Um dos últimos 'românticos da armação', Fúlvio avalia mudança do jogo
Fúlvio é um dos últimos românticos da armação no basquete brasileiro. Em uma posição cada vez mais preenchida por garotos novos, físicos e que pontuam com facilidade, o jogador de 34 anos, presente no Jogo das Estrelas de Mogi no último fim de semana e com média de 5+ assistências em todos os seis NBB's que disputou falou com o blog sobre as mudanças recentes no jogo, como ele ainda consegue se manter focado na principal (em sua opinião) função de um armador e de dois de seus pupilos – Ricardo Fischer, que jogou com ele em São José, e Deryk Ramos, que atua com ele atualmente em Brasília. Confira o papo!
BALA NA CESTA: Entrevistei recentemente o Ricardo Fischer e neste fim de semana o Deryk Ramos. Os dois jogaram com você (Fischer em São José e Deryk agora em Brasília) e todos falaram muito sobre a forma como você transmite conhecimento a eles. O que está acontecendo na posição de armador na sua posição?
FULVIO: Estamos vivendo uma grande transição no basquete, não só na minha posição. Essa transformação é física, muito física, então ela faz com que o armador hoje tenha se transformado também em um grande pontuador. Tenho minha opinião que o atleta nunca pode perder a agressividade, e o jogo tem mostrado isso a todo momento. Você mesmo cita o Russell Westbrook algumas vezes, e ele é um exemplo disso. Mas eu ainda acho que o principal objetivo do armador é passar a bola e liderar o time. Essa é a nossa função principal, digamos assim. É isso que tento passar para os armadores mais novos que jogaram ou jogam comigo.
BNC: Você consegue ver como esses meninos crescem quando jogam com você?
FULVIO: O Fischer (foto) me lembra muito do que eu era mais jovem. A diferença é a maturidade dele aos 24 anos. Algo que eu não tinha. O Deryk tem evoluído a cada jogo, e estar no Jogo das Estrelas é uma prova disso. É um menino que escuta muito, quer aprender. Tem uma coisa. Eu não sou egoísta, nem um pouco egoísta. Então todo conhecimento que você tem, é fundamental que se compartilhe. Você não pode guardar pra você, porque senão ninguém cresce. De que adianta você saber e não passar adianta? Os outros nunca terão o conhecimento, eu também não vou melhorar. Então preciso que esses garotos aprendam, para que eu também evolua. É uma troca, na verdade. Eles dizem que aprendem muito comigo, mas é fato que eu também aprendo demais quando estou com eles. Fico feliz desses meninos falarem bem de mim, podendo fazer parte do crescimento da vida e das carreiras deles. Sempre que eu puder ajudar eu o farei.
BNC: Você falou da evolução da posição, que hoje em dia tem muita gente pontuando mais. É muito difícil diferenciar o momento do passe do de pontuação?
FULVIO: Falta um pouco, na verdade. Ainda temos muito a crescer nesta área, pra ser sincero. Mas vejo alguns atletas, como o Ricardo Fischer, como o Deryk, eles têm maturidade para isso. Vejo um futuro brilhante neles porque eles sabem fazer de tudo em uma quadra de basquete – pontuar, passar, jogar coletivamente, leitura de jogo etc. . Falo muito em linguagem corporal pra eles. É algo que uso muito. Eu não sou um cara extremamente físico, mas é usando isso que consigo enganar o adversário para poder passar melhor a bola e encontrar o companheiro do meu time. Isso é importante. Pegar o adversário desprevenido é algo difícil também. Por mais físico que esteja o basquete hoje em dia, e está mesmo, principalmente no nível internacional, é fundamental trabalhar também essa parte da linguagem corporal, porque capacidade técnica eles têm de sobra.
BNC: Pra fechar: com quem você aprendeu? Quem te inspirou?
FULVIO: Eu via muito o Steve Nash jogar, mas comecei mesmo com fitas do Isiah Thomas, do Detroit Pistons. Era um outro tipo de armador, diferente do Nash, mas ambos craques de bola e que me inspiraram muito. Tenho estes ídolos, e tenho que agradecer muito aos meus técnicos por terem me dado carta branca para tentar, para arriscar. E você só acerta porque tem coragem, não tem jeito. Sem coragem você não arrisca, você não sabe se a bola vai entrar. Eu cometi muitos erros para ter meus acertos. Na vida é assim, né? Coragem é importante, e a carta-branca dos meus técnicos, que sempre me incentivaram a dar passes, independente da dificuldade deles (passes), foi essencial para eu me tornar o armador que sou hoje.
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