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Bala na Cesta

No divã, Raptors enfrenta o Miami em casa pra evitar o pior

Fábio Balassiano

05/05/2016 05h00

Após o jogo 1 de terça-feira aconteceu isso aí no Canadá:

É isso mesmo. Kyle Lowry foi TREINAR depois do primeiro jogo da semifinal de conferência. E foi treinar após ter feito isso aqui no final do tempo regulamentar:

Sua bola, aliás, fez muito torcedor que havia saído mais cedo do ginásio voltar correndo pra prorrogação:

lowry1O problema para o Toronto Raptors foi que Kyle Lowry havia, antes de voltar à quadra para treinar e de acertar a bola incrível no fechamento do tempo regulamentar, "construído" isso aqui, ó (veja figura ao lado com a "composição" de seus tiros de quadra): 3/13 nos arremessos, 3 desperdícios de bola e uma condução de jogo horrível para quem havia pouco tempo fora eleito justamente para o All-Star da NBA (nos playoffs 30% nos chutes e 16% nas bolas longas).

wade1Então é isso. O Toronto Raptors, pra alegria do cantor Drake (o homem de 1 bilhão de cliques no YouTube com sua nova canção!), até que levou o jogo 1 pro tempo extra, mas lá o Miami Heat, que contou com 50 pontos de sua dupla de armadores formada por Goran Dragic (cada vez mais agressivo, cada vez mais atacando a cesta) e Dwyane Wade (que cracaço fenomenal!), colocou a concentração em dia, voltou a jogar bem, fechou o jogo em 102-96, abriu 1-0 e colocou inúmeras pulgas atrás da orelha do Raptors, que mais uma vez está "no divã" em uma série de playoff. Não é algo novo para a franquia, que em todas as dez séries de mata-mata em sua história venceu apenas UMA VEZ os Jogos 1 (ou seja, tem 1-9 em Jogos 1 de playoff, algo bizarro).

dragon1Antes de entrar em quadra logo mais (21h, com Sportv3 exibindo) para o segundo jogo da série o Toronto precisa "se entender consigo mesmo". Como pode uma equipe jogar tão bem na temporada regular cair tanto de produção logo de cara no playoff? Há o fator emocional, a pressão, a dificuldade de enfim avançar de fase (feito já alcançado…). Há, sem dúvida, isso tudo. Mexe, não sou maluco de dizer que não, mas beira o inacreditável que um elenco que estava tão seguro de si na fase de classificação pareça um arremedo de time menos de três semanas depois.

raptors2Pode ser exagero, mas a sensação que eu tenho é que todo ataque do Toronto vai terminar em um desperdício de bola, em um passe mal feito, em um arremesso desequilibrado, tamanho é o atropelo que há entre as ações. Aqueles cinco jogadores que faziam um movimento totalmente conectado, seguro, bacana de ser ver, no ataque não está na quadra neste playoff até o momento. E aí, é claro, as bolas caem com mais dificuldade. É muito óbvio isso. Arremessos mal construídos são arremessos marcados, arremessos contestados, arremessos com atletas soltando a bola pressionados.

casey1Sinceramente não sei como resolver isso. Mas é muito óbvio pra mim também que Dwane Casey já deveria ter compreendido o que se passa na cabeça de um elenco que está sendo comandado por ele há cinco temporadas.

Contra o Indiana Pacers, um time que tem uma única grande estrela (Paul George) e um elenco não só limitado mas também longe de ser experiente em playoff, funcionou e o Raptors até que conseguiu dobrar os caras. Contra um Miami que tem Wade, Luol Deng, Joe Johnson, Amare Stoudemire e Udonis Haslem, caras com rodagem imensa em mata-mata e um técnico MUITO bom (Erik Spoelstra) e que já esteve em quatro finais da NBA, não há possibilidade de chegar a uma inédita final de conferência Leste se não jogar um bom basquete. Jogar o bom basquete que o Toronto apresentou na fase de classificação.

heat3Não é, portanto, colocar em prática algo que nunca foi visto por torcedores, imprensa e adversários. Pelo contrário. Não é algo simples, elementar, porque mexe muito mais com a parte mental, psicológica, do que com a tática, mas a receita é: botar na quadra aquilo que vimos em 82 jogos da temporada regular.

Pra sobreviver nesta série e prolongar o duelo por mais tempo, é fundamental que a volta do bom basquete aconteça a partir das 21h desta quinta-feira. Do contrário (sem jogar bem), é muito possível que o confronto nem retorne ao Canadá.

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