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Bala na Cesta

No All-Star Game, a notícia mesmo é a troca de DeMarcus Cousins para o Pelicans

Fábio Balassiano

20/02/2017 08h30

O All-Star Game da NBA terminou ontem em Nova Orleans com vitória do Oeste sobre o Leste por 192-182, MVP para o garotão da casa Anthony Davis (bateu o recorde histórico ao fazer 52 pontos) e muita festa para Kevin Durant e Russell Westbrook, que jogaram juntos novamente e trocaram, vejam só vocês, até passe. A notícia do dia, porém, veio de fora das quadras.

O pivô DeMarcus Cousins, que não por coincidência jogou apenas dois minutos na noite de ontem pelo Oeste, foi trocado pelo Sacramento Kings minutos depois de a franquia ter avisado ao agente do atleta que não o despacharia para lugar algum. Não rolou, e Cousins irá para… Nova Orleans mesmo (não vai nem precisar fazer a mala). Jogará no Pelicans ao lado de Anthony Davis. O Sacramento recebe os alas Tyreke Evans, que já foi da equipe anos atrás inclusive, e Buddy Hield, além do armador Langston Galloway, uma escolha de primeira rodada deste ano (protegida em caso de Top-3 se for do New Orleans) e outra de segunda rodada também em 2017. Junto com Cousins vai para o Pelicans o ala Omri Casspi. O Lakers estava na jogada, mas desistiu ao ouvir o pacote pedido pelo Sacramento (Brandon Ingram, o calouro, inclusive).

Vamos analisar a troca sob a perspectiva dos três principais envolvidos: Pelicans, Cousins e Kings. Vamos lá:

1) Para o Pelicans, me parece que foi uma tacada de mestre. O time estava pressionado devido às últimas contratações (todas bem ruins), Buddy Hield, o calouro, não empolgava muito e todo mundo cobrava alguém de nível para dialogar com Anthony Davis, que é um cracaço de bola. Mais um pouquinho e Davis começaria a reclamar de estar jogando sozinho (no que ele teria total razão). Tudo bem que o Monocelha tem contrato longo (até 2020), mas os rumores de uma possível saída já estavam começando a ficar mais altos e a diretoria do Pelicans decidiu agir. E agiu muito bem.

Vem, então, DeMarcus Cousins, que formará com o Monocelha um dos garrafões mais poderosos da NBA na atualidade. Cousins é disparado o melhor pivô da liga há no mínimo dois anos. Davis, o ala-pivô mais promissor e com possibilidade de ser dominante ao extremo. Uma bela e animada união, não resta dúvida. Apenas como fatos relevantes, fico curioso com duas coisas: a) Cousins poderá ser agente-livre em 2018. Se ele sair de Nova Orleans no próximo ano, muito provavelmente a troca não terá valido a pena; b) Em uma liga cada vez menos jogando com dois jogadores grandes perto da cesta (às vezes sem nenhum…), como ficará a armação tática do Pelicans com Cousins + Davis lutando por espaços no garrafão? Lembrando que o técnico do New Orleans é ninguém menos que Alvin Gentry, um dos maiores incentivadores do small-ball (jogo com quatro abertos). O duo conseguirá coexistir tranquilamente? Acredito que sim, mas quero ver esta arrumação na franquia da Lousiana.

2) DeMarcus Cousins acabou se dando bem, por incrível que pareça. Perdeu uma bolada de grana, pois não poderá mais renovar por 6 anos e US$ 200 milhões em 2018, mas mudará de ares, terá um companheiro à sua altura, e terá chance de entrar no playoff do Oeste. Se tudo der errado em Nova Orleans, se coloca como agente-livre em 2018 e será cortejado por mais da metade da NBA.

Caso coloque a cabeça no lugar, pense apenas no basquete e em quão dominante ele poderá continuar a ser, tem tudo para formar um dupla absurdamente explosiva e disparada a melhor de garrafão da atualidade. Cousins tem 26 anos, não é mais nenhum garoto e está na hora de se tornar um líder real (não só nos pontos) de um time que brigue por coisas grandes.

3) Sobre o Sacramento, nada a dizer. O time é uma casa da mãe Joana danada, como disse aqui antes da temporada, está totalmente perdido com sua gestão inquieta e não tem a menor perspectiva de futuro. Poderia dizer que a franquia entrará em reconstrução, mas é impossível ser assertivo em relação a isso quando os donos e Vlade Divac, o gerente-geral, não têm a menor noção do que fazer com seus garotos, seus picks de Draft e veteranos. Será que não haveria, no caso de definitivamente trocar Cousins, nenhuma troca melhor possível? Boston está cheio de picks bons de Draft, por exemplo. É uma situação complicada, mas vale lembrar à turma da Califórnia que eles perderam simplesmente o melhor pivô da NBA na atualidade, ganhando um garoto que não está bem (Hield), um veterano que já esteve por lá (Evans) e mais duas mariolas mordidas.

Concorda com a análise? Cousins será genial com Davis no Pelicans? Ou pode dar errado? Comente aí!

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