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Bala na Cesta

Seleção mostra ótimo nível na vitória contra a Austrália em amistoso

Fábio Balassiano

29/07/2016 07h00

brasilFoi um primeiro teste (os contra a Romênia não contam, né…). E foi uma ótima primeira, digamos, vista. A seleção brasileira masculina de basquete jogou ontem em Mogi das Cruzes (ginásio NÃO lotou, algo inacreditável para uma cidade que ama basquete – e isso fala muito sobre a falta de gestão/noção das coisas por parte da Confederação) contra a Austrália, fez incontestáveis 96-67 diante de um rival que estará na Olimpíada (provavelmente passando de fase no outro grupo inclusive….) e mostrou inúmeras qualidades. Vamos lá:

brasil11) Nenê. Temos que começar por ele. O (agora) pivô do Houston Rockets teve 10 pontos, 6 rebotes e 2 assistências em 21 minutos. Impressionou mais pela ótima forma física do que pelos números, na verdade. Sofrendo a temporada da NBA inteira com a fascite plantar, tinha curiosidade em ver como ele estava em termos físicos e de mobilidade. Se o que vimos ontem é só um aperitivo, o prato principal nas Olimpíadas tende a ser bem interessante. Nenê engoliu os seus rivais no garrafão, passou muitíssimo bem a bola, protegeu bem o aro (deu dois tocos) e forçou dobras na marcação australiana que geraram trocas interessantes de passe do ataque brasileiro. Sem Anderson Varejão e Tiago Splitter, torna-se o principal nome brasileiro no garrafão olímpico e tem tudo para desempenhar ótimo papel no Rio-2016. Foi interessante, também, vê-lo sendo aplaudido depois de tudo o que ele passou por aqui nos últimos tempos (vaias, críticas e julgamentos…).

brasil22) Outro que foi muito bem individualmente foi Raulzinho. O armador do Utah Jazz, cada vez mais forte e veloz, saiu-se com 17 pontos (6/7 nos arremessos), foi o cestinha da partida e ainda deu três assistências. Isso em 18 minutos. Se esperávamos que ele estivesse bem mesmo para dividir minutos com Huertas (que também teve sólida atuação com 9 pontos e 7 assistências em 18 minutos), é isso mesmo que Rubén Magnano terá em mãos nas Olimpíadas – dois armadores de altíssimo nível para conduzir a equipe. Na posição 1, e com a opção ainda de Rafael Luz para mudar o ritmo, o país está muito bem servido.

brasil53) Falei individualmente de dois atletas, mas vale destacar o lado coletivo do Brasil. Foram 20 assistências em 33 arremessos convertidos, uma prova incrível de que a bola rodou como deve ser. Isso, aliás, é uma qualidade de Magnano como técnico (e ele, como treinador, ali na quadra, tem inúmeras mesmo): seus times invariavelmente passam e espaçam muito bem a quadra. É assim desde a Argentina de 2002, na primeira geração daquele timaço, e desde 2009, quando assumiu a seleção brasileira. Houve apenas um tiro de fora um pouco acelerado (Vitor Benite em contra-ataque), mas de resto os 27 chutes do perímetro não chocam tanto (nem mesmo porque foram "apenas" 35 de dois pontos). O Brasil arremessou assim porque, desesperada com Nenê e Augusto Lima a Austrália fechou loucamente o seu garrafão. Em dois períodos (o segundo e o quarto), a margem foi de 55-25, com a seleção acertando 70% dos arremessos.

brasil34) Outro ponto interessante. A defesa mais uma vez foi intensa até dizer chega, fez ótimas rotações e forçou (15) erros da Austrália. Não só isso. Conseguiu converter os desperdícios australianos em pontos. Muitos pontos. Foram 29 através dos erros dos rivais. Ou seja, o recado ficou claro: se errar contra o Brasil pode ser "punido" com muitos pontos. Matthew Dellavedova foi o que mais sofreu com isso ao soltar quatro bolas (7 pontos foram gerados assim…). Este é um ótimo recado, aliás. Controlar a bola é fundamental sempre em um jogo de basquete. Em nível internacional, mais ainda. Contra um adversário que consegue forçar erros e ainda matar pontos logo na sequência, fatal. O recado da seleção de Magnano neste sentido é bem interessante.

brasil7É óbvio que muitas coisas ainda precisam ser acertadas (o Brasil pode forçar ainda mais o jogo interno, por exemplo), mas o que se viu ontem no primeiro real teste da seleção brasileira (e nem falei tanto assim da intensidade ofensiva/defensiva e dos picks envolvendo Huertas e Augusto Lima que podem ser decisivos na Olimpíada) foi bem animador.

Neste fim de semana o Brasil joga o Super4 em Mogi contra a China às 14h15 de sábado (Sportv). Quem vencer pega o ganhador de Austrália e Lituânia, que se enfrentam antes (meio-dia). Vencedores medem forças no domingo pelo título e perdedores, pelo bronze. Serão bons testes para Rubén Magnano e seus atletas antes da Olimpíada. Na primeira análise, o que se viu ontem foi realmente muito bom. Que assim o time masculino continue.

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