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Bala na Cesta

É oficial: a NBA estará na TV Globo - apenas motivos para comemorar?

Fábio Balassiano

09/01/2017 06h00

globo1A notícia divulgada pela coluna Radar, da Revista Veja, no primeiro dia de 2017, se confirmou de forma oficial neste sábado, 7 de janeiro. A NBA será exibida na tela da TV Globo a partir desta temporada. De acordo com o comunicado oficial disponível no site do Sportv, que também é o site oficial da NBA no Brasil (insano, mas é isso, como informei no final de 2015), neste primeiro momento a emissora exibirá os melhores momentos apenas das finais a partir do jogo 4 (possibilidade de ter, portanto, quatro partidas na tela).

arnon1Sei que muita gente torce o nariz quando o assunto é Rede Globo, mas sinceramente acho uma doideira qualquer tipo de crítica em relação ao tema do post. E o assunto de NBA na Rede Globo era algo que já estava na mesa há tempos, conforme entrevista publicada por este espaço com Arnon de Mello, chefe do escritório da liga no país, logo no começo de 2016 (relembre aqui).

nba1A Globo, assim como outra empresa qualquer, visa o lucro, pensa no negócio dela (que é gerar audiência) e está colocando um novo produto em sua grade de programação. Assim como foi com a NBA na Rede Bandeirantes na década de 80. Assim como foi com o UFC na própria Globo recentemente. Nenhum destes produtos entrou "ao vivo" direto e fazendo um estrondo de audiência. Provavelmente a direção do canal verá a performance (leia-se audiência), medirá a repercussão e pensará no que fazer para os próximos anos. Se quiser chamar a final de 2017 do melhor basquete do mundo de "Projeto Piloto", algo muito normal no mundo corporativo, para a Rede Globo é bem por aí.

globoLi todas as possíveis críticas (narração, nome dos ginásios, não ser ao vivo, apenas melhores momentos etc.), mas creio que neste momento, nós, os basqueteiros mais aficcionados e que acompanhamos a NBA com mais assiduidade, devemos ampliar o olhar e pensarmos em quantas pessoas serão impactadas com esta novidade. Pessoas, neste Brasil de mais de 200 milhões de pessoas e de inúmeras realidades, que não têm acesso a TV a cabo, a internet, a blogs, a quase nada que não seja uma rádio e/ou uma televisão que pegam apenas os canais abertos. Querer que um produto de nicho continue sendo apenas um produto de nicho é, no final das contas, egoísta pra caramba e lembra muito aquele fã que acompanha uma banda desde o começo e que fica chateado quando ela (a banda) faz sucesso, passando a ter mais pessoas para "dividir" o amor / conhecimento. Em esporte, quanto mais gente acompanhando melhor – em todos os aspectos, mas sobretudo pelo lado financeiro da coisa. Para quem já foi impactado, e gosta de basquete, nada muda. Nós, os "heavy-users", continuaremos a consumir este esporte maravilhoso em internet, tv a cabo, revistas, blogs etc. . É assim que funciona, não?

lebron2Vocês já pararam pra imaginar a quantidade de gente que passará a ter contato com LeBron James, Steph Curry, Kevin Durant, Kawhi Leonard, Kyrie Irving, entre outros, que NUNCA sequer soube da existência da NBA? Quantos novos fãs / consumidores / amantes do jogo estarão sendo formados pelo simples fato de uma liga profissional de basquete ter um espaço importante na maior emissora de televisão da América Latina? Conseguem mensurar quão "expansível" torna-se o produto no país com ele chegando a, sei lá eu, mais de 100 milhões de habitantes? É um impacto absurdo, gente! E isso é bom pra todo mundo, né? Anunciantes, jornalistas, clubes, Liga Nacional e seu NBB etc. .

kawhi2Vale dizer uma coisa importante. É muito óbvio que os tempos mudaram e que o acesso a informação é bem diferente daquele da década de 80. Lá, os melhores momentos eram a única forma que o fã de basquete tinha de acompanhar e até mesmo saber dos resultados dos jogos. Hoje, sabemos, não é bem assim. Com a internet o resultado é "em tempo real", pra usar uma expressão da moda, e pode ser que o impacto seja menor que aquele de 30, 20 anos atrás. Isso é um fato cristalino e negar isso não me parece inteligente.

sternDe todo modo, eu encerro este texto relembrando uma frase de David Stern, ex-comissário da NBA na década de 80 e responsável maior pela expansão da liga pra fora da fronteira: "Highlights are marketing" ("Melhores momentos são marketing"). E vocês entendem o significado disso, né? Difusão, informação, tornar conhecido um produto até então desconhecido, alcance maior de marcas (times) e atletas (também marcas) e tudo mais. Se não é o ideal, porque somos muito ansiosos e queremos tudo pra ontem, tipo com jogos todos os dias da semana no lugar da novela e só se for ao vivo e com direito a mesa redonda no dia seguinte às 9h da manhã pra discutir a rodada, creio ser um movimento pra lá de interessante e mais uma etapa da expansão da NBA no Brasil.

nba2Vale relembrar a linha do tempo histórica da liga no país: escritório montado, três jogos de pré-temporada por aqui, dois clubes indo jogar na pré-temporada nos Estados Unidos, aumento no número de transmissões, crescimento no número de vendas do League Pass, inúmeros eventos do NBA 3X, primeira loja física lançada (no Barra Shopping, Rio de Janeiro), o maior canal de esportes da tv fechada do país comprando os direitos da liga (Sportv), NBA House durante as Olimpíadas com sucesso total, álbum de figurinhas nas bancas e agora a informação de que as finais estarão disponíveis também em TV aberta.

Juro que, crítico que sou, gostaria de achar problemas com a chegada da NBA à TV Globo. Pode ser uma visão até certo ponto romântica e/ou ingênua, mas não encontrei ainda. Pra mim, só há coisas boas com o acesso do melhor basquete do mundo a um número ainda maior de pessoas por aqui.

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