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Bala na Cesta

Saldo do Jogo das Estrelas do NBB é positivo - veja acertos e erros

Fábio Balassiano

20/03/2016 15h24

nbb6Terminou a edição de 2016 do Jogo das Estrelas do NBB. E terminou com saldo extremamente positivo. Houve erros (detalharei mais abaixo), mas certamente muito mais acertos por parte da Liga Nacional de Basquete, que organizou o seu maior evento anual muitíssimo bem no ótimo ginásio Hugo Ramos em Mogi das Cruzes, cidade que recebeu a festa pela primeira vez.

nbb10Em quadra, no sábado o NBB Mundo venceu o NBB Brasil por 138-135 com 33 pontos de Shamell. O norte-americano da casa foi eleito o MVP e foi muito aplaudido por sua torcida. No domingo, Rafael Luz (do Flamengo, no Torneio de Habilidades), Duda Machado (do Basquete Cearense, no Torneio de Três Pontos), o garoto Mogi (aos 19 anos, o ala do Paulistano nascido em Mogiguaçu ganhou o Concurso de Enterradas) e o Time Ratto (formado por Ratto, Damiris e JP Batista, no Desafio de Trincas) foram os grandes vencedores. Como ponto positivo dentro das quadras vale destacar, também, a belíssima homenagem feita aos campeões paulistas por Mogi em 1996. Foi realmente bem bonito e a presença de Ron Harper por alguns momentos pelo NBB Mundo.

nbb7A melhor parte da festa, no entanto, ficou do lado de fora das quadras. Pela primeira vez na história a Liga Nacional de Basquete fez um evento recheado de patrocinadores. Patrocinadores que, por sua vez, decidiram fazer ótimas e criativas ativações de marca no lado de fora do ginásio – Sky, Adidas, Caixa e Sportv fizeram ações de marca com os consumidores. A da Adidas, inclusive, fez com que os torcedores entrassem em uma quadra de basquete vestindo uniforme e tênis da marca. A Avianca foi além, com um vídeo pra lá de criativo adaptando as instruções de vôo das aeromoças em uma aeronave para o público do basquete.

nbb2Outro ponto interessante foram as ações sociais feitas pelos atletas durante a semana. Esse envolvimento com a comunidade local é mais do que fundamental para o crescimento do basquete. É ótimo para a construção de ídolos, mas sobretudo para dar um pouco mais de "corpo" a um produto que ainda está construindo o seu posicionamento no mercado. Houve uma bela ação em um Conjunto Habitacional, e espero que este tipo de iniciativa se estenda pelos clubes durante toda temporada. É algo que as agremiações do esporte brasileiro (não só do NBB) poderiam (deveriam?) explorar mais e mais.

nbb20Por fim, ficou muito claro que a Liga Nacional quer conquistar um novo público. E novo é novo mesmo. No sábado, antes do Jogo das Estrelas em si, foi realizado uma partida envolvendo personalidades conhecidas. A maioria formada por jovens que têm nome fortíssimo na internet (os Youtubers, acho que é isso). Não conhecia nenhum deles, mas a culpa não era minha – e o objetivo não era atingir a mim, um cara de 32 anos. O furor causado por alguns deles em jovens de 16 a 24 anos foi imenso, e conectar essa garota com seus ídolos através do basquete foi uma ótima sacada da Liga Nacional e de seus patrocinadores. Há muito mimimi por parte da imprensa a respeito deste tipo de embate, mas se a LNB queria "falar" com a molecada, ela conseguiu fortemente. As redes sociais do NBB acompanharam o ritmo com o bom trabalho de sempre, abastecendo Instagram, Snapchat, Twitter e Facebook com fotos e vídeos a todo instante.

nbb4Se isso funcionou, vale a pena a Liga Nacional de Basquete ficar atenta aos pontos de melhoria visando as próximas temporadas. O ginásio não encheu no sábado (ficou quase lotado, mas não TOTALMENTE lotado) e o público de domingo foi muito ruim (calculo entre 1.500 e 2.000 pessoas). Conversei com moradores da cidade e o problema apontado (por eles) foi o de promoção do evento. Não sei exatamente como medir isso, mas evidentemente algo precisa ser melhor planejado (talvez a inversão da ordem, com o Jogo em si no sábado e os eventos no domingo, pode ter influenciado também). Ter um ginásio vazio assim é muito ruim – para a Liga, para os patrocinadores (alguns recém-chegados), para a NBA e para quem assistiu de casa da televisão.

nbb3Outro ponto importante diz respeito à organização dos eventos de domingo. Havia uma confusão imensa sobre formatos (inclusive no guia do Jogo das Estrelas há um erro no torneio de habilidades – dizia que apenas os dois primeiros fariam a final, mas foram os quatro melhores da primeira fase), e o público que foi ao ginásio não entendia nada do que estava acontecendo no Hugo Ramos. Não custava que o animador explicasse à galera sobre regulamentos e processos dos eventos.

Além disso, aparentemente aconteceu uma mudança na programação (o Concurso de Enterradas veio antes do Torneio de 3 Pontos). Outro ponto importante: a programação começou às 09h58, dois minutos antes do previsto. O motivo? Talvez o espaço de oito minutos mais adiante (entre 10h09 e 10h17) para entrar ao vivo na TV Globo explique. Só que tinha público dentro do ginásio, e um intervalo imenso desses é muito ruim.

nbb5Os pontos de melhoria quase todos acabam culminando em uma singela confusão que há no Brasil: sobre fazer o evento quase que exclusivamente para a televisão. Ninguém aqui é imbecil de achar que uma emissora do tamanho da TV Globo não é importante (é, e muito), mas é preciso chegar ao meio termo entre o que é bom para quem está de casa (número maior, claro) e o público já fidelizado que está no ginásio. Há outro ponto importante: o ideal, sempre, é que o evento seja da Liga Nacional, e meios de comunicação (seja ele qual for) apenas cubra o evento – e não se apodere dele como se fosse seu. Na NBA, parceira da LNB aliás, os jogos são exibidos de acordo com as regras da melhor liga do planeta – e não de acordo com o que será melhor para a emissora que detém os direitos daquele evento. Creio ser um ponto importante de reflexão, delimitando espaços e fazendo com que o público que vai ao ginásio (e são poucos) não se sinta quase que como um acessório daquilo que as pessoas estão vendo de casa.

nbb25A análise pode ser dura, mas certamente a turma da Liga Nacional não quer ninguém dourando a pílula, batidas nas costas dizendo que foi tudo ótimo. O saldo, repito, foi muito bom, mas é preciso ajustar alguns pontos para que as próximas edições do Jogo das Estrelas sejam ainda melhores. Não tenho dúvida que esforço por parte da LNB não faltará. O teto do ginásio Hugo Ramos em Mogi recheado de banners dos patrocinadores mostra que o caminho está sendo trilhado de forma satisfatória.

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