergunta: se o Comitê chancela isso abrindo as suas dependências para uma eleição a portas fechadas, sem que a imprensa possa exercer livremente o trabalho de informar o que se passa, o que esperar do COB?

Vamos acompanhar os movimentos que esta sexta-feira nos reserva. Ficarei bastante surpreso se Guy Peixoto não for eleito. Em todas as conversas que tive o empresário, que tem o apoio de muitos ex-jogadores, aparece como grande favorito a presidir a CBB nos próximos quatro anos. Torçamos para que ele ou Amarildo Rosa não tragam somente cores novas em termos de gestão, mas sobretudo ares de transparência, credibilidade e abertura ao público. Já seria um excelente começo em uma entidade que se acostumou a tentar censurar o trabalho de quem deve sempre fiscalizar o poder – ainda mais uma entidade pessimamente gerenciada como esta que Carlos Nunes e seus colegas administraram por oito anos.

Fechar uma eleição é o cúmulo do absurdo. Mas segue acontecendo no basquete. Desta vez nas barbas do Comitê Olímpico Brasileiro. Nada mais triste.

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