Saldo do Jogo das Estrelas do NBB é positivo - veja acertos e erros
Terminou a edição de 2016 do Jogo das Estrelas do NBB. E terminou com saldo extremamente positivo. Houve erros (detalharei mais abaixo), mas certamente muito mais acertos por parte da Liga Nacional de Basquete, que organizou o seu maior evento anual muitíssimo bem no ótimo ginásio Hugo Ramos em Mogi das Cruzes, cidade que recebeu a festa pela primeira vez.
Em quadra, no sábado o NBB Mundo venceu o NBB Brasil por 138-135 com 33 pontos de Shamell. O norte-americano da casa foi eleito o MVP e foi muito aplaudido por sua torcida. No domingo, Rafael Luz (do Flamengo, no Torneio de Habilidades), Duda Machado (do Basquete Cearense, no Torneio de Três Pontos), o garoto Mogi (aos 19 anos, o ala do Paulistano nascido em Mogiguaçu ganhou o Concurso de Enterradas) e o Time Ratto (formado por Ratto, Damiris e JP Batista, no Desafio de Trincas) foram os grandes vencedores. Como ponto positivo dentro das quadras vale destacar, também, a belíssima homenagem feita aos campeões paulistas por Mogi em 1996. Foi realmente bem bonito e a presença de Ron Harper por alguns momentos pelo NBB Mundo.
A melhor parte da festa, no entanto, ficou do lado de fora das quadras. Pela primeira vez na história a Liga Nacional de Basquete fez um evento recheado de patrocinadores. Patrocinadores que, por sua vez, decidiram fazer ótimas e criativas ativações de marca no lado de fora do ginásio – Sky, Adidas, Caixa e Sportv fizeram ações de marca com os consumidores. A da Adidas, inclusive, fez com que os torcedores entrassem em uma quadra de basquete vestindo uniforme e tênis da marca. A Avianca foi além, com um vídeo pra lá de criativo adaptando as instruções de vôo das aeromoças em uma aeronave para o público do basquete.
Outro ponto interessante foram as ações sociais feitas pelos atletas durante a semana. Esse envolvimento com a comunidade local é mais do que fundamental para o crescimento do basquete. É ótimo para a construção de ídolos, mas sobretudo para dar um pouco mais de "corpo" a um produto que ainda está construindo o seu posicionamento no mercado. Houve uma bela ação em um Conjunto Habitacional, e espero que este tipo de iniciativa se estenda pelos clubes durante toda temporada. É algo que as agremiações do esporte brasileiro (não só do NBB) poderiam (deveriam?) explorar mais e mais.
Por fim, ficou muito claro que a Liga Nacional quer conquistar um novo público. E novo é novo mesmo. No sábado, antes do Jogo das Estrelas em si, foi realizado uma partida envolvendo personalidades conhecidas. A maioria formada por jovens que têm nome fortíssimo na internet (os Youtubers, acho que é isso). Não conhecia nenhum deles, mas a culpa não era minha – e o objetivo não era atingir a mim, um cara de 32 anos. O furor causado por alguns deles em jovens de 16 a 24 anos foi imenso, e conectar essa garota com seus ídolos através do basquete foi uma ótima sacada da Liga Nacional e de seus patrocinadores. Há muito mimimi por parte da imprensa a respeito deste tipo de embate, mas se a LNB queria "falar" com a molecada, ela conseguiu fortemente. As redes sociais do NBB acompanharam o ritmo com o bom trabalho de sempre, abastecendo Instagram, Snapchat, Twitter e Facebook com fotos e vídeos a todo instante.
Se isso funcionou, vale a pena a Liga Nacional de Basquete ficar atenta aos pontos de melhoria visando as próximas temporadas. O ginásio não encheu no sábado (ficou quase lotado, mas não TOTALMENTE lotado) e o público de domingo foi muito ruim (calculo entre 1.500 e 2.000 pessoas). Conversei com moradores da cidade e o problema apontado (por eles) foi o de promoção do evento. Não sei exatamente como medir isso, mas evidentemente algo precisa ser melhor planejado (talvez a inversão da ordem, com o Jogo em si no sábado e os eventos no domingo, pode ter influenciado também). Ter um ginásio vazio assim é muito ruim – para a Liga, para os patrocinadores (alguns recém-chegados), para a NBA e para quem assistiu de casa da televisão.
Outro ponto importante diz respeito à organização dos eventos de domingo. Havia uma confusão imensa sobre formatos (inclusive no guia do Jogo das Estrelas há um erro no torneio de habilidades – dizia que apenas os dois primeiros fariam a final, mas foram os quatro melhores da primeira fase), e o público que foi ao ginásio não entendia nada do que estava acontecendo no Hugo Ramos. Não custava que o animador explicasse à galera sobre regulamentos e processos dos eventos.
Além disso, aparentemente aconteceu uma mudança na programação (o Concurso de Enterradas veio antes do Torneio de 3 Pontos). Outro ponto importante: a programação começou às 09h58, dois minutos antes do previsto. O motivo? Talvez o espaço de oito minutos mais adiante (entre 10h09 e 10h17) para entrar ao vivo na TV Globo explique. Só que tinha público dentro do ginásio, e um intervalo imenso desses é muito ruim.
Os pontos de melhoria quase todos acabam culminando em uma singela confusão que há no Brasil: sobre fazer o evento quase que exclusivamente para a televisão. Ninguém aqui é imbecil de achar que uma emissora do tamanho da TV Globo não é importante (é, e muito), mas é preciso chegar ao meio termo entre o que é bom para quem está de casa (número maior, claro) e o público já fidelizado que está no ginásio. Há outro ponto importante: o ideal, sempre, é que o evento seja da Liga Nacional, e meios de comunicação (seja ele qual for) apenas cubra o evento – e não se apodere dele como se fosse seu. Na NBA, parceira da LNB aliás, os jogos são exibidos de acordo com as regras da melhor liga do planeta – e não de acordo com o que será melhor para a emissora que detém os direitos daquele evento. Creio ser um ponto importante de reflexão, delimitando espaços e fazendo com que o público que vai ao ginásio (e são poucos) não se sinta quase que como um acessório daquilo que as pessoas estão vendo de casa.
A análise pode ser dura, mas certamente a turma da Liga Nacional não quer ninguém dourando a pílula, batidas nas costas dizendo que foi tudo ótimo. O saldo, repito, foi muito bom, mas é preciso ajustar alguns pontos para que as próximas edições do Jogo das Estrelas sejam ainda melhores. Não tenho dúvida que esforço por parte da LNB não faltará. O teto do ginásio Hugo Ramos em Mogi recheado de banners dos patrocinadores mostra que o caminho está sendo trilhado de forma satisfatória.
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