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Bala na Cesta

Barbosa cumpre promessa, e seleção será 'cascuda' na Olimpíada

Fábio Balassiano

18/04/2016 13h00

adri2Saiu na última sexta-feira a convocação olímpica do técnico Antônio Carlos Barbosa para a seleção brasileira feminina.

Com 15 atletas e média de idade de 30,2 anos, vieram todos os nomes esperados, inclusive o da armadora Adrianinha, que anunciou duas vezes a sua despedida do time nacional mas que está de volta para, aparentemente, encerrar a sua carreira na equipe nacional no Rio de Janeiro.

trio1Aqui já cabe a primeira explicação. Barbosa convocou as meninas para o Sul-Americano, mas chamo de lista olímpica porque de alteração mesmo só haverá a entrada (já certa) das três atletas que estão na WNBA (Damiris, Erika e Clarissa) e que se apresentam perto dos Jogos Olímpicos (as duas ultimas, como ele antecipou ao blog, com uma semana antes da regra da liga norte-americana).

nadia1Temos, então, 9 vagas em disputa para as 15 meninas que treinarão a partir de maio com a comissão técnica em Campinas, São Paulo. As pivôs (Êga, Gil, Kelly, Karina e Nadia – na foto) são as que correm mais risco de não ficarem, pois as 3 da WNBA jogam no garrafão. Vale dizer, desde já, que o Sul-Americano será o único torneio oficial de Barbosa com a seleção em seu retorno a equipe nacional. Convocar um grupo para esta competição e outro para a Olimpíada não faria sentido algum.

barbosa20Em segundo lugar, vocês sabem que desde sempre defendo uma renovação na seleção brasileira feminina. Defendo, mas em uma Olimpíada (em casa e com a situação deplorável do basquete feminino) não é o momento para experiências. A renovação pedida por mim deveria ter COMEÇADO em 2012, pós-Londres, e culminado no Rio de Janeiro quatro anos depois com atletas já tendo passado por Mundial, Pan-Americano, clínicas, treinos específicos, tempo de quadra no clube e muito mais.

barbosa3O Rio-2016 seria, portanto, o ponto final de um processo de amadurecimento e fortalecimento dessas jovens que teria iniciado quatro anos atrás. Como isso não aconteceu devido ao péssimo trabalho da Confederação e também graças à teimosia dos clubes, que insistem em dar espaço às veteranas, pouquíssimas jovens de até 23/24 anos estão aptas a disputar uma Olimpíada no Rio em um momento tão crítico da modalidade.

Em terceiro lugar há uma palavrinha mágica chamada "sustentabilidade". Sustentabilidade do negócio chamado basquete feminino. Vivemos um momento péssimo no basquete feminino (momento, diga-se, de mais de uma década). Clubes brigando com CBB, CBB andando pra modalidade e nenhuma nova ideia surgindo. Chegar lá embaixo em uma Olimpíada em casa poderia ser a pá de cal em um esporte que morre lentamente há anos. Isso, aliás, não deve ser tirado do contexto.

barbosa1E Barbosa não é doido ao ponto de achar que pode dar provavelmente a sua última grande tacada com a seleção feminina com um grupo verde, cru, sem rodagem. O veterano treinador tem um currículo de conquistas, não quer manchá-lo (disse isso aqui no blog) e confia plenamente que pode colocar o Brasil entre os melhores com as atletas disponíveis (as mais experientes). O pessoal da CBB o trouxe de volta já sabendo disso – e provavelmente esperando isso também. Pedir a convocação de meninas de 17/18 anos que mal conhecem o jogo adulto é não só ingênuo como não coloca o momento (citado acima) na equação.

barbosa8Colocando tudo dentro do processador (técnico que confia ser possível ir longe com um grupo rodado, má fase da modalidade e meninas jovens sem força alguma para liderar uma equipe em uma Olimpíada em casa) entende-se a convocação e encontramos coerência nela. Existe obviamente essa chance (de ir muito mal) com as veteranas que lá estarão, embora o técnico Antonio Carlos Barbosa esteja pra lá de otimista, mas o risco disso acontecer é naturalmente menor do que em se apostando em um grupo de média de idade de 20, 21 anos.

Pode-se discutir o momento (eu esperaria acabar a LBF para não gerar frustração em quem ainda está atuando e acabou ficando fora da lista), um nome ou outro (eu levaria Izabella Sangalli, titular e em boa fase em Americana), mas no fundo, no fundo, o veterano treinador, cujo objetivo é chegar a uma (até agora) surpreendente medalha, não tinha muito pra onde correr.

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