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Bala na Cesta

Entrevista com o candidato a presidência da CBB Guy Peixoto

Fábio Balassiano

09/03/2017 06h45

Ontem você leu aqui a entrevista com o candidato Amarildo Rosa. Hoje é a vez de ler as propostas de Guy Peixoto nos mesmos moldes de ontem – 10 perguntas iniciais iguais às respondidas por Amarildo e as 2 finais únicas para ele.

Nascido em Belém (Pará), Guy completará 56 anos no dia 13 de março, é empresário renomado no ramo de logística, foi atleta profissional e defendeu a seleção brasileira nas décadas de 70 e 80. Tem como apoiadores de campanha nomes de peso como Tiago Splitter, Marta Sobral, Marcel de Souza, Amaury Pasos, Guerrinha, Marquinhos Abdalla, entre outros. Vamos a entrevista completa.

EVENTO BALA NA CESTA EM SÃO PAULO – 27/03

BALA NA CESTA: Para quem não conhece o senhor, como o senhor se apresentaria para a comunidade do basquete? Quem é o candidato Guy Peixoto?
GUY PEIXOTO: Sou um ex-jogador nascido em Belém (PA) e que tem muito a agradecer ao basquete, que me ensinou muita coisa e me deu a chance de conseguir êxito em outros setores da minha vida. Tive o orgulho de defender a camisa de clubes importantes do cenário nacional, além de envergar a camisa da Seleção Brasileira. Neste momento, atendendo ao clamor de grande parte da comunidade do basquete, tomei a decisão de concorrer à presidência da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) com a meta de implantar uma gestão profissional e transparente, buscando reconduzir o basquete nacional ao seu lugar de direito.

BNC: O que leva alguém a querer assumir uma entidade que tem R$ 17 milhões de dívida, credibilidade zero e uma suspensão da FIBA a cumprir? Não é muita loucura?
GUY: Eu aceitei lançar candidatura à presidência da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) por entender que, junto com um grupo de pessoas que comungam do mesmo ideal, amam a modalidade e que formam a nossa chapa, posso implantar uma gestão profissional, com metas claras e pré-estabelecidas, funcionando, verdadeiramente, como uma empresa. É, sem dúvida alguma, um desafio, mas acredito fortemente que com um modelo de gestão profissional e diferenciado, que é o que nos propomos, podemos reverter o cenário onde nos encontramos atualmente.

BNC: Você tem divulgado através das redes sociais um pouco sobre seu plano de governo, caso seja eleito. Quais são as prioridades do Governor Guy Peixoto caso o senhor vença o pleito em 10/03?
GUY: Assim que assumirmos, caso vençamos as eleições, será anunciado o plano de 100 dias, ou seja, um conjunto de ações emergenciais que julgamos essenciais para o nosso início de trabalho. Alguns dos itens mais importantes são: retirar a suspensão imposta à CBB, reativar os campeonatos de Base de Seleções Estaduais nas faixas etárias sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19, implementar o Centro de Treinamento de Excelência para seleções de Base e Adultas, dar transparência total às informações financeiras, administrativas e técnicas da Confederação, implementar a Universidade do Basquetebol para atender a todos os segmentos do basquete (Técnica, Arbitragem, Saúde do Esporte, Gestores esportivos e Atletas e ex-atletas) e criar o Conselho de Notáveis. Outra coisa que considero importante relatar é que toda a remuneração destinada a presidência será revertida em caráter de doação a Confederação Brasileira de Basketball (CBB).

BNC: Como o senhor avalia a gestão do presidente Carlos Nunes ao longo dos últimos 8 anos? Há solução para a Confederação Brasileira sair da lama, ou no atual estágio o mais correto a se afirmar é mesmo que o novo presidente deverá praticamente estancar um sangue imenso provocado por Nunes e seu grupo gestor?
GUY: Os resultados, dentro e fora de quadra, mostram que a atual gestão da CBB deixou muito a desejar, fazendo com que o basquete nacional perdesse a credibilidade e o espaço nos cenários nacional e internacional. Com certeza existe solução para sairmos dessa crise, e por este motivo desenvolvemos um plano de gestão inovador e abrangente, buscando solucionar os problemas existentes e trazer modernidade à gestão da confederação.

BNC: Uma das grandes dúvidas sobre o novo presidente é a tal força-tarefa proposta pela FIBA. O senhor assinará isso? Ou mantém de que não irá assinar? Caso assine ou não, quais são as consequências para para a CBB e clubes brasileiros?
GUY: Creio que a FIBA está fazendo o seu papel de buscar soluções para basquete brasileiro, que é um dos seus filiados e dono de uma história riquíssima. Nós já fizemos contato com a entidade maior do basquete mundial para mostrar as nossas intenções, metas e ideais, e caso venhamos a vencer a eleição já temos uma reunião agendada na Suíça para apresentar nosso plano detalhado para os primeiros 100 dias. Neste momento oportuno iremos também abordar este tema.

BNC: O senhor pode ser eleito pelas Federações, mas me parece claro que este modelo federativo, com pouca gente votando e gerenciando o basquete brasileiro, é arcaico e precisa de mudanças. O senhor concorda com isso? Pretende fazer mudanças estatutárias neste sentido? Ademais, como você fará para lidar com Federações que não fazem basquete de base (quase todas)? Qual será a cobrança de você, que será eleito por elas, para elas em relação à massificação da modalidade?
GUY: Dentro do nosso plano de gestão existe um item específico sobre as federações estaduais e a nossa ideia é fazer um trabalho de fortalecimento destas entidades, passando conhecimento e dando condições para que eles evoluam em vários sentidos e setores, auxiliando na formação de atletas e realizando o basquetebol por todo o país.

BNC: As duas seleções brasileiras adultas estão sem técnico no momento. Quem seriam seus nomes preferenciais caso assuma a Confederação Brasileira?
GUY: Em caso de vitória do nosso grupo iremos informar a composição da nossa diretoria e teremos os responsáveis técnicos. Estes profissionais habilitados, ao lado da diretoria e do grupo de notáveis, chegarão aos nomes certos para estas funções.

BNC: Outro ponto importante diz respeito às categorias de base, abandonadas a própria sorte há anos. Qual o seu plano especificamente para trazer mais jovens atletas para o basquete, desenvolvendo estes jovens atletas para o futuro da modalidade?
GUY: A base é muito importante para o futuro do nosso basquete, pois é a formação que dá a sustentação para a modalidade no futuro. Vamos dar uma atenção mais do que especial à base, já que ela foi totalmente esquecida nos últimos anos. Além do que já falei em relação às federações, vamos fazer eventos e ações que fortaleçam a base e possam elevar os níveis dos nossos atletas e treinadores. Como mencionado, vamos realizar os campeonatos de base de Seleções Estaduais nas faixas etárias sub-13, sub-15, sub-17 e 19. Saliento que alguns destes campeonatos foram interrompidos nos últimos anos (Sub-15 e Sub-17), traremos de volta o Sub-19 (que por muitos anos não foi promovido) e criaremos o Sub-13, paralisado há mais de 30 anos.

BNC: Recentemente houve uma série de rumores envolvendo a relação entre CBB e Liga Nacional. Alguns presidentes de Federações são contra o NBB, afirmando que o campeonato nacional deve voltar a ser gerido pela Confederação Brasileira. O que o senhor acha disso? Pretende realmente acabar com o NBB? Como será a sua relação com a entidade?
GUY: Mantenho um relacionamento cordial com a Liga Nacional de Basquete (LNB) e não vejo motivo para mudar isto. Eu não sei qual foi o tipo de acordo firmado com eles, mas caso vença a eleição vou verificar. Sobre Federações contra a LNB e coisas similares, acredito existirem posições das mais diversas sobre o assunto. Isto não vai afetar em nada nosso futuro trabalho de gestão de todas as partes interessadas em nosso esporte: federações, atletas, técnicos, arbitragem, ligas, etc.

BNC: Qual o seu plano para equacionar as dívidas da CBB? Qual é, exatamente, o tamanho do rombo da Confederação?
GUY: O primeiro passo é conhecer o montante da dívida da CBB. Vemos pelos balanços financeiros o número, mas é preciso se debruçar na situação toda e entendê-la completa. Depois disso, junto com a minha equipe de trabalho, traçaremos planos de recuperação da sua saúde financeira, usando para isso, profissionais competentes e atuando sempre com transparência para recuperar, em primeiro plano, a credibilidade da entidade.

BNC: É de conhecimento de todos que o senhor apoiou Carlos Nunes na primeira eleição dele. Agora o senhor surge como oposição. Não é contraditório? O que mudou de lá pra cá? Se arrepende de ter apoiado um cara que se mostrou um presidente tão ruim?
GUY: Consigo explicar isso tranquilamente e assumindo tudo o que fiz. Há oito anos o senhor Carlos Nunes apareceu com um nome novo, que dentro de sua campanha se propunha a trabalhar diferente do que fez. Naquele momento, precisávamos de uma mudança, pois estávamos há vários anos com o Grego na presidência e o basquete nacional clamava por algo novo. Foi por isso que, sim, o apoiei, pois desde aquela época já havia um clamor imenso por mudanças no rumo do basquete. Mas infelizmente ele não fez nada daquilo a que estava se propondo e tão logo começou a sua gestão eu rompi com ele.

BNC: Pra fechar. O senhor tem muitos apoios da comunidade do basquete. Ex-jogadores, técnicos, muita gente chancela a sua candidatura. Como o senhor fará para dirigir a Confederação Brasileira mesmo tendo uma vida empresarial de sucesso? Quantos % do seu dia será tomado por assuntos de basquete e quantos % pela sua vida empresarial?
GUY: Essa é uma boa pergunta e vou te responder da maneira mais sincera possível. Farei da mesma forma que faço com as minhas empresas, que são compostas por profissionais competentes em suas áreas. Com esse formato que planejamos para a CBB, a entidade funcionará como uma empresa e creio que os resultados serão amplamente favoráveis. Quero reafirmar que o foco total será na recuperação do basquete. Este ponto guiará minhas ações durante todo o mandato, caso sejamos vencedores. Outro fator importante de se colocar é que não vou receber um centavo da CBB se vier a ser eleito. Não quero um café da CBB. Nada. Compromisso assumido meu: a CBB não paga uma passagem do senhor Guy Peixoto, hotel, absolutamente nada. Não preciso disso e só quero ajudar o basquete. Vai ser uma grandíssima mudança de gestão, com transparência total. Todo dinheiro que entrar vai ser publicado. As pessoas que estão se propondo a me ajudar sabem que é um momento de sacrifício pelo bem maior, que é o basquete. Pode me cobrar. Será uma gestão de meritocracia total sempre. Onde houver gente querendo fazer basquete nós vamos estar juntos.

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