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Bala na Cesta

Feliz no Vasco, Nezinho projeta NBB após primeira vitória do time em casa

Fábio Balassiano

20/11/2016 01h07

nezinho1Na tarde deste sábado estive em São Januário para ver Vasco x Mogi, jogo válido pelo NBB. Após duas derrotas consecutivas (Brasília e Campo Mourão), o time cruzmaltino jogou muito bem, dominou do início ao fim e bateu os mogianos por 94-70 (primeiro triunfo da equipe no Rio de Janeiro no campeonato), ganhando a sua segunda partida em quatro encontros. No final conversei com Nezinho, armador de 35 anos, um dos principais reforços do elenco para a temporada e autor de 22 pontos e 7 assistências de uma ótima atuação.

nezinho23BALA NA CESTA: Queria que você falasse do jogo, da importância da vitória. Hoje o Vasco se soltou, né?
NEZINHO: É, cara, a gente começou o NBB muito mal. Mesmo lá em Minas, onde vencemos na prorrogação, não fizemos uma partida legal. Depois em Brasília, acho que nunca havia perdido daquela maneira. E na quinta-feira contra Campo Mourão nós tivemos uma postura defensiva boa, mas corremos totalmente errada. No treino de sexta-feira o técnico Christiano ajustou tudo e hoje (sábado), sim, fizemos uma grande partida. Mogi fez 34 pontos no primeiro tempo, 36 no segundo e acho que é daí pra cima. A equipe ainda tem muito a melhorar.

nezinho13BNC: Como está sendo a sua chegada ao Rio de Janeiro? Sua adaptação, a família, essas coisas…
NEZINHO: Estou adorando a cidade. Antes vinha pra cá, jogava e ia embora. Agora minha mulher está amando tudo e falou: "Daqui a gente não sai nunca mais". Espero que fique aqui muito tempo. Eu moro ali na Lagoa Rodrigo de Freitas (Zona Sul do Rio de Janeiro), em frente às quadras de basquete, minhas filhas vão sempre pra lá brincar. Estou conhecendo o Rio de Janeiro agora e estou curtindo muito. Tinha outra imagem, mas agora vivendo você aprende a gostar e a amar essa cidade. Se minha família está feliz eu estou feliz.

nezinho80BNC: Você nunca tinha jogado em um time, digamos, de camisa, né? Diferente mesmo ou balela?
NEZINHO: Não, não. É bastante diferente. Você joga no interior de São Paulo, você conhece todo mundo, mas é o time da cidade. Aqui, não. A pessoa escolhe o time que ela quer torcer e segue isso. O Vasco é muito grande, e aqui do lado tem o Flamengo. Então a rivalidade cresce, a pressão existe. Eu sempre via as finais de Vasco x Flamengo, e eu disse isso ao nosso diretor Fernando Lima, com Maracanazinho lotado, e agora espero poder jogar lá com os torcedores vendo a partida. Estou muito feliz e poder realizar esse sonho, quem sabe no jogo 3 da final do Estadual, para o grande público.

nezinho78BNC: Você jogou aqui no Rio de Janeiro para um grande público. No Maracanazinho, pelo Ribeirão Preto, né? Você lembra, claro…
NEZINHO: Lembro, claro! Tinha 18, 19 anos. Era muito novo, jogamos contra o Vasco mas infelizmente pra mim não vencemos. Era jovem, não entendia bem o que representava aquilo tudo, aquelas emoções. Agora podendo estar aqui, quero aproveitar e desfrutar ao máximo essa experiência. Não quero ficar jogando com portão fechado, com torcida única. Isso é chato. Quero jogar lá pra torcedor do Flamengo, pra torcedor do Vasco. O basquete não pode perder essa oportunidade, não. Flamengo venceu muita coisa recentemente. Vasco está chegando agora com força. Não podemos perder isso porque ano que vem a gente não sabe o que pode acontecer.

nezinho100BNC: Essa semana foi agitada fora de quadra. O que você, atleta sentiu com a suspensão da FIBA à CBB e por consequência ao basquete brasileiro?
NEZINHO: Cara, quando eu vi a notícia eu estava com a minha esposa. Vi o celular, meio que não acreditei e mostrei a ela. Fiquei muito triste, porque eu vi acontecer no México, em outras ligas muito abaixo do que o Brasil é no âmbito mundial. Isso é um desrespeito, é uma vergonha pra gente que vive de basquete. Já que aconteceu, e era pra ter acontecido antes porque está uma bagunça há muito tempo, já que você sabe bem e viveu naquela época que o Campeonato Nacional da CBB não terminou. Muitos times, e eu joguei em um deles, o COC/Ribeirão Preto, fecharam as portas. Se não tivesse acontecido aquele absurdo provavelmente a equipe estaria lá até hoje. Já vem coisas de muito tempo. Teve que vir pessoa de outro país para intervir aqui na nossa situação e eu espero que seja pra melhor o que está por vir. Mas que seja rápido, porque não pode atingir clubes como Flamengo, Bauru e quem sabe Mogi, que se ganhar a Liga Sul-Americana não poderá atuar na Liga das Américas. Isso tudo pode desanimar ainda mais os patrocinadores, como aconteceu com o COC, que era uma potência. É muito ruim pro esporte. Espero que venham decisões rápidas e que sejam para o melhor do basquete. A gente merece respeito.

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