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Bala na Cesta

A personalidade de Humberto, armador do Pinheiros que está em fase espetacular

Fábio Balassiano

25/04/2016 13h00

humbertoHumberto foi apresentado "ao mundo do basquete" na Liga das Américas de 2014. Aos 18 anos e na reserva de Joe Smith no Pinheiros, o armador teve participação fundamental no Final Four do Rio de Janeiro (seu time ficou com o vice-campeonato, perdendo a decisão para o Flamengo em um Maracanazinho apinhado) e chamou a atenção de todos. Quem era aquele armador de 1,94m que era ao mesmo tempo rápido, tinha bom chute e ótima postura defensiva? Era Humberto Gomes da Silva, e seus passos seriam vigiados não só por quem acompanha a modalidade por aqui mas também por olheiros da NBA e do restante do mundo.

humberto4Assim como aconteceu com seu companheiro Lucas Dias, que começou bem e deu uma caída, Humberto não foi bem na temporada 2014/2015. Ao contrário do que se esperava, reduziu sua média de minutos (de 9,8 para 6,5 minutos/jogo). Quase foi parar no Flamengo antes de começar o NBB de 2015/2016, mas a negociação não foi concretizada. Na reserva do americano Bennett, contratado pouco antes do certame, pouca gente poderia dizer como, e quais, seriam seus próximos passos – e quão rápida seria a sua evolução.

humberto3Sua média de minutos mais que dobrou na temporada regular do NBB (foi para 20,2 minutos/jogo), mas eu esperava bem mais principalmente porque o Pinheiros não tem mais o elenco estelar que tinha nos últimos anos (ou seja, as chances de aparecer seriam maiores em um clube sem tantas pretensões assim).

Fiquei preocupado quando vi que mesmo com um grupo modesto Humberto, uma das revelações que eu tenho em mais alta conta no basquete brasileiro há anos, não conseguia ser titular e nem dono de números consistentes.

humberto5O playoff veio e tudo mudou. Após perder as duas primeiras partidas contra o Minas o técnico César Guidetti resolveu "dar o carro" para Humberto dirigir. Deslocou Benett para as ala, onde jogaria com Holloway mais solto, e abriu literalmente Lucas Dias (fazendo a posição quatro aberta). Humberto, portanto, teria liberdade para infiltrações e opções de três bons arremessadores de fora. O resultado disso? O Pinheiros virou contra o Minas, e neste domingo foi valente para, mesmo com novo 0-2, bater Bauru fora de casa, diminuindo o déficit para 1-2 e forçando o quarto jogo na quarta-feira em São Paulo.

humberto1E quem foi o principal responsável pela guinada do time de São Paulo? Humberto, não há a menor dúvida disso. Nas três vitórias contra o Minas ele teve 13 pontos e quatro assistências de média. Contra Bauru, 16 pontos e três assistências nestes três duelos. Neste domingo, aliás, foi uma exibição de gala com 27 pontos, 3 assistências e 5 rebotes. Além das estatísticas, chamam a atenção a sua intensidade, a sua defesa bastante agressiva, a sua liderança e a sua personalidade para tomar decisões pouco comuns para jogadores de 21 anos.

humberto2Do começo animador em 2014 a uma temporada de 2015/2016 não tão boa assim, ele certamente amadureceu, passou a compreender melhor como as coisas funcionam e tem mostrado em quadra as qualidades que quem viu aquele jogo no Maracanazinho dois anos atrás se encantou. Basquete, sem dúvida alguma, ele tem. Agora é preciso um pouco mais de consistência, tempo de quadra e evolução em alguns pontos (sua bola de três pode ter percentual de conversão maior – 33% no NBB atual).

O mais bacana de tudo é a recuperação de Humberto dentro da própria competição, dando a sua carreira uma nova perspectiva para os próximos anos. Que ele siga se desenvolvendo, pois seu potencial atlético e sua técnica são imensos.

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