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Bala na Cesta

Final esperada pela NBA começa hoje - Warriors ou Cavs, quem leva o título?

Fábio Balassiano

02/06/2016 05h00

curry1Começa hoje às 22h (ESPN) a final de 2016 que a NBA intimamente desejava. Na reedição da decisão de 2015 chegam neste ano o time do momento, o Golden State Warriors com o seu melhor "garoto-propaganda", Steph Curry, eleito de forma unânime pela primeira vez na história da liga o mais valioso atleta da fase de classificação, e o Cleveland Cavs, de LeBron James, um dos maiores jogadores da história e buscando dar o título para a sua cidade-natal após dois vice-campeonatos (2007 e 2015). Foram, aliás, os dois melhores times de suas conferências na temporada regular que chegam mais uma vez à finalíssima da melhor liga de basquete do planeta.

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lebron1As últimas finais que se repetiram em anos seguidos foram em 1988 e 1989 com Lakers e Pistons (Los Angeles ganhou em 88 e Detroit no ano seguinte), 1997 e 1998 com Bulls x Jazz (dois títulos para Chicago), em 2013 e 2014 com Heat x Spurs (Miami em 2013 e San Antonio em 2014) e 2015 e 2016 com Warriors e Cavs (ano passado deu Golden State). Ao todo são 13 encontros entre finalistas do ano anterior (6-7 para o campeão vigente). Vamos lá a alguns fatores que creio serem importantes para a decisão que começa nesta quinta-feira:

love11) Kevin Love é um dos nomes mais importantes desta série. Ofensiva e defensivamente ele será testado. No ataque, será marcado por Draymond Green, Harrison Barnes ou Andre Iguodala. Em todo playoff não teve nenhum marcador deste nível a vigiá-lo. Grande problema, mas do outro lado da quadra está a maior preocupação para Love. Como ele marcará a Green? Quando o Warriors adotar a sua formação da morte (Curry, Klay, Barnes, Iguodala e Green), ele será mantido na quadra por Tyronn Lue? Se for, ele conseguirá vencer a batalha dos rebotes principalmente contra Green? Contra o Toronto na final do Leste em vários momentos-chave ele foi deixado no banco, algo não tão comum nos tempos de David Blatt mas que Lue não tem tido medo de arriscar. Tristan Thompson é uma máquina de apanhar rebotes e isso pode render a ele minutos extra perto da cesta, mas seu jogo ofensivo ruim pode fazer com que o Golden State tenha muita vantagem quando jogar com seus "baixinhos".

nba102) Não há dúvida que o fator cansaço pesará contra o Warriors nesta final. Não sei quanto e como, mas vai. O núcleo formado por Steph Curry, Klay Thompson e Draymond Green é jovem e terá 72h de descanso entre o último jogo do Oeste e o primeiro desta decisão, mas foi sufocado por um Oklahoma físico até dizer chega. Além do mais, contra o Thunder a rotação com Leandrinho e Shaun Livingston no perímetro teve que ser reduzida devido a Russell Westbrook longe da cesta e graças a insistência de Billy Donovan com os seus pivôs fortíssimos perto dela. Contra o Cleveland, creio que Steve Kerr consiga fazer um trabalho menos traumático (mais de 38 minutos/jogo) em cima de seus principais atletas, rodando mais o elenco como um todo e atuando este cansaço que possa existir, mas o dano ao trio já fora feito. Creio que a juventude do Golden State e a motivação de estar a quatro jogos de fazer história de novo (título com a melhor campanha da história…) pesam mais do que os 17 jogos que a turma de Oakland fez nesta pós-temporada (o Cavs teve 14), mas que o fato do Cavs não ter jogado tanto é um fator importante pra LeBron James, que chega bastante descansado pra essa decisão, isso é.

curry23) Steph Curry é um ser de outro planeta, sabemos. Tenho curiosidade em saber como o Tyronn Lue marcará o MVP. O australiano Dellavedova (foto) é um dos mais indicados para isso, mas tirar Kyrie Irving de quadra não é uma boa opção. Talvez colocar LeBron James em cima do camisa 30 seja uma ótima ideia. Outra seria JR Smith, mais alto e mais forte, para vigiar o magriça seja uma alternativa, mas o problema é que JR está longe de ser um defensor confiável. Do outro lado, é bem provável que Curry não marque Irving para não se cansar tanto (Klay Thompson deve ir a caça do armador do Cavs). O problema pro Warriors é que Curry marcaria JR Smith, alguém mais alto e com arremesso bem melhor que Andre Roberson, do Thunder, por exemplo.

4) O Warriors perdeu 9 jogos na temporada regular. No playoff, 5 até agora (uma para Portland, outra para Houston e 3 vezes para o Oklahoma). Se for campeão, perderá menos na pós-temporada que na fase regular (chegaria a no máxmio 8). Caso fique com o vice-campeonato (4 partidas perdidas na decisão), igualará o número de reveses no mata-mata e da fase de classificação (9).

lebron65) A verdade da verdade é que em 2015 não foi uma final entre Cleveland e Golden State. Foi um duelo entre um Warriors completo e o que restou de um Cavs que entrou em quadra pros jogos finais sem duas de suas três principais estrelas. Não é tirar o mérito do GSW, nem colocar asterisco algum no caneco de 2015, mas serve, sim, de motivação para LeBron James e companhia o fato de poder mostrar ao mundo que a história do ano passado poderia ter sido diferente caso Kyrie Irving e Kevin Love estivessem em quadra para ajudar a LBJ. Ano passado, o camisa 23 teve a surreal média de 35,8 pontos na decisão, mas jogou 45,8 minutos/jogo e viu seu percentual de arremessos cair para 39% (o pior de sua carreira em uma série de playoff). Não era necessariamente culpa dele, mas sim consequência de estar jogando praticamente sozinho e ter que decidir mesmo marcado por três caras ao mesmo tempo. Ano passado ele passava a bola para Matthew Dellavedova, Tristan Thompson, Timofey Mozgov, JR Smith e Iman Shumpert arremessarem. Este ano, para Kyrie Irving, Kevin Love, JR Smith e Channing Frye. Faz diferença na hora de quicar a bola pra fora do garrafão, né?

irving16) Um dado interessante: em jogadas de pick-and-roll neste playoff, há uma dupla (de defensores) que concede 1,28 ponto por posse de bola (pior índice do mata-mata). Qual é? Kyrie Irving e Kevin Love defendendo este tipo de jogada. Se houve este estrago contra Kyle Lowry + Patrick Patterson, Jeff Teague + Paul Millsap e Reggie Jackson + Tobias Harris, dá pra sentir o tamanho do perigo dos duelos que poderão envolver Steph Curry + Draymond Green/Andre Iguodala contra Irving e Love. O que Lue tem em sua mente para conter este tipo de jogada que certamente será incentivada por Steve Kerr? Usar Tristan Thompson mais no primeiro combate?

lebron107) Há um fator em cima de LeBron James, que chega a sua sexta final seguida, que pouca gente está falando, mas creio ser bem necessário colocarmos na equação. Esta é a sua sétima final da NBA na carreira (jogou em 2007 pelo próprio Cavs também, entre 2011 e 2014 pelo Miami e Cleveland em 2015). Atualmente ele tem 2 títulos e quatro vice-campeonatos. Se vencer, diminui este, digamos, déficit. Se perder, ficaria com 2-5, algo não muito bom. Além do mais, certamente esse barulho todo em cima de Steph Curry não anima a alguém que por tanto tempo recebeu quase todos os holofotes da liga (com toda justiça). O ego desses caras costuma ser imenso, e ver que o foco deixou de ser ele, LeBron, pode fazer com que ele se multiplique ainda mais para mostrar quem ainda é o dono do pedaço. Não vale a pena achar que isso não faz diferença, porque na cabeça de atletas de alto rendimento isso, sim, conta bastante.

lue18) Por fim, temos um personagem em Tyronn Lue. Ele entrou no meio da temporada, todo mundo sabe que ele precisa rezar na cartilha do LeBron, mas ele tem ido muitíssimo bem neste playoff (pouco testado, é verdade, mas indo bem). Fez ajustes ótimos contra o Toronto e poderá se tornar o sexto técnico em atividade com título no currículo (Pop, Carlisle, Kerr, Spoelstra e Rivers). Além disso, ele fez do Cavs apenas o segundo time a chegar em finais seguidas com treinadores diferentes (o Lakers, que em 1969 teve Butch Van Breda Kolff, e em 1970, Joe Mullaney, é o outro caso – o Lakers perdeu as duas finais para Knicks e Boston naquela época aliás). Como ele lidará contra um treinador tão espetacular como Steve Kerr?

No final disso tudo, meu palpite: Cavs 4-2 (sem convicção alguma). E vocês, acham o quê?

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