Marcelinho supera tristeza da não convocação com novo título no Flamengo
Na sexta-feira, Marcelinho Machado teve uma frustração grande: seu nome não constou da lista do técnico Rubén Magnano para a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro. Menos de 24h depois, no jogo 5 da final do NBB entre o seu Flamengo e Bauru, ele foi chamado para entrar antes do normal. Acostumado a jogar a partir dos finais dos primeiros períodos, o ala de 41 anos recebeu um sinal do técnico José Neto para substituir a Rafael Luz antes dos cinco minutos da partida de sábado contra Bauru na Arena Carioca 2. Como o armador titular do Flamengo havia cometido duas faltas muito rapidamente o capitão rubro-negro foi acionado. E não decepcionou.
Maior ídolo da história do basquete do Flamengo, Marcelinho saiu do banco, fez 26 pontos, terminou a decisão como cestinha e colocou mais uma vez o seu nome na história. Foi o seu sétimo título nacional de basquete (seis pelo Flamengo; um pelo Rio de Janeiro/Telemar). Certamente um dos mais marcantes para ele. Falei com o camisa 4 após a partida.
BALA NA CESTA: Você foi bem no primeiro tempo (8 pontos), mas no segundo você começou a matar uma bola atrás da outra. O que passou pela sua cabeça naqueles últimos vinte minutos do jogo? Dá pra pensar em alguma coisa durante o jogo?
MARCELINHO MACHADO: Ah dá, dá sim. Até por ser um momento tão importante você pensa muito. Engraçado, vou te dizer, durante a partida de hoje (sábado) eu tive uns pensamentos mais profundos do que aqueles que eu tenho normalmente. Até na hora que eu entrei no jogo eu pensei: "Caramba, tudo está conspirando a meu favor". Estava preparado pra jogar, mas normalmente eu entro no final dos primeiros períodos. Como o Luz cometeu duas faltas rápido, entrei no jogo e consegui ir aquecendo aos poucos. A hora que a bola começou a cair acho que o time foi muito inteligente ao me procurar também. E é o que eu faço, né? Saio do bloqueio pra chutar. Se tiver espaço, vou chutar. Com 41 anos, com qualquer idade.
BNC: Mas quais eram os pensamentos profundos que você cita?
MARCELINHO: Olha, de ser um privilegiado mesmo. De estar em um momento como este mesmo aos 41 anos de idade. De conseguir estar apto a jogar uma final em bom nível diante de tantos torcedores que gostam de mim. Antes dos jogos eu sempre penso muito, visualizo os cenários, imagino algumas situações de jogo e como poderei lidar com isso. Imaginei, neste sábado, exatamente o que aconteceu. Fico muito feliz de ter ajudado o Flamengo a vencer mais uma vez.
BNC: Marcelinho, nas últimas 24horas aconteceram muitas coisas. A convocação olímpica saiu, você não estava na lista do técnico Rubén Magnano e menos de um dia depois tinha o jogo 5 da final do NBB aqui na Arena Carioca 2 – também olímpica. Como foram estas 24 horas entre a convocação do Magnano e esta decisão?
MARCELINHO: Eu não vou dizer que não vivi a expectativa da convocação. Porque eu vivi, sim. Eu sabia que poderia ou não ser chamado. Estava 50-50, como se diz. E quando meu nome não veio você tem uma reação a isso. Mas volto a dizer: a minha confiança no Rubén Magnano é tão grande que eu sabia que qualquer que fosse a decisão dele, na cabeça dele, a opção dele seria a melhor para a seleção brasileira. Pude ficar tranquilo em relação a isso para relaxar e me preparar para este jogo. Não é uma partida comum a que fizemos hoje. É um dia, um momento que decide um ano todo de trabalho. E eu me preparei pra isso. Não podia deixar qualquer coisa que fosse alheia ao jogo me influenciar.
BNC: Você já havia comprado ingresso pra assistir às Olimpíadas?
MARCELINHO: (risos) Olha, pra ser sincero, não. Eu esperava, sim, ser convocado, mas agora eu vou correr atrás porque quero apoiar a minha seleção.
BNC: É duro perguntar isso logo depois de uma conquista tão incrível, mas vamos lá: ainda joga mais um ano?
MARCELINHO: Cara, eu já falei que quero jogar mais um ano. Mas agora não é momento de falar disso, mas sim de curtir. Vou pensar nisso. Preciso descansar um pouco, e daqui a uma ou duas semanas eu terei uma posição em relação a isso.
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