Topo

Bala na Cesta

A magia de Fúlvio e o crescimento de Lucas Mariano na vitória de Brasília contra o Flamengo

Fábio Balassiano

15/01/2017 09h40

fulvio11Todo Brasília x Flamengo (ou Flamengo x Brasília) é especial. É o maior clássico do NBB, são os dois únicos times que já venceram a competição (três pros brasilienses e cinco pros rubro-negros), os investimentos são altos, a rivalidade é imensa e vira e mexe temos bons jogos. O de ontem, transmitido ao vivo pela Band pra todo Brasil, não fugiu a regra. E ele será lembrado pela boa presença de público (mais de 4 mil pessoas), pela consolidação de Lucas Mariano (24 pontos – falarei mais dele a seguir) e pela magia do armador Fúlvio, principal responsável pela vitória de Brasília por 95-83. Com o resultado, os cariocas seguem na liderança, mas agora têm 11-2 e são vigiados ainda mais de perto pelos candangos, que somam 11-3 e vêm de quatro vitórias consecutivas.

fulvio1Sobre Fúlvio, quem olha seus números (9 pontos e 9 assistências em 28 minutos) pode achar que ele não teve tanta interferência assim no jogo de ontem. Mas neste caso os números mentem. Disparado o melhor passador do Brasil há no mínimo uma década, ele coloca seus companheiros SEMPRE em ótimas posições de arremesso, posiciona seu time muito bem em quadra, dita o ritmo (acelera, trava, pressiona o adversário etc.) e ainda consegue pontuar quando necessário. Ele fez isso tudo ontem, e com um adicional incrível de que ele saiu para se tratar após um choque com o adversário. É óbvio que aos 35 anos ninguém espera que ele seja um virtuoso físico, mas a sua visão de quadra impressiona e impulsiona o crescimento de Brasília. Nos jogos que teve 6+ assistências, o time venceu 8 e perdeu 2 vezes, numa prova não de dependência da equipe para com ele, mas sim de sua importância no esquema do técnico Bruno Savignani (muito promissor aliás!). Não é a toa que jovens que atuam com ele (Deryk e Lucas Mariano, por exemplo) cresçam assustadoramente, tamanha a sua capacidade de melhorar o nível de seus companheiros com passes, dicas etc. .

machadoFalando sobre o jogo, foi uma boa partida em termos técnicos, mas falando especificamente sobre o Flamengo confesso não compreender bem o que houve em relação ao tal espaçamento do time no ataque, algo que vinha sendo bem feito pela equipe de José Neto em todo NBB até agora. Sem Ricardo Fischer e Humberto, os armadores principais que estão lesionados, quase sempre a tomada de decisão ofensiva ficava a cargo de Marquinhos, cestinha do campeonato e melhor jogador do país. Não é algo estranho para os rubro-negros, já que o mesmo expediente foi adotado nas finais do último NBB contra Bauru. Mas neste sábado algo empacou. As ações ficaram muito concentradas no meio da quadra, e aí Brasília, que tem a melhor defesa da competição (sofre 75 pontos por jogo e permite apenas 28% de conversão do rival em bolas de três – melhores índices do certame), fechou bem os espaços e pressionou muito bem a bola. O resultado é que o Flamengo teve 6/22 de fora, desperdiçou 12 bolas e teve a sua terceira menor pontuação na fase regular. Mérito dos brasilienses também, claro, mas vale a comissão técnica de Neto, que estava bem irritado (com toda razão) durante a peleja, estudar bem o ocorrido para que não se repita mais pra frente.

lucas2É impossível terminar este post e não falar de Lucas Mariano. Após razoável temporada em Mogi em 2015/2016 (8,8 pontos e 4,3 rebotes), o pivô explodiu em Brasília. Lucas é o cestinha em uma equipe que tem Deryk Ramos, também jovem e de muito potencial, e Guilherme Giovannoni, uma das maiores estrelas do basquete nacional. Tem as incríveis médias de 19,4 pontos, 7,1 rebotes e 17,71 de eficiência. Nas três categorias ele está no Top-10 do campeonato e é o autor de quatro duplos-duplos até o momento. Lucas tem apenas 23 anos, pode crescer ainda mais (principalmente na parte física, tornando-se mais forte ainda) e, tal qual Deryk (12 pontos de média neste NBB), deve ser testado e provado na seleção brasileira para o próximo ciclo olímpico. Os dois jovens devem, inclusive, pensar em voos maiores (leia-se Europa) para os próximos passos de suas carreiras.

lucas1Termino como comecei. Todo Brasília x Flamengo é especial. O deste sábado, 14 de janeiro de 2017, foi o clássico de Fúlvio, armador de basquete clássico, plástico, daqueles que a gente vê, se choca (porque o cara pensa nas coisas 2, 3 segundos antes) e só pode aplaudir.

Elogiado por todos os companheiros e técnicos com o qual teve contato, o camisa 11 é um grandíssimo jogador e um dos melhores armadores do país neste século sem sombra de dúvida. Vê-lo em quadra em seus recitais é um prazer imenso.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.