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Bala na Cesta

Começa o mês da eleição presidencial da Confederação - o que esperar do pleito?

Fábio Balassiano

01/03/2017 18h00

Chegou o mês de março. Antes das águas fecharem o verão há uma eleição da suspensa Confederação Brasileira por vir. Ela acontecerá no dia 10 de março, no Rio de Janeiro, e terá dois candidatos – Amarildo Rosa, presidente da Federação do Paraná, e o empresário Guy Peixoto. Os dois, aliás, receberam perguntas do blogueiro e, caso respondam, estarão aqui na próxima semana com seus argumentos.

Sobre o pleito, alguns pontos importantes merecem ser levantados. No modelo arcaico em que vivemos, 27 presidentes de Federação (Estados + Distrito Federal) e Associação de jogadores têm direito a voto e decidirão os destinos do basquete do país nos próximos 4 anos (o novo presidente precisa, portanto, de 15 para ser eleito). Só isso e mais nada.

Vale dizer que, pouco antes da votação começar, são estes mesmos rapazes que aprovam ou não as contas de 2016 do ainda presidente Carlos Nunes (Pará, Maranhão e Goiás surgem como boas exceções, batendo de frente contra o sistema e reprovando os buracos cebebianos com frequência). Não custa lembrar que nos últimos anos essa galerinha gente boa tem aprovado tudo o que Nunes fez. E tudo o que Nunes fez, no caso, é colocar a dívida da entidade em R$ 17 milhões, gerar uma suspensão internacional e fazer o basquete brasileiro ser motivo de chacota (mais informações aqui e aqui). Aqui vale detalhar um pouco os atletas, no nome do senhor Guilherme Giovannoni, que até o final de 2016 presidia uma Associação de Atletas que deveria brigar por condições melhores para os jogadores – e não para chancelar coisas tenebrosas como ele fez. Desde que passou a ter direito a voto nas Assembleias, Giovannoni e seus representantes (Douglas Viegas, seu vice) aprovaram TODAS (vou repetir: TODAS) as contas de Carlos Nunes. Vai entender…

Mas, bem, voltando. Como toda confusão no basquete brasileiro é bobagem e sempre cabe mais loucura, um dia antes da eleição e da aprovação das contas haverá uma assembleia em que será votada a efetivação da força-tarefa proposta pela Federação Internacional no final do mês de janeiro. Guy Peixoto é contra. Amarildo Rosa (foto), por sua vez, aceita a força-tarefa. Não consigo entender bem o motivo dessa votação prévia, mas é assim que será e ainda preciso entender para que ela serve. No momento é suspense total.

Vale lembrar que a CBB está suspensa no mínimo até o final de maio de 2017, com a FIBA tendo que rever a situação da entidade máxima do basquete brasileiro após isso. As duas seleções Sub-19 (masculina e feminina) atualmente estão fora de seus Mundiais. Caso o novo presidente consiga reverter a situação / suspensão, as duas equipes poderão atuar, mas é algo improvável. O olhar, porém, deve estar até mais à frente. Caso a FIBA mantenha o pulso firme, o basquete brasileiro pode até mesmo ser desfiliado, ficando fora das Eliminatórias para os próximos Mundiais (Feminino em 2018 e Masculino em 2019) e os clubes nacionais mais uma vez fora de competições continentais.

Pelas conversas que tenho tido, Guy Peixoto surge como favorito a vencer a eleição do dia 10 de março. Seu plano de gestão de fato parece ser muito bom pelo que puder ler (está disponível aqui, algo raro em termos de transparência e credibilidade – e que fique claro que aqui não há NENHUM apoio a candidato algum, mas apenas análise de cenário), mas a gente sabe que em eleição de Confederação votam 27 presidentes de Federação e estes caras não ligam exatamente para o bem do basquete. São muito mais afeitos a vaidades e tapinhas nas costas do que qualquer outra coisa.

O dia 10 de março marcará a saída de Carlos Nunes da Confederação. Sai de cena o pior presidente da história da CBB (conseguiu superar Grego neste sentido, o que é um feito e tanto) e entrará alguém para literalmente limpar as atrocidades que Nunes cometeu durante 8 anos. Guy ou Amarildo assumirá uma entidade endividada, sem credibilidade, suspensa e com patrocinadores escassos. O cenário é de terra arrasada, não há a menor dúvida.

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