Técnico do Spurs, Gregg Popovich detona Donald Trump, novo presidente dos EUA
Um dos mais respeitados e vitoriosos técnicos do basquete mundial, Gregg Popovich, cinco vezes campeão pelo San Antonio Spurs na NBA e um dos nove treinadores a ter mais de 1.000 vitórias na liga norte-americana, deixou claro nesta sexta-feira o que pensa sobre Donald Trump, novo presidente eleito pelos Estados Unidos. Em entrevista coletiva no Centro de Treinamento texano ele detona Trump e diz estar furioso com o resultado das urnas e explicou por cinco minutos bem intensos o que está sentindo. Confira o depoimento completo abaixo (o áudio está aqui):
"No momento estou apenas tentando formular pensamentos. É muito cedo. Eu estou furioso (Nota do Editor: a expressão utilizada foi sick to my stomach). Basicamente não porque os republicanos ganharam ou qualquer outra coisa, mas por causa do tom nojento e de todos os comentários que foram xenófobos, homofóbicos, racistas e misóginos. Eu moro neste país onde metade das pessoas ignorou tudo isso para eleger alguém. Esta é a parte mais assustadora de todas para mim. Não tem nada a ver com o meio ambiente, o Obamacare (Nota do Editor: programa de saúde criado pelo atual presidente Barack Obama), e todas as outras coisas. Nós vivemos em um país que ignorou todos aqueles valores que deveríamos estimular os nossos filhos. Eles estariam de castigo por anos se agissem e dissessem as coisas que foram ditas nessa campanha por Donald Trump.
Eu olho para os evangélicos e me pergunto: esses valores não significam nada para eles? Todos esses valores para mim são mais importantes para mim do que a habilidade de alguém no mundo dos negócios ou qualquer outra coisa, porque eles (os valores) dizem quem somos, como queremos viver e que tipo de pessoas somos. É por isso que tenho grande respeito por pessoas como Lindsey Graham e John McCain, John Kasich, e eu discordo de muitas coisas políticas deles, mas elas têm bastante respeito pela humanidade e tolerância com todos os grupos.
Isso é o que me preocupa. Eu entendo, é claro que queremos ter sucesso, todos nós vamos dizer isso. Todos querem ser bem sucedidos, é o nosso país, não queremos que ele vá pelo ralo. Qualquer pessoa razoável chegaria a essa conclusão, mas isso não tira o fato de que ele (Donald Trump) usou esse medo de mentiras. É só ouvir todos os comentários, desde o primeiro dia, como aquela tentativa de fazer Barack Obama, nosso primeiro presidente negro, ilegítimo. Isso me deixa perguntando onde eu tenho vivido. E mais: com quem estou vivendo.
Agora vemos que ele já está voltando atrás sobre temas como imigração e Obamacare, entre outras coisas. Por isso ele foi uma grande mentira, o que te faz pensar que é ainda mais nojento e cínico que alguém usaria estes argumentos para obter a base que disparou para ser eleito. E os que estão perdidos neste momento? Afro-americanos, hispânicos, mulheres e a população gay, para não mencionar o estágio de desenvolvimento da oitava série exibido por ele quando ele se divertiu com a pessoa com deficiência. Eu quero dizer, vamos lá. Isto é o que uma criança da sétima série, da oitavo faz de bullyng com seus colegas de classe. E ele foi eleito presidente dos Estados Unidos. Nós teríamos repreendido nossos filhos, teríamos tido discussões até que ficássemos azuis na cara tentando fazer com que eles compreendessem essas coisas. E Trump agora está no comando do nosso país. É repugnante.
(Um repórter interrompe)
Não terminei. Nós não inventamos isso. Ele está bravo porque jornalistas relataram o que ele disse e como agiu. Isso é irônico para mim, não faz sentido. Isso é o que me dá tanto medo e me faz sentir mal. Pelo que o país está disposto a ser intolerante e não entender a empatia que é necessária para entender situações de outros grupos. Eu sou um cara branco e rico, e eu estou doente pensando na nossa situação de agora.
Eu não posso imaginar como é ser um muçulmano (vivendo nos EUA) agora, ou uma mulher, ou um afro-americano, um hispânico, uma pessoa com deficiência. Quão sem voz, quão fora de contexto eles devem ser sentir. E eu sei que tem gente nestes grupos que votou em Donald Trump. Isso vai além da minha compreensão. Como eles ignoram tudo isso? Minha conclusão final é, o meu grande medo é… nós somos Roma".
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